Uma resposta firme e sarcástica à polícia e aos meios de comunicação sobre a “cruzada anti-anarquista” em Atenas
[Manólis Berajá é libertário e autor da carta abaixo, escrita com dignidade, firmeza e ironia. A mensagem foi encaminhada para a polícia e os meios de comunicação da Grécia. Berajá está entre aquelas pessoas cujas casas foram invadidas pela polícia nos últimos dias em relação a “cruzada anti-anarquista”. Um dos seis anarquistas presos é seu parente.]
A minha resposta à montagem incriminatória por parte da polícia e dos meios de comunicação:
Sou o "intelectual", o "chefe", o "cidadão da região de Magnisía", com "visitas freqüentes a Atenas e à Ilha de Icaria", que tem "um papel organizativo" nas mobilizações anarquistas... e pergunto-me: As vossas classificações terão algum fim?
Talvez seja o "perfil" que precisam montar, a cada vez que necessitam criar um "grupo terrorista”.
Quiçá falte alguma peça do quebra-cabeça que estão tentando montar, e essa peça seja eu…
• Sim, tenho 60 anos (mas no âmbito político onde atuo não existem chefes).
• Sim. Vivo na casa que revistaram no domingo, 11 de abril passado, no bairro de Kipséli (c/ Sporades nº 21), sem chegar (naturalmente) a nenhum resultado.
• Sim. Sou o pai da esposa de Kóstas Gurná (quer dizer, é o meu genro!).
• Sim. Sou o avô dos seus dois filhos gêmeos de 16 meses, e finalmente...
• Sim. Sou anti-autoritário!
Confesso que participo, desde a década de 70, nas lutas sociais, do lado dos oprimidos, contra o Estado e o capital. E, sendo o meu histórico mais longo do que vocês possam imaginar, aqui farei uma menção do meu passado mais recente:
Participava e continuo participando, de maneira ativa, na "Coordenadora Solidária com os Imigrantes", em movimentos solidários com a luta Zapatista no México, em iniciativas solidárias com os presos, na "Assembléia Solidária com Konstantina Kuneva", na "Assembléia Popular dos bairros de Petralona-Tiseo-Kukaki" e no Centro Social Ocupado Autogestionado (CSOA) Pikpa.
E para poder ajudá-los melhor ainda em suas operações, ainda lhes direi que nestes últimos dias (isto é, nos dias em que puseram em marcha as detenções e investigações espetaculares aqui mencionadas) estive junto da minha filha. Ou seja, na casa que vocês revistaram no domingo, 11 de abril passado.
Parece evidente que a vossa operação (ao estilo mais puro de Hollywood) de dissolução e detenção do grupo "Luta Revolucionária", foi à desculpa perfeita para distorcer a realidade e confundir a opinião pública. Para poder aplicar as vossas medidas anti-sociais e anti-obreiras, como, por exemplo, a entrega do país ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
É indubitável que a solidariedade massiva e popular para com os detidos-perseguidos, como "supostos membros do grupo Luta Revolucionária", é já um fato. Faço parte desse movimento solidário e aí continuarei, até a sua libertação total.
A criminalização das relações familiares, de amizades e para com todos e todas que resistem, é uma tática já conhecida, e eu estou conscientemente do outro lado da barricada.
Manólis Berajás
Atenas, terça-feira, 13 de abril de 2010.
Tradução > Liberdade à Solta
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Alexandre Brito
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