segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Cruz Negra Anarquista


Esta organização começou como Cruz Vermelha Anarquista (entre 1900 e 1905) criada para dar apoio a presos políticos e às suas famílias na Rússia Czarista. Durante a guerra civil russa o grupo cresceu bastante devido à necessidade de apoiar um crescente número de prisioneiros anarquistas.

Em 1918, na Ucrânia, Nestor Makhno mudou um pouco os objectivos desta organização. A prioridade era o apoio médico de emergência e auto-defesa. A Cruz Negra Ucraniana preparou a defesa de várias cidades contra ataques do exército vermelho.

Posteriormente, e já com a sua base estabelecida em Berlim, a Cruz Negra Anarquista dedicava-se ao apoio aos prisioneiros anarquistas do regime soviético como também ao prisioneiros do regime de Benito Mussolini.

Durante a década de 40 o grupo não consegue lidar com os pedidos de ajuda cada vez mais massivos e vai abaixo.

Na década de 60 volta a emergir, desta feita no Reino Unido, e dedica-se ao apoio aos resistentes ao regime de Franco em Espanha.

Durante a década de 80 a organização expandiu-se largamente por todo o mundo, tendo bastante actividade em Espanha, Venezuela, Costa Rica, Colômbia, Argentina, Brasil, Puerto Rico, México, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Bélgica, França, Polónia, República Checa, Grécia, Itália, Alemanha, Áustria, Finlândia, Holanda, Rússia, EUA, etc...

As principais actividades hoje em dia são:

- Manter correspondência habitual com os prisioneiros a fim de os ajudar a ultrapassar melhor a situação e para saber em primeira mão as condições e violações dos direitos humanos nas prisões;

- Denunciar a situação que se vive no interior das prisões bem como os dados dos agredidos e falecidos e as violações aos direitos que sofreram;

- Defender com veemência que a prisão é um problema social e não uma solução, tal como arranjar soluções mais justas de compensação às vitimas que não gerem mais problemas sociais;

- Difundir informação sobre legislação relativa a direitos dos detidos e os direitos dos quais se pode fazer uso na prisão, e como o fazer;

- Realizar debates, colóquios, concertos sobre o tema das prisões;

- Angariar fundos para o apoio jurídico;

- Denunciar a situação de presos concretos em campanhas específicas de modo a conseguir a sua libertação ou melhora de condições;

- Organizar manifestações ou concentrações.

Check:

- Cruz Negra Anarquista (Península Ibérica)

- Anarchist Black Cross Federation

- Cruz Negra Anarquista


[Grécia] Quarta sessão do julgamento dos 4 de Salónica

Segunda-Feira, 24 de Janeiro de 2011, Tribunal de Salónica

O polícia #15 deteve Michalis e alegou que ele tinha uma mochila com três molotovs, quatro máscaras e uma fisga. Ele afirmou que viu Michalis atirar vários molotovs durante um período de 30 minutos. Não soube dizer o que aconteceu à dita mochila depois de ele ser entregue à equipa de detenção. Nem se conseguiu lembrar se Michalis estava com luvas ou máscara.

A defesa achou estranho que no vídeo mostrado em tribunal Michalis não usa nenhuma máscara de gás, mas supostamente trazia quatro na mochila. Porque faria isso? O polícia #15 não se lembrava ou não conseguiu responder a muitas das perguntas. Esta era a única acusação contra Michalis.

Depois, foi chamada uma testemunha pela defesa de Fernando: estiveram sempre juntos na manifestação, apenas ficando separados nas nuvens de gás lacrimogéneo. Ele afirmou que Fernando não atirou nada, nem molotovs nem pedra e que não transportava nenhuma mochila, apenas um saco de plástico com algumas garrafas de água. Disse também que em Espanha se uma manifestação se está a tornar violenta a polícia usa megafones para avisar as pessoas para dispersar ou enfrentar as consequências. Isto não acontece na Grécia e por isso eles não sabiam os risco que corriam. Ele deu provas de que Fernando é trabalhador e um cidadão activo em Espanha e que perdeu o seu trabalho para poder estar neste julgamento.

Os quatro polícias seguintes (#16 - 19) foram todos depor contra Simon e disseram todos basicamente o mesmo: podiam identificar claramente Simon devido à protecção laranja que usava no braço, que atirou um molotov, que tinha uma mochila azul às costas e carregava uma preta com o braço esquerdo. Todos eles disseram que não espancaram Simon e não sabem como é que ele se feriu. Todos eles depuseram depois de rever os vídeos e fotos 5 meses depois da detenção inicial. O polícia #18 afirmou que o seu pelotão estava a circular por vários pontos da cidade quando detiveram Simon (segundo os seus próprios testemunhos estava algemado, encharcado em gasolina e com uma mochila cheia de molotovs). Todos eles admitiram que se mantiveram em confrontações nesse período de 2-3 horas. O polícia #19 diz lembrar-se de cheirar gasolina de uma das mochilas de Simon depois de este "ter caído", apesar de estar a usar uma máscara de gás.

Este foi o fim dos depoimentos da acusação.

Depois de um intervalo, foi mostrada uma sequência de vídeo mais completa de Michalis onde se viu que depois da detenção nenhum polícia perto dele estava a carregar a alegada mochila e que nem estava nenhuma perto dele (pois a câmara mostra uma vista panorâmica de 360º). O polícia que deteve Michalis (polícia #15) testemunhou no primeiro julgamento, e neste também que tinha a mochila de consigo até o levar para a equipa de detenção. Nenhuma mochila foi vista e subsequentemente nenhuma prova foi apresentada em contrário.

