segunda-feira, 31 de março de 2008

Feira do Livro Anarquista - 23, 24 e 25 de Maio em Lisboa

Nos dias 23, 24 e 25 de Maio de 2008, por iniciativa de diversos colectivos e indivíduos libertários, vai realizar-se em Lisboa a Feira do Livro Anarquista, a decorrer no Grupo Desportivo da Mouraria.

Pretendemos com a organização deste evento criar um espaço para a exposição e debate das ideias e lutas libertárias, assim como para o convívio e fortalecimento de laços entre pessoas que partilham uma visão anti-autoritária do mundo.

A Feira proporcionará, para além das bancas de livros e outras publicações, um programa de actividades diversas, que poderão ser debates, workshops, sessões de cinema, performances e o que mais a imaginação e a vontade d@s participantes propuserem.

Apelamos à participação neste evento de tod@s @s interessad@s, através da sua presença com bancas de informação, livros e outras publicações ou com propostas de actividades que queiram promover durante a Feira.

@s interessad@s em participar devem confirmar a presença da sua banca ou propor actividades até dia 20 de Abril de 2008. Podem fazê-lo para os seguintes contactos:

E-mail: feiradolivroanarquista@gmail.com

Endereço postal: Apartado 40 / 2801-801 Almada / Portugal

Para mais informação consultar o blogue da Feira do Livro Anarquista: http://feiradolivroanarquista.blogspot.com

sábado, 29 de março de 2008

Acção e Ocupação na Casa Viva

CONVITE

O espaço contra a autoridade
11-13 Abril 2008 – CasaViva (Porto) – Dias de Acção e Ocupação

A ideia de espaço público constitui – já desde aantiguidade clássica – a base da democracia enquantoprática quotidiana. Se, na antiga Grécia, esta nunca foi alargada à grande parte da população (mulheres,estrangeiros e escravos nomeadamente), actualmente a sua inexistência é inerente à própria condição cidadã.

A democracia, de dinâmica passou a regime, e o espaço público – onde as grandes questões eram alvo de decisão por parte das pesssoas – foi destruído e “dividido” em fábricas e outros locais de trabalho, centros comerciais, clínicas psiquiátricas ou centros de dia. A vida passou a ser uma realidade espácio-temporal baseada na incessante satisfação de necessidades e não na reflexão, no debate, no livre pensamento, na possibilidade e responsabilidade de decidir sobre o que nos diz respeito.

A cidade é o palco por excelência deste processo de privatização social da vida – não de individualização–, em que a relação com o outro depende essencialmente de uma lógica instrumental. O contacto com o próximo é cada vez mais determinado pelo que queremos pedir, pelo que precisamos, pelo que temos que dar, pelo que está escrito no contrato de trabalho, pelo que é definido pelas regras de boa educação, pelo o que poderei vir a escrever no livro de reclamações. Não pela dupla vontade de exprimirmos a nossa individualidade e de recebermos a individualidade dos outros, um privilégio que, sendo sujeito a um processo de institucionalização temporal – depois das 6 da tarde, antes das 8 da manhã – deixou obviamente de o ser. E quando a normalidade se torna a definição oficial da mais profunda instabilidade – do emprego que não há, mas que se tem de ter, das contas que não param de aumentar, mas que se têm de pagar, de uma vida da qual não se gosta, mas tem que ser vivida – passa a ser não oficial o conflito, nas suas múltiplas formas.

A criação de linhas de fuga e de resistência passou e passa pela organização de novas esferas semi-públicas de discussão e convivência, que funcionem fora da lógica do estado e capital. Segundo Hakim Bey, surge a possibilidade de grupos de amigos isolados assumirem uma forma mais complexa: “núcleos de aliados mutuamente escolhidos, trabalhando (brincando) para ocupar cada vez mais tempo e espaço fora de todos os controlos e estruturas mediadas. Depois quererá transformar-se numa rede horizontal de semelhantes grupos autónomos – depois, numa “tendência” – depois, num “movimento” – e depois numa rede cinética de“zonas autónomas temporárias” [T.A.Z]”.

É com base na ideia de que “não há um metro quadrado da Terra sem polícias ou impostos…em teoria”, e de que é possível criar enclaves livres, “mini-sociedades que vivam resoluta e conscientemente fora do amplexo da lei”, que ocorrem, ao longo da década de noventa, ocupações de casas e tentativas de organização de centros sociais em Portugal. Apesar de ser um pouco redutor englobar todas estas experiências numa só tendência, podemos afirmar – em abstracto – que foram lugares propícios à espontaneidade e aos acasos da vida quotidiana, tendo possibilitado encontros com pessoas de fora, partilha de saberes, a oportunidadede fazer as coisas de uma outra maneira e, desde logo, equacionar modos de agir no mundo.

