quinta-feira, 22 de abril de 2010

[Porto] Toca Verde

Toca, sente e age. Existimos porque conhecemos o tédio e a mediocridade que governam o dia a dia. Porque vos queremos relembrar disso e para o fazer será preciso bofetear, gritar e rasgar com tudo, para que nos ouçam, para que olhem e toquem no mais sujo dos espaços. Somos uma ideia, um projecto nómada que constrói a sua estrutura em lugares puros. Lugares, não lugares, degradados?! Para nós o lugar nasce quando é morto, quando a sociedade lhe esquece o típico e triste funcionamento, quando a lacuna de cargos sociais provoca tal proeza. Nascemos do erro dos outros, fazemos do seu cancro um objecto religioso. É apenas neste preciso momento que a matéria nasce com total liberdade. Reclamamos o uso de espaços que nos pertencem, de espaços que não existem mais, somos necrofagos do lugar. Todo e qualquer objecto abandonado é carne fresca para a nossa actividade.

Conhecemos com total clareza a vontade publica de aniquilar tudo aquilo que constitui o seu património; deixem cair!, ficará a fachada e por trás dela faremos um shopping, um parque de estacionamento, um campo de ténis talvez, uma nova batalha política. Se esta é a lei, então somos terroristas sofisticados, parasitas no sistema e respondemos com ataque duro. Não nos confundam com artistas precários na busca de mais um lugar boémio com estilo, não nos confundam com construtores nem tão pouco com burocráticas e intelectuais associações que coexistem no sistema. Defendemos algo que é nosso, que é belo, que respira de possibilidades, estaremos em todas as frentes com ou sem consentimentos, respondemos porque acreditamos que ainda é possível romper com percepções e ter uma réstia de sinceridade. Somos uma comunidade livre mas consciente. Tragam-nos acção, revolta e ocupação sincera.

Hoje estamos na rua das oliveiras, reabilitamos um espaço nascido em 1720. O seu futuro é incerto mas vive da nossa memória e por ela se afirmará. Ajuda e participação são aceites e agradecidas, desde que com vontade de guerrilha. Proponham-nos projectos, obras, escritos, trocos, oficinas, madeiras, pedras, comida e sobretudo momentos de genuína percepção. Somos uma viagem que se quer em todo o lado, não porque todo o lado seja desculpável e discutível, mas porque todo o lugar pode ser repensado com culpa assumida! Crescemos fartos do cidadão intelectual, da palestra, da conferência, do artista, da instituição que resolve mas não cria. Não vamos pela conversa de entretenimento. O porto está abandonado e não ha grande novidade nisso, toda a gente o sabe e coloca a sua acção como bem entender, a nossa não pretende ser original ou tão pouco refrescante, mas sim exacta e activa. Não nos contactem para discussões, a era do diálogo já deu provas de completa inutilidade, somos lavradores com ódio declarado á medíocre intelectualidade portuense.

Para mais informação: http://toca-aqui.blogspot.com

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