Aos polícias que testemunharam contra Simon foi mostrado um vídeo onde eles aparecem a colocar mochilas à volta dele. Há um sequência em que se vê ser colocada uma mochila a verter um líquido (gasolina?) perto de Simon. Nenhum polícia admitiu ser o agente nas filmagens, e todos mantiveram o que disseram relativamente ao sítio mais seguro para colocar as mochilas ser à volta de Simon.

Depois disto, chegaram várias caixas contendo um grande número de mochilas. O polícia #6 afirmou que todas as mochilas entregues na esquadra nesse dia foram marcadas com etiquetas que tinha o nome do detido seu proprietário. Nenhuma das mochilas apresentadas tinha qualquer tipo de identificação ou etiqueta.

A última testemunha do dia veio em defesa de Kastro: ela era uma organizadora do Sindicato que conhecia Kastro devido ao seu papel a ajudar trabalhadores imigrantes em Creta. Ela disse ter estado na praça entre as 17:30 e as 18:30 e afirmou não ter havido confrontos nesse período de tempo. A polícia tinha afirmado que viu Kastro a atirar molotovs neste período de tempo. Ela diz ter visto Kastro perto do palco nessa altura. Disse também ter passado no dia seguinte pelo locar exacto onde a polícia diz ter sido atacada com os molotovs de Kastro. Diz não ter encontrado marcas de fogo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

[Grécia] Update da situação dos imigrantes em greve de fome e manifs de solidariedade

A situação esteve bastante tensa, vários grupos diferentes acorreram para a Faculdade de Direito de Atenas para defender os imigrantes e o asilo universitário. Houve manifestações durante toda a madrugada.

Ontem durante a noite, os imigrantes abandonara a Faculdade de Direito e com outro grupo de pessoas em solidariedade mudaram-se para outro edifício no centro de Atenas.

As cidades onde tem havido manifestações de solidariedade são Atenas, Salónica, Chania (Creta), Kozani, Xanthi, Volos e Mytilene.

Seguem algumas fotos dos imigrantes e dos grupos de apoio.

[Grécia] Terceira sessão do julgamento dos 4 de Salónica

Terça-feira, 18 de Janeiro de 2011, Tribunal de Salónica

O julgamento recomeçou e ouviu a 10ª testemunha, um polícia pertencente a um pelotão a polícia de intervenção baseada em Atenas. Foi o agente responsável pela detenção de Fernando. Ele testemunhou como a sua equipa chegou a Ignatia a disparar granadas de gás e foi imediatamente confrontada por um grupo de manifestantes que estavam tão perto que foi uma luta de corpo a corpo. A testemunha afirmou que Fernando atirou um molotov contra a sua equipa a uma distancia de 2 ou 3 metros e seguidamente atirou um very-light. Ambos falharam. Disse que prenderam Fernando e que encontraram uma fisga e bolas de metal na sua mochila.

Esta testemunha disse que levou o detido e a sua mochila para o carro da equipa de detenção e que seguidamente foi transferido para a equipa de investigação preliminar na esquadra da polícia. Nenhuma acusação foi feita relativamente à fisga e ao very-light. Fernando foi acusado de atirar um certo número de molotovs à polícia, mas no segundo julgamento isto foi reduzido para apenas um. Fernando negou sempre ter uma mochila consigo e atirar o que quer que seja à polícia.

Quando o relatório original feito por este polícia (testemunha #10) sobre a detenção de Fernando não foi feita nenhuma referência à mochila na lista de pertences apreendidos. A defesa diz que nunca existiu mochila nenhuma, nem molotov, nem very-light. O polícia disse que estava cansado quando deu o seu testemunho e simplesmente se esqueceu de mencionar a mochila (uma prova!). A mochila só é mencionada em relatórios feitos durante essa noite. A defesa pediu que como é uma prova, essa mesma mochila fosse apresentada em tribunal, embora de momento não se saiba onde está.

Outra testemunha (polícia nº 11) foi adicionada a este caso 18 meses depois, em Setembro de 2004. Este polícia não foi mencionado pelo polícia #10 no seu relatório inicial. Ele explicou que foi à esquadra onde Fernando estava detido nessa noite mas não testemunhou nem apresentou provas pois tinha sido ferido durante os confrontos e teve que ir à base onde foi visto por um médico que lhe deu alguns pontos nos pulso, embora não exista nenhuma nota ou relatório sobre a lesão ou o tratamento.

A defesa disse que houve polícias com ferimentos mais graves do que do polícia #11 e que fizeram relatórios sobre as detenções em que estiveram envolvidos um ou dois dias depois. Este agente demorou 18 meses para apresentar provas contra Fernando.

Existem muitas inconsistências entre as provas dadas pelo polícia #10 e o polícia #11 neste julgamento, e entre as provas apresentadas no julgamento de 2008 e neste recurso que está a decorrer. Um deles, ou ambos tem que estar enganado pois não podem estar os dois correctos. Foi perguntado outra vez ao polícia #11 porque não testemunhou na altura da detenção de Fernando e ele disse que o seu superior pensou que o testemunho do polícia #10 seria suficiente.