O aumento da repressão, aliado à crescente afirmação das cidades enquanto núcleos geradores de produtividade (e também a uma certa atitude de isolamento dogmático por parte de vários colectivos ocupas), determinou o fim de quase todos os centros sociais ocupados (a C.O.S.A vive!). Porém, este fenómeno é apenas um pequeno indício de um longo processo de transformação dos centros urbanos em centros de negócios. Casos como o do Mercado do Bolhão, no Porto, e do Grémio Lisbonense, em Lisboa tornam mais visível a tendência dominante para o desaparecimento de tudo o que destoa do modo de funcionamento empresarial. Mais do que nunca, e perante a multiplicidade de processos de objectivação do quotidiano – muitos dos quais com um pendor fortemente repressivo –, a criação de espaços libertados (e que queiram libertar) deverá constituir uma das principais estratégias orientadoras da luta anti-autoritária.

A 11, 12 e 13 de Abril, a CasaViva abre-se a todas as pessoas e colectivos que nela queiram viver por esses dias e partilhar perspectivas e acções relacionadas com a questão da ocupação, aproveitando os dias europeus de acção de apoio a squats e espaços autónomos lançados pela rede Squat.net.

http://april2008.squat

Os temas serão: centros sociais, okupas e espaços libertados, o mau uso da terra e a sua propriedade, a apropriação de espaços públicos pelo mundo dos negócios através da privatização, da especulação e da publicidade. E tudo o mais que te lembrares até lá. O desafio é o habitual. Traz ideias de acção (e tudo o que elas precisarem para serem levadas a efeito) e disponibilidade para participar nas acções pensadas por outras pessoas. Vem preparado para seres co-gestor(a) do espaço. Aparece na sexta, para se combinarem e coordenarem as acções de sábado, batalha com as outras pessoas nesse dia e fica para o Domingo, onde esperamos ter tempo para conversar calmamente.

Durante esse tempo, haverá, decerto, café, cerveja, pequeno-almoço e jantar e, muito provavelmente, concertos, filmes e festa.

CasaViva
Praça Marquês de Pombal, 167
Porto
casaviva167@gmail.com
http://www.casa-viva.blogspot.com

sexta-feira, 28 de março de 2008

Abu-Jamal livre da pena de morte!!!


Um tribunal de recurso federal norte-americano anulou, ontem, a condenação à morte de Mumia Abu-Jamal, símbolo da campanha internacional contra a pena de morte. Apesar de anular a condenação à morte, o tribunal confirmou a condenação de Abu-Jamal pelo assassínio de um polícia em 1981.
Depois desta decisão, ou a acusação pede que o caso seja apreciado por um novo júri ou, se nada acontecer nos próximos 180 dias, a pena é automaticamente comutada em pena de prisão perpétua.
A decisão foi fundamentada pelos juízes do tribunal com um erro cometido no julgamento realizado em 1982, dado que foram então dadas instruções aos jurados que os levaram a acreditar na necessidade de haver unanimidade quanto às circunstâncias atenuantes para que o acusado não fosse condenado à pena capital. A acusação ainda está a ponderar o que vai fazer.
O principal advogado de Abu-Jamal, Robert R. Bryan, disse-se satisfeito com a anulação da pena de morte, mas sublinhou que o seu cliente sempre se disse inocente do homicídio do polícia pelo que quer voltar a ser julgado.
"Nunca vi um caso tão marcado por racismo como este. Quero um novo julgamento e quero-o em liberdade".
Abu-Jamal recorreu da sua condenação de 1982 com o argumento de que foi vítima do racismo do juiz, dos procuradores e de um júri maioritariamente constituído por brancos.
Mas a decisão anunciada decorre de um recurso apresentado pela acusação em 2001, depois de um tribunal ter admitido o argumento de que tinham sido dadas instruções erróneas aos jurados e, por isso, devia ser repetida a audiência de decisão da condenação.

terça-feira, 25 de março de 2008

Petição pelo Tibete


Querid@s amid@s,

Após décadas de repressão sob o domínio chinês, o povo tibetano finalmente mostrou sua cara e revolta, tomando as ruas com protestos. Hoje, a atenção mundial está voltada para a China, sede das próximas Olimpíadas, e esta é a oportunidade que os tibetanos esperavam para chamar a atenção do mundo e demandar por mudanças.

