sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

[Grécia] Segunda sessão do julgamento dos 4 de Salónica

Segunda, 17 de Janeiro de 2011, Tribunal de Salónica

Este dia seria passado a inquirir mais testemunhas de acusação da polícia, incluindo alguns agentes que estiveram envolvidos na detenção de Simon Chapman, e outros que prenderam outros manifestantes (não os 4 de Salónica).

Os primeiros cinco polícias não disseram nada sobre o caso em julgamento - todos eles prenderam outras pessoas (não os acusados actuais) na manifestação de 21 de Junho. Todos eles foram inquiridos sobre qual o procedimento normal para levar uma pessoa detida na rua para uma esquadra a fim de ser interrogada, e o que seria feito com qualquer coisa encontrada na sua posse.

Em cada caso, a ideia foi que seria possível que o agente que fez a detenção levasse o detido e qualquer item encontrado na sua posse para um carro da polícia e depois para uma esquadra, onde o agente daria o seu primeiro testemunho e preencheria um relatório das possessões do detido.

Nalguns casos em que o agente não pode levar a pessoa à esquadra, entrega o detido e as suas posses a uma equipa de detenção que o levarão. O agente dá o seu testemunho e preenche os relatórios posteriormente.

A sexta testemunha da polícia teve um papel um pouco diferente, ele estava a guardar a equipa de pré-interrogação. No entanto, ele testemunhou que as listas com os nomes dos detidos, das suas posses e dos polícias que fizeram as detenções foram feitas. Etiquetas foram improvisadas e colocadas nas várias mochilas que iam sendo entregues, as quais foram guardadas em local seguro. Os agentes que fizeram as detenções não estiveram sempre presentes, mas os seus nomes foram registados.

A testemunha seguinte foi mais desafiadora. Ele fazia parte de um pelotão da polícia de intervenção de Atenas que deteve Simon Chapman. Ele testemunhou com certeza absoluta, como ele disse, (tal como todos os membros do pelotão que o deteve) que o Simon atirou um cocktail molotov ao seu grupo e que depois se virou para fugir mas de alguma maneira escorregou e caiu de costas partindo assim os molotovs que tinha na sua mochila azul.

Simon é acusado de segurar uma mochila preta - contendo sete molotovs e dois martelos - na sua mão esquerda, mas quando caiu e se magoou conseguiu de alguma maneira não partir nada do que vinha nessa mochila. Como ficou coberto em gasolina das garrafas partidas na mochila azul, a polícia achou demasiado perigoso leva-lo consigo. Foi-lhes ordenado que se movessem para outra posição em Salónica e levaram Simon com eles durante pelo menos duas horas mais de confrontos com os manifestantes, pois não havia maneira de o levar para um carro da polícia para o transferirem para uma esquadra com o fim de ser interrogado.

Este polícia tinha a certeza que Simon não foi agredido nem por ele nem por nenhum dos seus colegas: o sangue deve ter vindo de feridas causadas pela queda, ou talvez por uma pedra mandada por outro manifestante, ou talvez tivesse batido com a cara quando caiu de costas. O advogado de defesa, Christos Bakelas, disse que esta informação não apareceu no relatório das testemunhas até ele próprio e os agentes que fizeram a detenção verem as cassetes comprometedoras em Novembro de 2003.

A testemunha da polícia disse que retirou várias mochilas e armas encontradas na rua para impedir que fossem usadas por manifestantes num contra-ataque. As testemunhas anteriores (1-5) responderam todas negativamente a esta questão. Todos afirmaram não ter recolhido qualquer arma ou mochila, pois isso era o trabalho de outra equipa da polícia.

Esta testemunha número 7, é o polícia que foi ter com uma equipa de reportagem (que estava em directo) e mostra o conteúdo de uma mochila preta. Ele mostra um martelo e depois volta a coloca-lo na mochila levando-a para perto do sitio onde está Simon.

A testemunha número 8 foi questionada seguidamente, outra vez sobre o acto de detenção e custódia, tal como as testemunhas 1-5. Foi-lhe perguntado porque é que a mochila azul de Simon nunca foi registada na altura da detenção nem quando foi levado para a esquadra. Ele respondeu que as condições eram difíceis nesse dia.

A testemunha número 9 foi a última do dia e fazia parte da equipa que deteve Simon. Ele repetiu a mesma história como supostamente puderam "identificar claramente" Simon como a pessoa que lhes atirou o molotov, como ele caiu de costas, como eles não sabiam de onde veio todo aquele sangue e como de certeza que ele não foi espancado. Isto foi tudo um pouco estranho visto esta testemunha ser o polícia que aparece na foto da Reuters com um pé na cara de Simon.

Ele afirma que não pontapeou Simon, estava só a segura-lo com o pé pois tinha as mão cheias de granadas de gás. Diz também que ficou ofendido com todas a mentiras publicadas sobre este caso, pois a polícia estava muito preocupada com a segurança do detido. Ele admitiu que viu os vídeos com o resto da equipa antes de fazer o primeiro depoimento em Novembro de 2003.

Uma das últimas questões a este polícia foi das mais interessantes: a testemunha número 9 disse ter sentido um forte odor a gasolina vindo da mochila azul. Foi-lhe perguntado se tirou a máscara de gás alguma vez durante esse dia, afirmou que não. Então foi feita a pergunta: se esta testemunha teve sempre a máscara de gás, como pode ter detectado o odor a gasolina tendo em conta que a máscara deve filtrar todos gases mesmo os vapores da gasolina? Nenhuma resposta satisfatória foi dada.

Info retirada daqui: www.salonikisolidarity.org.uk

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