A testemunha seguinte (polícia #12) é o comandante da equipa que deteve Simon Chapman. Ele manteve a história da mochila preta e da mochila azul. Mais uma vez, só entregou provas depois dos vídeos e fotos (a favor da história de Simon) terem sido amplamente divulgados. Disse que a sua equipa recolheu mochilas abandonadas com molotovs partidos ou não e juntou-as à volta de Simon - que segundo este mesmo polícia estava encharcado dos pés à cabeça com gasolina - pois era o local mais seguro para as guardar. O advogado perguntou se o local mais seguro para guardar mochilas a verter gasolina seria perto de um homem encharcado também em gasolina e cercado por polícias que, segundo o seu testemunho, estava ainda a ser atacados com molotovs e pedras.

Foi-lhe perguntado sobre as lesões de Simon. Disse que ele poderia estar a sangrar da cabeça antes da detenção, ou que se feriu ao cair (estranho tendo em conta que os ferimentos são na parte frontal da cabeça e ele supostamente caiu de costas!) ou que provavelmente foi atingido por uma pedra. Esta testemunha confirmou que a sua equipa levou Simon para zonas onde estiveram envolvidos em confrontos com manifestantes que os atacavam com molotovs e que o fizeram carregar a mochila preta durante duas ou três horas. Esteve o tempo todo algemado. Foi-lhe perguntado porque é que consideraram demasiado perigoso levar a mochila azul (alegadamente cheia de molotovs partidos) como prova, mas era seguro levar um homem algemado, encharcado em gasolina e a transportar uma mochila cheia de molotovs intactos. Tudo o que a testemunha disse foi que era muito perigoso levar a mochila azul.

A testemunha seguinte (polícia #14) era o comandante (agora reformado) de um pelotão da polícia de intervenção de Salónica que deteve Kastro. Ele afirmou que viu Kastro na frente de uma multidão de 400 pessoas na Praça Aristotle e que lhe iam sendo passados molotovs (entre 5 e 7) que ele depois atirou à polícia de uma distância de cerca de 70 metros. Ele disse que nenhum mal poderia ter sido feito aos polícias, civis ou propriedade. Testemunhou que Kastro tentou escapar através das ruínas do mercado antigo no cimo da praça e que apareceu subitamente muito perto de si que decidira - depois de uma hora a observar Kastro a atirar molotovs - avançar com mais polícias para fazer detenções.

Kastro foi acusado de carregar uma mochila que continha duas fisgas, bolas de metal para usar como munição, uma máscara de gás e documentos pessoais que confirmaram a sua identidade. A defesa disse que no julgamento de 2008 este polícia disse que estava certo de que existia um risco real para polícias e civis por causa dos molotovs alegadamente atirados por Kastro, mas neste afirma que não existia esse risco. Kastro disse sempre que não tinha mochila nenhuma.

O polícia #13 não sabia o que aconteceu à mochila depois de Kastro ter sido levado para a esquadra nem onde está agora. A defesa passou muito tempo a tentar estabelecer onde esteve esta testemunha e a sua equipa durante os confrontos apontando inúmeras inconsistências relativas à hora de detenção. A defesa disse que nenhuma descrição dele foi feita na altura da detenção, estas descrições apareceram apenas no relatório de 2004.

O polícia #14, testemunha seguinte, deu também provas contras Kastro e manteve o que o seu chefe disse antes embora tivesse acrescentado que o viu disparar parafusos e outros objectos metálicos contra a polícia com uma fisga. Mais uma vez, a história contada no primeiro julgamento não coincide com a contada no actual. Um ponto importante focado pela defesa foi em relação a uma afirmação da polícia que dava a entender que as acções de Kastro aconteceram antes da manifestação organizada pelos sindicatos. Os sindicalistas que falaram às pessoas presentes na Praça Aristotle afirmaram que não houve distúrbios antes da manifestação.

No relatório original da detenção de Kastro não há referência nenhuma a documentos pessoais encontrados na mochila (que provam que era sua) e nem esses documentos nem a mochila foram apresentados como provas. Não está claro que documentos seriam esses (havia muitos gritos e confusão no tribunal).

Kasto perguntou porque não foi detido durante uma hora, apesar de estar afastado da multidão na praça e ter alegadamente mandado 5, 7, 10 ou mais molotovs à polícia. Ele afirmou que as equipas da polícia prendem imediatamente quem as ataca nem que seja com uma garrafa de água de plástico vazia. Porque não foi preso antes? E se a sua intenção era lutar com a polícia porque não estava com uma mascara de gás nem preparado para guerrilha urbana. O polícia #14 não soube responder...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

[Lisboa] Listas negras no EPL

Inácio Francisco Simões de Oliveira é o nome completo de um alegado inspector dos serviços de inspecção dos serviços prisionais que se insinuou aos reclusos do Estabelecimento Prisional de Lisboa. Estaria ali com a missão de fazer um levantamento de todos os casos de violência de guardas contra reclusos. Aliciou os detidos dando a entender que a própria direcção geral dos serviços prisionais sabia existir algo de intrinsecamente violento no comportamento de alguns guardas que impunemente batiam e batem nos presos, sob qualquer pretexto. Dizia compreender que tal ambiente de violência poderia ser suficientemente convincente para dissuadir os reclusos de qualquer denúncia. Pedia que avançassem, todavia, mesmo que pensassem que os guardas violentos têm apoio das chefias e da direcção da cadeia ou que, por alguma razão, tais guardas têm condicionadas ambas autoridades (sabe-se lá porquê e como). Dizia que a direcção geral estava empenhada em pôr um termo aos desmandos quotidianos naquela cadeia. E informou-se abundantemente, com pormenores, sobre diversos casos de que muitos presos têm sido vítimas.