Contando com um saldo de mais de 100 mortos e 1000 presos, o governo chinês anunciou que os manifestantes que ainda não se entregaram "serão punidos". O futuro do Tibet está sendo definido agora mesmo enquanto os lideres chineses decidem se aumentam a repressão brutal ou se abrem o diálogo. E nós podemos afetar este momento histórico.

Em função das Olimpíadas a China se preocupa em manter uma boa reputação perante o mundo. Precisamos dizer ao presidente da China Hu Jintao que a marca "Made in China" e as Olimpíadas de Pequim só serão um sucesso se estiverem associadas a uma China moderna e não a uma China repressora e violenta. Mobilizando uma avalanche de apelos de todas as partes do mundo poderemos chamar a atenção do governo chinês. Clique abaixo para assinar a petição e divulgue-a para quem puder. Nossa meta é conseguir1 milhão de vozes pelo Tibet.

A China tem motivos para se preocupar com a sua própria estabilidade devido a seu passado brutal. Mas o Presidente Hu precisa reconhecer que o maior perigo para a estabilidade e desenvolvimento chinês provém dos generais linha dura que defendem uma repressão violenta e não dos tibetanos que buscam o diálogo e reforma.

Nossa petição será entregue para oficiais chineses em Londres, Nova York e Pequim, porém precisamos de uma quantidade significativa de assinaturas antes que a petição seja entregue. Por isso, por favor, encaminhe esse email para toda sua lista de contatos com um recado explicando porque essa campanha é importante.

O ganhador do Prêmio Nobel da Paz e líder espiritual tibetano, o Dalai Lama, pediu cautela e diálogo, e ele precisa do apoio da sociedade civil global. O povo tibetano sofreu calado por muitas décadas até que finalmente chegou seu momento de falar e nós podemos ajudá-los para que sejam ouvidos.

Com esperança e respeito,

Ricken, Iain, Graziela, Paul, Galit, Pascal, Milena, Ben and the whole Avaaz team

PS – É bem provável que o governo chinês bloqueie o site da Avaaz por causa dessa campanha. Desta forma milhares de membros da Avaaz na China não poderão mais participar da nossa comunidade. Esse fim de semana uma pesquisa com os membros da Avaaz mostrou que mais de 80% de nós defende a importância de agirmos pelo Tibet apesar de sofrer essa enorme perda da nossa comunidade, mas, somente se pudermos fazer uma diferença. Se formos bloqueados na China a Avaaz irá manter uma campanha pela liberdade na Internet na China para que um dia nossos membros na China possam juntar-se á nossa comunidade novamente.

SOBRE A AVAAZ

Avaaz.org é uma organização independente sem fins lucrativos que visa garantir a representação dos valores da sociedade civil global na política internacional em questões que vão desde o aquecimento global até a guerra no Iraque e direitos humanos. Avaaz não recebe dinheiro de governos ou empresas e é composta por uma equipe global sediada em Londres, Nova York, Paris, Washington DC, Genebra e Rio de Janeiro. Avaaz significa "voz" em várias línguas européias e asiáticas.
Por favor adicione avaaz@avaaz.org para sua lista de endereços para garantir que você continue recebendo os nossos alertas. Ou se você prefeir deixar de receber nossos alertasclique aqui

Avaaz.org está localizada na 260 Fifth Avenue, Nova York - NY 10001 EUA. Avaaz.org está presente também em Washington, Londres, Rio de Janeiro e ao redor do mundo.

ASSINEM A PETIÇÃO: http://www.avaaz.org/po/tibet_end_the_violence/14.php?cl=64264283

[Portugal] Estudo denuncia o aumento de desempregados carenciados

O número de pessoas a depender do subsídio social de desemprego aumentou em Portugal, atingindo um valor próximo dos 44 000 (mais 23% do que no mês anterior). Esta forma de prestação aplica-se a pessoas que não realizaram descontos para a Segurança Social durante o tempo suficiente para aceder ao subsídio de desemprego e que, simultaneamente, vivem em agregados familiares pobres, com um rendimento per capita inferior a 326 euros, no limiar da pobreza.

Embora, em termos gerais, o estudo realizado pelo Instituto de Informática da Segurança Social traduza os efeitos da actual crise social - essencialmente derivada do excesso de endividamento e do desmesurado recurso ao crédito como formas de revitalizar a economia mundial –, este aumento poderá estar associado a dois fenómenos bastante específicos.

