segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

[Grécia] Quarta sessão do julgamento dos 4 de Salónica

Segunda-Feira, 24 de Janeiro de 2011, Tribunal de Salónica

O polícia #15 deteve Michalis e alegou que ele tinha uma mochila com três molotovs, quatro máscaras e uma fisga. Ele afirmou que viu Michalis atirar vários molotovs durante um período de 30 minutos. Não soube dizer o que aconteceu à dita mochila depois de ele ser entregue à equipa de detenção. Nem se conseguiu lembrar se Michalis estava com luvas ou máscara.

A defesa achou estranho que no vídeo mostrado em tribunal Michalis não usa nenhuma máscara de gás, mas supostamente trazia quatro na mochila. Porque faria isso? O polícia #15 não se lembrava ou não conseguiu responder a muitas das perguntas. Esta era a única acusação contra Michalis.

Depois, foi chamada uma testemunha pela defesa de Fernando: estiveram sempre juntos na manifestação, apenas ficando separados nas nuvens de gás lacrimogéneo. Ele afirmou que Fernando não atirou nada, nem molotovs nem pedra e que não transportava nenhuma mochila, apenas um saco de plástico com algumas garrafas de água. Disse também que em Espanha se uma manifestação se está a tornar violenta a polícia usa megafones para avisar as pessoas para dispersar ou enfrentar as consequências. Isto não acontece na Grécia e por isso eles não sabiam os risco que corriam. Ele deu provas de que Fernando é trabalhador e um cidadão activo em Espanha e que perdeu o seu trabalho para poder estar neste julgamento.

Os quatro polícias seguintes (#16 - 19) foram todos depor contra Simon e disseram todos basicamente o mesmo: podiam identificar claramente Simon devido à protecção laranja que usava no braço, que atirou um molotov, que tinha uma mochila azul às costas e carregava uma preta com o braço esquerdo. Todos eles disseram que não espancaram Simon e não sabem como é que ele se feriu. Todos eles depuseram depois de rever os vídeos e fotos 5 meses depois da detenção inicial. O polícia #18 afirmou que o seu pelotão estava a circular por vários pontos da cidade quando detiveram Simon (segundo os seus próprios testemunhos estava algemado, encharcado em gasolina e com uma mochila cheia de molotovs). Todos eles admitiram que se mantiveram em confrontações nesse período de 2-3 horas. O polícia #19 diz lembrar-se de cheirar gasolina de uma das mochilas de Simon depois de este "ter caído", apesar de estar a usar uma máscara de gás.

Este foi o fim dos depoimentos da acusação.

Depois de um intervalo, foi mostrada uma sequência de vídeo mais completa de Michalis onde se viu que depois da detenção nenhum polícia perto dele estava a carregar a alegada mochila e que nem estava nenhuma perto dele (pois a câmara mostra uma vista panorâmica de 360º). O polícia que deteve Michalis (polícia #15) testemunhou no primeiro julgamento, e neste também que tinha a mochila de consigo até o levar para a equipa de detenção. Nenhuma mochila foi vista e subsequentemente nenhuma prova foi apresentada em contrário.

Aos polícias que testemunharam contra Simon foi mostrado um vídeo onde eles aparecem a colocar mochilas à volta dele. Há um sequência em que se vê ser colocada uma mochila a verter um líquido (gasolina?) perto de Simon. Nenhum polícia admitiu ser o agente nas filmagens, e todos mantiveram o que disseram relativamente ao sítio mais seguro para colocar as mochilas ser à volta de Simon.

Depois disto, chegaram várias caixas contendo um grande número de mochilas. O polícia #6 afirmou que todas as mochilas entregues na esquadra nesse dia foram marcadas com etiquetas que tinha o nome do detido seu proprietário. Nenhuma das mochilas apresentadas tinha qualquer tipo de identificação ou etiqueta.

A última testemunha do dia veio em defesa de Kastro: ela era uma organizadora do Sindicato que conhecia Kastro devido ao seu papel a ajudar trabalhadores imigrantes em Creta. Ela disse ter estado na praça entre as 17:30 e as 18:30 e afirmou não ter havido confrontos nesse período de tempo. A polícia tinha afirmado que viu Kastro a atirar molotovs neste período de tempo. Ela diz ter visto Kastro perto do palco nessa altura. Disse também ter passado no dia seguinte pelo locar exacto onde a polícia diz ter sido atacada com os molotovs de Kastro. Diz não ter encontrado marcas de fogo.

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