O senhor em causa mandava dizer que queria ouvir todos os que tivessem alguma coisa a dizer e pedia que quem estivesse em condições de o fazer lhe desse o nome, que ele os iria ouvir em tempo oportuno. Deu mesmo um número de telefone que dizia ser pessoal para receber todo o tipo de informação, que era o 969342461.

De um momento para o outro, depois de ter obtido a informação que queria, entre a qual uma lista de identificações de todos os presos com razões de queixa de violência de guardas contra si, desapareceu. Nunca mais se soube nem do senhor nem do interesse da direcção geral por aclarar o assunto a que alegadamente aquele senhor veio ao EPL.

O facto de o senhor se movimentar com facilidade dentro da cadeia prova que era reconhecido pelas autoridades da prisão. Porém, tendo mentido sobre o objectivo dos seus trabalhos, levantou a suspeita de poder estar ali não para levantar mas sim para abafar as denúncias da violência crónica que se vive na prisão. Levantou-se a dúvida sobre o seu real estatuto profissional, dada as inverdades com que aliciou os reclusos.

Se os reclusos têm estado calados com medo das represálias se acaso denunciarem seja o que for, actualmente estão temerosos do que seja que lhes prepararam, aos que deram o nome. Por terem sido aliciados a avançar, confiando numa pessoa cujo papel conspirativo é hoje evidente. Efectivamente o senhor acima citado ouviu dezenas de presos, mas identificou muitos mais que nunca chegou a ouvir. Hoje todos temem terem caído numa esparrela cujo sentido lhes escapa mas cujas consequências temem.

Será que o senhor é efectivamente dos serviços prisionais? Que objectivo real o trouxe ao EPL? Porque andou a provocar os presos para que falassem, quando de facto era outro o seu objectivo? Que objectivo é esse? Quem, na prisão ou nos serviços centrais da direcção geral, é cúmplice de tal comportamento?

Sabe-se que há circuitos de guardas que têm formas de marcar, por assim dizer, os presos e persegui-los ao longo de toda a carreira como presos, discriminando-os, prejudicando-lhes a vida e o dia-a-dia obsessivamente, independentemente das cadeias por onde venham a estar transferidos. Por serem preventivos, muitos dos presos do EPL poderão ficar no sistema prisional durante algum tempo. Temem, por isso, pela sua situação presente e futura.

À ACED parece insuportável a ideia de haver alguém autorizado (formal ou informalmente) a recolher informação de identidades de presos queixosos num ambiente prisional onde a violência é quotidiana e intimidante. É, nitidamente, uma forma inovadora mas intolerável de reprimir os direitos dos presos, troçando ao mesmo tempo das intenções políticas anunciadas pelo legislador de melhorar as condições de queixa dos presos.

No início do mandato do presidente Sampaio, aquando dos indultos presidenciais, uma informação errada informou o supremo poder do Estado da capacidade de intervenção dos fantasmas prisionais. O mesmo ocorreu no início do mandato do presidente Cavaco, tendo este passado a admitir apenas um número dígito de indultos por ano – certamente para se poder assegurar não voltarem a existir mais erros arreliadores. Durante a campanha eleitoral para a presidência, quiçá aproveitando a concentração das atenções públicas para o acto eleitoral, os factos acima relatados de forma superficial, como chegaram ao conhecimento da ACED, indiciam mais uma vez um uso indevido da informação na direcção geral dos serviços prisionais, cujos contornos e finalidades não são claros. Pelo que se pedem esclarecimentos cabais do uso da informação referida, em especial sobre o paradeiro e o uso da lista de nomes de presos com vontade de se queixarem de violências sobre si exercidas por guardas prisionais no EPL recentemente.

Pedimos também expressamente ao senhor Procurador-geral da República que averigúe se há razões para determinar inquérito criminal pelos actos de Inácio Francisco Simões de Oliveira mencionados e por outros que se escondem aos olhos dos presos, sem os quais os primeiros não fazem sentido.

Fonte: ACED

[Grécia] Update da situação dos imigrantes em greve de fome

Neste momento, a polícia de intervenção cerca o edifício onde estão os imigrantes. A assembleia formada por eles decidiu ficar neste edifício apesar de o governo e a reitoria da universidade exigirem o contrário. A justificação é que o edifício em questão não está a ser utilizado pela universidade e que o edifício para qual foi proposto mudarem-se não reúne as condições básicas de higiene.

Durante esta tarde a reitoria decidiu cancelar o asilo académico para o edifício em questão, é por isso provável que haja um raid da polícia.

Mais notícias em breve.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

[Grécia] Imigrantes em greve de fome: O estado ameaça a violar o asilo universitário

No domingo, 23 de Janeiro, 300 trabalhadores imigrantes chegaram ao porto do Pireu desde a ilha de Creta (mais fotos e vídeos) para iniciar uma greve de fome em todo o país. No mesmo dia, 50 dos 300 imigrantes chegaram ao Centro de Trabalhadores de Salónica, a fim de participar nesta greve de fome.