Em primeiro lugar, a maior procura por este tipo de prestação acontece numa altura em que diminui substancialmente o número de pessoas que recebe subsídio de desemprego "normal" e em que os pedidos desta prestação caem sustentadamente. Um fenómeno claramente associado ao novo regime de subsídio de desemprego que prevê a redução do período de prestação para alguns segmentos da população activa, bem como a imposição de critérios mais rígidos na definição de emprego conveniente.

Em segundo lugar, o exponencial crescimento do número de trabalhadores precários em Portugal, que contando com desempregados (mas sem imigrantes “ilegais” e trabalhadores não reconhecidos, como estagiários), ultrapassa os 40% da população activa. O mesmo estudo demonstrou que a precariedade no trabalho está a afectar muitos jovens que se vêem no desemprego ao fim de seis meses ou um ano de contrato. Na verdade, quatro em cada dez pessoas que pediram a prestação social de emergência ao Estado têm idades compreendidas entre os 20 e os 34 anos.

A urgência dos problemas sociais em Portugal torna urgente novas respostas, que constituam uma alternativa à política institiucional conduzida pelos tradicionais actores políticos e que, mais do que uma atitude meramente defensiva e vitimista, organizem um forte ataque a todos os poderes – económicos, sociais e políticos – que de uma maneira ou de outra arruínam as nossas vidas.

Retirado de: Centro de Média Independente

segunda-feira, 24 de março de 2008

A equipa que preferiu morrer a perder o jogo

A história do futebol mundial inclui milhares de episódios emocionantes e comovedores, mas seguramente nenhum seja tão terrível como o protagonizado pelos jogadores do Dinamo de Kiev nos anos 40. Os jogadores jogaram um partida sabendo que se ganhassem seriam assassinados e, no entanto, decidiram ganhar. Na morte deram uma lição de coragem, de vida e honra, que não encontra, por seu dramatismo, outro caso similar no mundo.

Para compreender sua decisão, é necessário conhecer como chegaram a jogar aquela decisiva partida, e por que um simples encontro de futebol apresentou para eles o momento crucial de suas vidas.


Tudo começou em 19 de setembro de 1941, quando a cidade de Kiev (capital ucraniana) foi ocupada pelo exército nazista, e os homens de Hitler aplicaram um regime de castigo impiedoso e arrasaram com tudo. A cidade converteu-se num inferno controlado pelos nazistas, e durante os meses seguintes chegaram centenas de prisioneiros de guerra, que não tinham permissão para trabalhar nem viver nas casas, assim todos vagavam pelas ruas na mais absoluta indigência. Entre aqueles soldados doentes e desnutridos, estava Nikolai Trusevich, que tinha sido goleiro do Dinamo.

Josef Kordik, um padeiro alemão a quem os nazistas não perseguiam, precisamente por sua origem, era torcedor fanático do Dinamo. Num dia caminhava pela rua quando, surpreso, olhou um mendigo e de imediato se deu conta de que era seu ídolo: o gigante Trusevich.

Ainda que fosse ilegal, mediante artimanhas, o comerciante alemão enganou aos nazistas e contratou o goleiro para que trabalhasse em sua padaria. Sua ânsia por ajudá-lo foi valorizado pelo goleiro, que agradecia a possibilidade de se alimentar e dormir debaixo de um teto. Ao mesmo tempo, Kordik emocionava-se por ter feito amizade com a estrela de sua equipe.

Na convivência, as conversas sempre giravam em torno do futebol e do Dinamo, até que o padeiro teve uma idéia genial: encomendou a Trusevich que em lugar de trabalhar como ele, amassando pães, se dedicasse a buscar o resto de seus colegas. Não só continuaria lhe pagando, senão que juntos podiam salvar os outros jogadores.

O arqueiro percorreu o que restara da cidade devastada dia e noite, e entre feridos e mendigos foi descobrindo, um a um, a seus amigos do Dinamo. Kordik deu trabalho a todos, se esforçando para que ninguém descobrisse a manobra. Trusevich encontrou também alguns rivais do campeonato russo, três jogadores da Lokomotiv, e também os resgatou. Em poucas semanas, a padaria escondia entre seus empregados uma equipe completa.