Eles exigem a legalização de todos os imigrantes, igualdade de direitos políticos e sociais e obrigações iguais com os trabalhadores gregos. Imigrantes em greve de fome em Atenas, foram instalados em um prédio da Faculdade de Direito, que actualmente não é utilizado para fins académicos. A resposta do presidente foi o encerramento do Colégio, ao contrário da oposição da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito, que anunciou o seu apoio à luta dos imigrantes.

O estado esta a ameaçar com mais “acções drásticas” ou seja a violar o asilo académico, invadindo a Faculdade de Direito. Desde o primeiro dia, os meios de desinformação estão difamando os imigrantes, e em cooperação com as autoridades Recortais académicas, desencadearam uma ofensiva contra o direito dos imigrantes para reivindicar seus direitos na forma de sua escolha.

O movimento obreiro exigiu a igualdade de direitos, liberdades, salários e obrigações para todos os trabalhadores, locais e imigrantes. Em vez disso, o ministro da Ordem Pública, Paputsís, anunciou a construção de um muro em Evros, fronteira da Grécia com a Turquia, enquanto o governo grego leva os imigrantes ao empobrecimento.

Solidariedade com a luta dos imigrantes e trabalhadores locais

Na terça-feira 25 de janeiro às 12:00 h, foi realizada uma conferência de imprensa de imigrantes, os grevistas da fome, no pátio da Faculdade de Direito de Atenas.

Contra Info

Outro post relacionado aqui.

[Grécia] Segunda sessão do julgamento da Conspiração das Células de Fogo

Segunda-feira, dia 24 de Janeiro, os acusados do casos Conspiração das Células de Fogo viram os seus dois pedidos recusados: ter as actas dos julgamento gravadas ("devido aos altos custos" Dizem os palhaços do tribunal!) e que os documentos de identificação de quem vai assistir ao julgamento não fiquem em posse da polícia. Os acusados deixaram o tribunal, revogaram os seus advogados de defesa e afirmaram que se iriam abster da comida da prisão e iniciar uma greve de fome caso o tribunal nomeasse novos advogados (o que aconteceu).

Crítica às atitudes dos jornalistas. A declaração dos seis prisioneiros acusados, acordada pelos três companheiros em condicional foi lida por George Karagiannidis e dizia: "Somos inflexíveis quanto à manutenção de dados pessoais dos nossos companheiros

G. Karagiannidis falou do carácter repressivo da medida disse que os réus querem ter suas vozes para além dos muros da prisão.

A declaração fez referência aos jornalistas que "erradamente espalharam informação directamente da polícia anti-terrorista. Eles falaram das nossas vidas pessoais e das nossas famílias, que por isso estão também expostos."

Quando os acusados deixaram a prisão/tribunal dezenas de companheiros gritaram slogans e muitos de punho ao alto gritaram "forte, forte, sê orgulhoso e forte!"

Os três companheiros em condicional Vogiatzakis, Rallis e Giospas dizem que não têm nada a temer, mas que sob estas circunstâncias não querem ser julgados com advogados que nem sequer conhecem.

No dia 25 de Janeiro o julgamento foi parado e deve recomeçar amanhã. O tribunal nomeou os advogados de defesa dos acusados, mas dos 18 nomeados apenas 4 avançaram e declararam que recusam a nomeação. Segundo eles o caso é demasiado sério e os próprios acusados não querem ser representados. O julgamento deve prosseguir amanhã com a nomeação de dois novos advogados por acusado.

SOLIDARIEDADE!

Info retirada do Act For Freedom Now!

domingo, 23 de janeiro de 2011

It's the end of the World as we know it and I feel fine! Part 1



1. Olympic Resistance in Vancouver
2. RBC gets torched
3. They few, we many
4. Talkin' bout a revolution
5. Matthew Morgan-Brown speaks to subMejavascript:void(0)dia

sábado, 22 de janeiro de 2011

Carta aberta de Fee Marie Meyer

Fee Meyer foi detida no dia 14 pela brigada anti-terrorista à porta de sua casa em Atenas. A polícia já confirmou oficialmente que a única "prova" é a sua amizade pessoal com Christos Politis, outro anarquista actualmente preso e acusado de participar num grupo de guerrilha urbana que a polícia nem se dá ao trabalho de dar um nome.

Pouco depois da sua detenção os media criaram uma história (que entretanto se provou ser falsa) que ligava Fee e a sua família à Rote Armee Fraktion... Seguem as suas palavras:

Now that the lights of the show have switched off and the stage curtains have been shut, the time has come for me to talk. In the way that I want. About what happened, what kind of games I believe have been played on my own back but also beyond myself; to talk about all the things that should concern any thinking individual in the Greek territory.

Regarding my “case”: by now I am fairly certain that from the moment when my personal details were passed on to the well-known brainiacs of the anti-terrorist unit (which was completely justified of course – I had a drink, you see, with the wrong people) the game was all set. Let alone when they google’d my surname (as common as Papadopoulos in Greece [or Smith in UK/US – trans.]) and –imagine their joy – they discovered my rich “family” background. My father’s different name was a minor detail (after all, “their lot sleep with everyone else”) as was my mother’s different date of birth.

From the moment when reality didn’t work for them, it had to be adjusted. I had to fit the role they had prepared for me. They abducted me on Friday [January 14] at 3pm, at the moment when I was leaving my home to go to the language school where I teach. At least ten people with balaclavas, after wearing one to me too, took me to the 12th floor of the Police HQ in Athens without saying a single word. There, after been interrogated by six people, I was shown a photograph depicting myself and my friend and comrade Christos Politis. They asked me if I knew him and after responding positively, saying that he is one more person they have sent to prison unjustly, their commander ordered boldly to “go ahead with the usual procedure”. They stripped me off my clothes, logged all my details, stole my shirt and my socks – obviously without telling me what I am accused of and of course without paying any attention to my demand to see a lawyer.

The time is important since from 5pm already the whole story of my supposed parents had broken out. This explains perfectly why while I was resisting them photographing me, they would photograph me with their mobile phones, to steal a picture. Otherwise their hot topic wouldn’t sell as much…

For years now we know how these mechanisms operate, rotten to the bone; we know that the informants-journalists (with a handful yet important exceptions) switch between reproducing police lies or handing orders to them. Ready to shred any life that is thrown at their sharp teeth, ready to eat up truths and spit out lies. Vile creatures…

What I had not imagined, at least personally, is the completely shameless way in which this happens, here and now.

When the fiasco had started to become clear, and while I personally did not yet know any of filth that had come to light, some officer responsible for “international terrorism” invited me to his office. He started to engage in “friendly talk” about when exactly my father was killed in a shoot-out! In all truth, my jaw must have hit the floor at that moment, especially when he told me with a smiler that “well, I am more interested in your mother’s international arrest warrant” … The only thing he didn’t do was to charge me with covering up a criminal, since I didn’t state my parents’ names from the upstart…

But then again, I did a lot of things. As the attorney general said, “they confiscated a lot, unusually lots” of things in my house… brushes, clothes, tooth-brushes, pillow-cases and… printed material. Material that proves beyond any doubt that I am an anarchist, something that I hadn’t thought for a moment to hide and so, – as this educated woman, the attorney general, so eloquently put- I am a terrorist and so allowing a possibility even for my freedom to be denied until the judge committee decides on my case!

If she wants to imprison me for this [for being an anarchist] yes I am guilty and I will always be. I will always stand on the side of the exploited, not the exploiters, for ever, until there is no longer any authority of human over any other human and of the humans over animals and nature. But I publicly and seriously demand that the charges against me change. That they write the real charges, so no-one can beat around the bush: They should turn the charge into “she is an anarchist and she reads. She has relationships with many people who still struggle and of this, she is proud”.

Charge, aim and shoot us at the wall of Kesariani [a reference to the wall where Nazi soldiers would execute partisans in Athens – trans].

I read somewhere that the face of a political regime is shown by the way in which it treats its political opponents. The glory of Greece! [popular expression used to emphasise the arbitrariness of state power in Greece, untranslatable – trans].

The times we live in are fluid, strange, constantly changing. In times of institutional and financial crises authority will always play with the carrot and the stick, fear and security. They want no-one to react to anything, not to speak, not to look around them, not to think differently, or if possible not to think at all. Lobotomise us at birth, then, to get done with it!

They try to enforce everywhere their frightening and absolute homogeneity; their absolutely and thoroughly studied inhumanity.

In the Greek territories at this moment there are approximately 40 people held for political reasons. Most of these have not even stood trial and yet they are held in maximum security prisons; others are not tried in public or open trials; others are held without the tiniest bit of evidence against them, only based on their belief, on their solidarity-based life stance they take in their personal relationships.

Ever-conservatively and in an ever more fascist way, they want to impose isolation, loneliness, the logic of “each for their own”; they want us to only watch trash TV, to consume life substances, lies, spectacle. Not to talk to acquaintances, not to go or invite people to our homes, not to meet anyone or to ask them to inform us of the information police hold on them in advance, better not, we might get in trouble.

They want us to stop feeling, to act based on the lowest instincts of survival and self-preservation, based on sadism of the “spy-hole”, to snoop other peoples’ lives, losing our own in the process.

They want us to hate, to condemn anything that is different, people from other places, co-workers from other sectors, anyone who thinks or lives differently.

All of them are dangerous [we are told] and we must hate them, since hatred breeds fear and vice-versa.

This is the fear that they step on in order to impose their mortal security, the dying sounds of a society denouncing the very last of the links that define it as such.

Only three words are enough, I believe, in order for the human element in humans to be defined. Dignity-Freedom-Solidarity. None can exist without the other two, none of them falls from the sky. They take virtue and dare. But these are the difficult meanings that give substance to the Human, which turn survival into life.

They can only control us, shred us into bits and isolate us for as long as we stand on our knees with our back bended over by the lash, chasing whatever carrot comes by.

Let’s resist! When we raise our head and look ourselves in the eyes again, their shaky structure will collapse like a paper tower. Because the catastrophe at this moment might have fallen upon your neighbour’s house, but tomorrow it will be at yours.

Let’s resist! Because everywhere in the world there are people who dare to raise their heads. Everywhere and at all times, at every single tiny moment when someone raises their gaze to the sky and the limitless horizon they had forgotten from their childhood, the human element in the Human is reborn.

Enough, we have tolerated them for too long! Struggle for the entire earth and for freedom, struggle for our lives and our dignity.

The state and the Media are the only terrorists.

Solidarity to everyone who struggles is not just our weapon, it is a given.