Reunidos pelo padeiro, os jogadores não demoraram em dar o seguinte passo, e decidiram, alentados por seu protetor, voltar a jogar. Era, além de escapar dos nazistas, a única que bem sabiam fazer. Muitos tinham perdido suas famílias nas mãos do exército de Hitler, e o futebol era a última sombra mantida de suas vidas anteriores.

Como o Dinamo estava enclausurado e proibido, deram um novo nome para aquela equipe. Assim nasceu o FC Start, que através de contatos alemães começou a desafiar a equipes de soldados inimigos e seleções formadas no III Reich.

Em sete de junho de 1942, jogaram sua primeira partida. Apesar de estarem famintos e cansados por terem trabalhado toda a noite, venceram por 7 a 2. Seu seguinte rival foi a equipe de uma guarnição húngara, ganharam de 6 a 2. Depois meteram 11 gols numa equipa romena. A coisa ficou séria quando em 17 de julho enfrentaram uma equipe do exército alemão e golearam por 6 a 2. Muitos nazistas começaram a ficar chateados pela crescente fama do grupo de empregados da padaria e buscaram uma equipe melhor para ganhar deles. Trouxeram da Hungria o MSG com a missão de derrotá-los, mas o FC Start goleou mais uma vez por 5 a 1, e mais tarde, ganhou de 3 a 2 na revanche.

Em seis de agosto, convencidos de sua superioridade, os alemães prepararam uma equipe com membros da Luftwaffe, o Flakelf, que era uma grande time, utilizado como instrumento de propaganda de Hitler. Os nazistas tinham resolvido buscar o melhor rival possível para acabar com o FC Start, que já gozava de enorme popularidade entre o sofrido povo refém dos nazistas. A surpresa foi grande, porque apesar da violência e falta de esportividade dos alemães, o Start venceu por 5 a 1.

Depois dessa escandalosa queda do time de Hitler, os alemães descobriram a manobra do padeiro. Assim, de Berlim chegou uma ordem de acabar com todos eles, inclusive com o padeiro, mas os hierarcas nazistas locais não se contentaram com isso. Não queriam que a última imagem dos russos fosse uma vitória, porque acreditavam que se fossem simplesmente assassinados não fariam nada mais que perpetuar a derrota alemã.

A superioridade da raça ariana, em particular no esporte, era uma obsessão para Hitler e os altos comandos. Por essa razão, antes de fuzilá-los, queriam derrotar o time em um jogo.

Com um clima tremendo de pressão e ameaças por todas as partes, anunciou-se a revanche para 9 de agosto, no repleto estádio Zenit. Antes do jogo, um oficial da SS entrou no vestiário e disse em russo:

- "Vou ser o juiz do jogo, respeitem as regras e saúdem com o braço levantado", exigindo que eles fizessem a saudação nazista.

Já no campo, os jogadores do Start (camisa vermelha e calção branco) levantaram o braço, mas no momento da saudação, levaram a mão ao peito e no lugar de dizer: - "Heil Hitler!", gritaram - "Fizculthura!", uma expressão soviética que proclamava a cultura física.

Os alemães (camisa branca e calção negro) marcaram o primeiro gol, mas o Start chegou ao intervalo do segundo tempo ganhando por 2 a 1.

Receberam novas visitas ao vestiário, desta vez com armas e advertências claras e concretas:

- "Se vocês ganharem, não sai ninguém vivo". Ameaçou um outro oficial da SS. Os jogadores ficaram com muito medo e até propuseram-se a não voltar para o segundo tempo. Mas pensaram em suas famílias, nos crimes que foram cometidos, na gente sofrida que nas arquibancadas gritava desesperadamente por eles e decidiram, sim, jogar.

Deram um verdadeiro baile nos nazistas. E no final da partida, quando ganhavam por 5 a 3, o atacante Klimenko ficou cara a cara com o arqueiro alemão. Deu lhe um drible deixando o coitado estatelado no chão e ao ficar em frente a trave, quando todos esperavam o gol, deu meia volta e chutou a bola para o centro do campo. Foi um gesto de desprezo, de deboche, de superioridade total. O estádio veio abaixo.

Como toda Kiev poderia a vir falar da façanha, os nazistas deixaram que saíssem do campo como se nada tivesse ocorrido. Inclusive o Start jogou dias depois e goleou o Rukh por 8 a 0. Mas o final já estava traçado: depois dessa última partida, a Gestapo visitou a padaria.

O primeiro a morrer torturado em frente a todos os outros foi Kordik, o padeiro. Os demais presos foram enviados para os campos de concentração de Siretz. Ali mataram brutalmente a Kuzmenko, Klimenko e o arqueiro Trusevich, que morreu vestido com a camiseta do FC Start. Goncharenko e Sviridovsky, que não estavam na padaria naquele dia, foram os únicos que sobreviveram, escondidos, até a libertação de Kiev em novembro de 1943. O resto da equipe foi torturada até a morte.

Ainda hoje, os possuidores de entradas daquela partida têm direito a um assento gratuito no estádio do Dinamo de Kiev. Nas escadarias do clube, custodiado em forma permanente, conserva-se atualmente um monumento que saúda e recorda àqueles heróis do FC Start, os indomáveis prisioneiros de guerra do Exército Vermelho aos quais ninguém pôde derrotar durante uma dezena de históricas partidas, entre 1941 e 1942.

Foram todos mortos entre torturas e fuzilamentos, mas há uma lembrança, uma fotografia que, para os torcedores do Dinamo, vale mais que todas as jóias em conjunto do Kremlin. Ali figuram os nomes dos jogadores. Abaixo a única foto que se conserva da heróica equipe do Dinamo e o nome de seus jogadores.

Goncharenko e Sviridovsky, os únicos sobreviventes, junto ao monumento que recorda a seus colegas.

Na Ucrânia, os jogadores do FC Start hoje são heróis da pátria e seu exemplo de coragem é ensinado nos colégios. No estádio Zenit uma placa diz "Aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista".

Poster propaganda da revanche.

Esta é a história da dramática "Partida da Morte". O cineasta John Huston inspirou-se neste fato real para rodar seu filme "Fuga para a vitória" (Escape to Victory) de 1982 que chamou muita atenção à época do lançamento porque dele participaram grandes nomes do cinema como Michael Caine, Sylvester Stallone e Max Von Sydow, mas muito mais pela participação de algumas estrelas do futebol, como Bobby Moore, Osvaldo Ardiles, Kazimierz Deyna e Pelé. No filme John Huston fez o que não pôde o destino: salvar os heróis.

Retirado de: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=2380



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segunda-feira, 17 de março de 2008

Um português na "Greba"


Uma calma tensa paira no ar da velha Bilbau. São dez da noite e a capital da Biscaia, encrostada no coração do País Basco, está deserta. Pintado de fresco numa parede, surge a frase “Ez dago maitasunerako”, em euskera “não há tempo para o amor”. Efectivamente, o tempo em Euskal Herria não é de amor; o tempo é de guerra.

Ano após ano, o Estado espanhol tem estrangulado todas as propostas de resolução pacífica para o conflito, oferecendo apenas mais repressão, sustentada por uma Constituição que criminaliza o independentismo e que o povo basco chumbou democraticamente em 1978. Uma vez, confrontado com o escândalo dos GAL, o então primeiro-ministro de Espanha, Felipe Gonzalez, disse que “a democracia faz-se nos salões, mas também nos canos do esgoto”. É esta última, a democracia espanhola. É a democracia da tortura sistemática e institucionalizada, é a democracia da perseguição política e da intoxicação informativa. É também nesta democracia que agora se vem ilegalizar o Partido Comunista das Terras Bascas e a Acção Nacionalista Basca. Esta última, organização de 78 anos, em toda a sua longa história só havia sido ilegalizada uma vez, por Franco.

Só em 2007 registaram-se 490 detenções políticas das quais 209 resultaram em pena de prisão, 123 proibições de actos públicos, 97 cargas policiais, 42 denúncias de tortura, 2155 controlos de estrada por motivos políticos, 148 feridos em manifestações e 1 morto pela dispersão. Ao melhor estilo fascista, aqui perseguem-se as ideias, criminaliza-se quem pensa de forma diferente, perseguem-se policial e judicialmente associações, grupos culturais, sindicatos e organizações juvenis e encarceram-se direcções inteiras de partidos políticos, tudo sob a justificação da luta contra o terrorismo. Como disse um dia, o juiz-inquisidor Baltazar Garzón, “não há entorno da ETA, tudo é ETA”.

O problema do Estado espanhol não é com a ETA, nem tão pouco com a esquerda abertzale. O problema do Estado espanhol é com o País Basco e o que se está a ilegalizar e perseguir não é só um partido político, é uma identidade, uma nacionalidade, um povo inteiro, no sentido mais lato da palavra.