Slightly altering the well-known poem [by Martin Niemoller – trans.]:

First they came for my neighbour,
and I didn’t speak out because he was a foreigner.

When they came for the next one he was a Roma,
and I didn’t speak out again.

Then they took the poor one, the tramp, the anarchist, the Leftist.

In the end they came for me.

… and it was only then I realised there was no-one left to react…

Fee Marie Meyer


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

[Grécia] Segunda sessão do julgamento dos 4 de Salónica

Segunda, 17 de Janeiro de 2011, Tribunal de Salónica

Este dia seria passado a inquirir mais testemunhas de acusação da polícia, incluindo alguns agentes que estiveram envolvidos na detenção de Simon Chapman, e outros que prenderam outros manifestantes (não os 4 de Salónica).

Os primeiros cinco polícias não disseram nada sobre o caso em julgamento - todos eles prenderam outras pessoas (não os acusados actuais) na manifestação de 21 de Junho. Todos eles foram inquiridos sobre qual o procedimento normal para levar uma pessoa detida na rua para uma esquadra a fim de ser interrogada, e o que seria feito com qualquer coisa encontrada na sua posse.

Em cada caso, a ideia foi que seria possível que o agente que fez a detenção levasse o detido e qualquer item encontrado na sua posse para um carro da polícia e depois para uma esquadra, onde o agente daria o seu primeiro testemunho e preencheria um relatório das possessões do detido.

Nalguns casos em que o agente não pode levar a pessoa à esquadra, entrega o detido e as suas posses a uma equipa de detenção que o levarão. O agente dá o seu testemunho e preenche os relatórios posteriormente.

A sexta testemunha da polícia teve um papel um pouco diferente, ele estava a guardar a equipa de pré-interrogação. No entanto, ele testemunhou que as listas com os nomes dos detidos, das suas posses e dos polícias que fizeram as detenções foram feitas. Etiquetas foram improvisadas e colocadas nas várias mochilas que iam sendo entregues, as quais foram guardadas em local seguro. Os agentes que fizeram as detenções não estiveram sempre presentes, mas os seus nomes foram registados.

A testemunha seguinte foi mais desafiadora. Ele fazia parte de um pelotão da polícia de intervenção de Atenas que deteve Simon Chapman. Ele testemunhou com certeza absoluta, como ele disse, (tal como todos os membros do pelotão que o deteve) que o Simon atirou um cocktail molotov ao seu grupo e que depois se virou para fugir mas de alguma maneira escorregou e caiu de costas partindo assim os molotovs que tinha na sua mochila azul.

Simon é acusado de segurar uma mochila preta - contendo sete molotovs e dois martelos - na sua mão esquerda, mas quando caiu e se magoou conseguiu de alguma maneira não partir nada do que vinha nessa mochila. Como ficou coberto em gasolina das garrafas partidas na mochila azul, a polícia achou demasiado perigoso leva-lo consigo. Foi-lhes ordenado que se movessem para outra posição em Salónica e levaram Simon com eles durante pelo menos duas horas mais de confrontos com os manifestantes, pois não havia maneira de o levar para um carro da polícia para o transferirem para uma esquadra com o fim de ser interrogado.

Este polícia tinha a certeza que Simon não foi agredido nem por ele nem por nenhum dos seus colegas: o sangue deve ter vindo de feridas causadas pela queda, ou talvez por uma pedra mandada por outro manifestante, ou talvez tivesse batido com a cara quando caiu de costas. O advogado de defesa, Christos Bakelas, disse que esta informação não apareceu no relatório das testemunhas até ele próprio e os agentes que fizeram a detenção verem as cassetes comprometedoras em Novembro de 2003.

A testemunha da polícia disse que retirou várias mochilas e armas encontradas na rua para impedir que fossem usadas por manifestantes num contra-ataque. As testemunhas anteriores (1-5) responderam todas negativamente a esta questão. Todos afirmaram não ter recolhido qualquer arma ou mochila, pois isso era o trabalho de outra equipa da polícia.

Esta testemunha número 7, é o polícia que foi ter com uma equipa de reportagem (que estava em directo) e mostra o conteúdo de uma mochila preta. Ele mostra um martelo e depois volta a coloca-lo na mochila levando-a para perto do sitio onde está Simon.

A testemunha número 8 foi questionada seguidamente, outra vez sobre o acto de detenção e custódia, tal como as testemunhas 1-5. Foi-lhe perguntado porque é que a mochila azul de Simon nunca foi registada na altura da detenção nem quando foi levado para a esquadra. Ele respondeu que as condições eram difíceis nesse dia.

A testemunha número 9 foi a última do dia e fazia parte da equipa que deteve Simon. Ele repetiu a mesma história como supostamente puderam "identificar claramente" Simon como a pessoa que lhes atirou o molotov, como ele caiu de costas, como eles não sabiam de onde veio todo aquele sangue e como de certeza que ele não foi espancado. Isto foi tudo um pouco estranho visto esta testemunha ser o polícia que aparece na foto da Reuters com um pé na cara de Simon.

Ele afirma que não pontapeou Simon, estava só a segura-lo com o pé pois tinha as mão cheias de granadas de gás. Diz também que ficou ofendido com todas a mentiras publicadas sobre este caso, pois a polícia estava muito preocupada com a segurança do detido. Ele admitiu que viu os vídeos com o resto da equipa antes de fazer o primeiro depoimento em Novembro de 2003.