Meia-noite em ponto. Começa a Greve Geral, decretada pela esquerda independentista, de protesto contra a onda repressiva. As ruas da cidade madrugadora fazem lembrar um cenário de guerrilha urbana: são raras as paredes em que não se lê “GREBA”, as lojas estão hermeticamente fechadas com pesadas cortinas de ferro, polícia armada vigia os principais cruzamentos, controlos de estrada protegem os acessos à cidade e helicópteros patrulham os céus. Durante as primeiras horas da madrugada, são sabotados o metro e o comboio. As principais estradas que levam a Bilbau, são cortadas por grupos de jovens, que se sentam em plena auto-estrada, com os braços unidos por cilindros de cimento e aço. Pouco depois, são incendiados dois autocarros. Às 8 da manhã, piquetes de 50 pessoas, alguns com 100, percorrem as ruas gritando “aqui tortura-se como na ditadura” ou “Euskal Herria não é uma democracia”. Junto-me a um destes piquetes que percorrem o centro histórico e aproveito o passeio turístico. As poucas lojas que estão abertas, fecham-se à passagem dos piquetes de greve. Repetidamente, pequenos explosivos, provocam estrondos que ecoam pelas fachadas medievais dos altos edifícios amuralhados. Patrulhas da Ertzaintza, de cara tapada e armados até aos dentes, também percorrem as mesmas ruas labirínticas. Quando os dois grupos se encontram, os piquetes esgueiram-se pelas finas ruelas e continuam o seu trabalho. É o jogo do gato e do rato. Quando, excepcionalmente, algum estabelecimento permanece aberto, bastam algumas palavras mais ríspidas dos grevistas como “a passividade é cumplicidade” para que as portas se fechem.

À minha frente, vai um grupo de uma dezena de pessoas, que nas portas das lojas encerradas, colam autocolantes que dizem “fechado – paremos o estado de excepção”. Subitamente, um carro da polícia municipal cruza-se com este grupo, que dispersa a correr. O carro de patrulha tenta fazer uma manobra repentina de travagem, mas o carro vai embater contra um sinal de trânsito. Os pequenos petardos continuam a explodir, como que para comemorar o feito e alguns contentores são atravessados no meio da rua, para dificultar o caminho à polícia.

Ao meio-dia, começa uma manifestação, que junta mais de 6.000 pessoas, que percorrem as principais avenidas de Bilbau, escoltadas por um aparato policial impressionante. Até a esta hora, em Bilbau já tinham sido detidas 13 pessoas.

Quando o desfile encabeçado pelo sindicato independentista LAB, passa em frente do Banco de Espanha, ouvem-se apupos e assobios. À porta, um guardia civil de metralhadora em punho, responde com saudações fascistas aos manifestantes que lhe gritam “pim pam pum”. A manifestação termina sem problemas com a polícia, com um discurso de vários dirigentes sindicais da LAB. Por fim, canta-se A Internacional em euskera e o Eusko Gudariak, o hino do guerreiro basco. Ninguém põe um CD com estas músicas a tocar, todo o som que se ouve, provem das gargantas dos milhares de pessoas, que cantam num tom baixinho e triste os dois hinos. Na praça ampla e iluminada, há um mar de braços erguidos e punhos cerrados que não reagem ao jeito taciturno e consternado com que se entoam as duas canções. Subitamente, alguém faz o irrintzi, o trágico e milenar grito de guerra basco que corta violentamente o silêncio pesado, inventado pela multidão para escutar os seus hinos. O ritual termina com um “Viva Euskal Herria Socialista! Viva Euskal Herria Livre!” A manifestação dispersa e os piquetes de greve continuam, tensos e insistentes.

A comunicação social da classe dominante fala de “uma greve insignificante” enquanto a esquerda abertzale fala de várias dezenas de milhar de manifestantes. O Ministro do Interior declara que é ofensivo para os trabalhadores utilizar o seu mais importante instrumento de luta para causas políticas. Os mesmos que promovem a exploração dos trabalhadores e que são cúmplices do terrorismo laboral que, todos os anos, assassina milhares de trabalhadores, vítimas de acidentes laborais evitáveis, surge agora incrivelmente preocupado com a forma como os trabalhadores utilizam as suas armas, dizendo que “não vale” tornar as greves políticas.
Pela tarde, a manifestação repete com idêntica força o mesmo trajecto. Lado a lado, marcham senhoras dos seus 60 anos, punks, mães empurrando carrinhos de bebé, skinheads antifascistas, membros de organizações feministas, okupas, internacionalistas, ecologistas e até mesmo alguns anarquistas. É como se os bascos, no seio da esquerda abertzale, tivessem descoberto a fórmula da união.
O dia de luta termina pacificamente, fico algumas horas a discutir política com camaradas da Askapena, trocando impressões, atirando sempre novas dúvidas e partilhando as mesmas aspirações políticas. Será possível à esquerda abertzale lograr a independência? Ou será que Euskal Herria terá o mesmo fim que o império inca? Aniquilado pela aleivosia de Espanha? Creio que não. Aqui, as pessoas são bascas, não são espanholas. E estão dispostas a lutar até às últimas consequências pelo direito a decidir livremente sobre o seu próprio futuro. Não creio que tamanho movimento, que tamanha energia, vitalidade e maturidade política possam ser detidos pela violência. As novas ilegalizações nada podem contra o independentismo, a história da esquerda abertzale é uma crónica de repressão e auto-organização. Para acabar com a esquerda independentista, teriam que acabar com os bascos. Como escreve Rui Pereira, neste tipo de conflitos, não ganha quem tem mais armas ou quem é mais violento, ganha quem aguenta mais, e historicamente, os bascos têm a tradição de aguentar.


Nós, portugueses, devemos a nossa independência, em grande parte, à actual opressão de outros povos do Estado espanhol. Em 1640, o Estado espanhol, por falta de capacidade militar para a conjuntura, teve que escolher entre sufocar a Restauração portuguesa ou as revolta dos Segadores, na Catalunha. Sendo esta última nação, historicamente muito mais rica, foi a escolhida, tendo Madrid que se conformar com a independência Portuguesa. Talvez também por isso, tenhamos agora o dever de nos solidarizarmos com os que continuam a ser oprimidos pelo Estado espanhol. Até porque não é só a solidariedade internacionalista que cruza fronteiras, também a repressão dos trabalhadores vai beber inspiração aos postos avançados da tirania um pouco por todo o mundo capitalista. Num momento em que o governo português avança com novas medidas antidemocráticas e fascizantes como a actual lei dos partidos, torna-se cada vez mais premente, tanto para portugueses como para bascos, estendermos a nossa solidariedade a este povo dos Pirenéus, como um dia o fizemos com o povo timorense ou os povos africanos colonizados.

À entrada de uma Herriko Taberna (locais tradicionais de convívio e reunião ligados à esquerda abertzale), lê-se num grande mosaico: “É preciso que todos dêem um pouco para que alguns não tenham que dar tudo”.
Na minha curta estadia em Euskal Herria, tenho sentido o inexplicável calor do apreço pela solidariedade. Solidariedade que torna amigos companheiros de países diferentes que não se conhecem; que nos relembra do significado da nossa humanidade, esticando os nossos esforços para além dos limites do físico e do possível e predispondo-nos a lutar e se necessário a sofrer pelo outro


A.

Estudante de internacionalismo em Euskal Herria
Activista da ASEH

Associassão de Apoio a Euskal Herria

II Concerto Antifascista


Another deadly nazi attack in Moscow!

Today (March 16) around 6.40 pm in the Moscow city centre at the exit of Kitai-Gorod metro station a group of about 15 neonazis armed with knives have attacked 7 people who were going to a hardcore / punk gig headlined by Karelian oi band NICHEGO KHOROSHEGO at Art Garbage club. As a result of attack a punk boy aged 16 from the Moscow region town of Noginsk has died due to multiple stab wounds. There were several nazi mobs in the area each numbering 10-15 people attacking antifascists The gig was cancelled a few bands in. The attack apeears to have been planned in advance with involvement of some FC Spartak hooligans.Nearly two years ago in Moscow 19 years old Alexander Ruykhin has been murdered by a nazi gang on his way to a hardcore gig.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Blog de Música Antifa

Podem visitar este novo blog em http://skunknriot.blogspot.com

Divulguem!!!

Cheers & Beers

Policia que multou superior é constituido arguido

Um agente da PSP de Oeiras tentou multar o comandante da própria esquadra, quando este conduzia um carro ao mesmo tempo que falava ao telemóvel. Ingénuo agente! Não só não houve multa nenhuma para o comandante, mas, ó azar dos azares, o pobre agente é que foi constituído arguido em processo disciplinar. Este polícia deve andar na Lua. Então não lhe ensinaram que as leis repressivas foram feitas apenas para obrigar a plebe a andar na linha?

http://www.jornalmudardevida.net/?p=684