Uma das últimas questões a este polícia foi das mais interessantes: a testemunha número 9 disse ter sentido um forte odor a gasolina vindo da mochila azul. Foi-lhe perguntado se tirou a máscara de gás alguma vez durante esse dia, afirmou que não. Então foi feita a pergunta: se esta testemunha teve sempre a máscara de gás, como pode ter detectado o odor a gasolina tendo em conta que a máscara deve filtrar todos gases mesmo os vapores da gasolina? Nenhuma resposta satisfatória foi dada.

Info retirada daqui: www.salonikisolidarity.org.uk

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Anarchism: A Documentary

To the best of our knowledge, no comprehensive documentary about anarchism has ever been made.

Of the often very dated films on anarchist themes that are available, most either misrepresent anarchism (1981’s pro anarcho-capitalist ‘Anarchism in America’), are focused on specific moments in anarchist history (‘Living Utopia’, ‘The Angry Brigade’, ‘Lucio the Anarchist’, etc), or discuss the wider social justice / alter-globalisation movements (‘Fourth World War’).

Such an absence is unfortunate, for we think that now, more than ever, a broad, accessible documentary introduction to anarchism would be of tremendous value to those of us who wish to share the history, ideas and promise of our diverse, protean movement with a general audience.

Instead of complaining though, we’re just going to knuckle down and make it ourselves!

We envisage creating, over the next year or so, an engaging, entertaining, relatively mainstream film that will cover – via interviews with prominent anarchists mixed with archival footage, narration, person-on-the-street discussions and explanatory animations – a historical overview of anarchism, an explanation of the core principles (anti-authoritarianism, anti-capitalism, mutual aid…you know the stuff!) and an exploration of all the contrasting but ultimately complementary views held by contemporary anarchists from around the world.

We’d also like to deliver a message of realistic hope and a call for action in this time of social and ecological crisis.

Being long-time anarchists ourselves, we recognize the importance of a supportive community in ensuring our project succeeds in fairly portraying both contemporary and historical anarchism and does not fall prey to personal biases or prejudices. We will thus be communicating openly and honestly with the broad anarchist community about our progress and underlying vision.

More pressingly though, we also recognize the importance of mutual aid and so, even though we’re soliciting it through capitalist channels, we humbly request your modest donations. These will help us with our frugal travel, eating and living expenses, as well as with editing and post-production costs. Those who cannot help financially are more than welcome to offer couches for the night. Shared dinners and good company will also be essential to the completion of this ambitious task we’ve set ourselves, and if you donate some music to the soundtrack we’d be eternally grateful :-)

We eagerly await your participation, your suggestions and your constructive criticisms. We promise to weigh them up fairly as long as you promise not to pepper pie us if, in some cases, we respectfully disagree.

With love and hope,

Steffi, Aragorn and friends

http://anarchismdocumentary.net


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

[Grécia] Sobre a detenção de Fee Meyer

Fee Meyer foi libertada em condicional, devido a um desacordo entre o juiz de investigação e a acusação. Por esta razão o caso dela vai ser novamente analisado daqui a 15 dias.

Mais info sobre este caso aqui e aqui.

[Grécia] Primeira sessão do julgamento da Conspiração das Células de Fogo

O texto que se segue foi postado no Act for Freedom Now! Fica a tradução.

De manhã cedo o ambiente em Koridallos era asfixiante... polícia em todo o lado e muito poucos companheiros. Por volta das 11 as pessoas juntaram-se na entrada da prisão/tribunal para entrar. Era necessário dar o BI e informação pessoal completa, a sala de audiências estava cheia de polícias à paisana. Algumas pessoas conseguiram entrar, então parou tudo no tribunal e foi dito que não seria permitido entrar sem entregar o BI e este ficaria em posse da polícia até ao fim do julgamento. Isto é ilegal, visto que a polícia só tem o direito de ficar com o bilhete de identidade se fores uma testemunha ou um perito (de acordo com o procedimento). Como, no entanto, se assume que este caso ainda não está encerrado estão à procura de novos culpados. Felizmente, os companheiros acusados recusaram-se a falar e deixaram a sala de audiências...

Por isso o julgamento foi adiado outra vez pelas razões mencionadas acima. Depois de mais de uma hora recomeçou para ouvir outra vez as mesmas reivindicações como as feitas pelos advogados, mas pelos próprios acusados:

1. Nenhum dado pessoal pode ser registado dos BIs, que também não são para ser mantidos pela polícia à entrada.

2. Até então não havia nada registado ou gravado por razões óbvias. Aparentemente não há necessidade de o processo ser gravado (para ter a possibilidade de perverter o que foi dito para a opinião pública e quem não esteve no tribunal).

3. Exigência de que os paisanas deixem a sala e deixem as pessoas de fora ocupar os lugares. Os polícias que guardam a prisão cortaram a estrada e também a estrada de acesso pelas seguintes razões óbvias "temos ordem para não deixar ninguém passar, e mesmo que deixássemos o tribunal está cheio". Merda para isso, de facto depois da primeira interrupção muitos paisanas foram embora e um deles quase foi atacado, mas conseguiram esconde-lo. Isto teve o efeito de libertar uns 40 lugares.

Depois, enviamos um dos nossos advogados informar as pessoas que estavam na entrada que já havia espaço na sala, mas a escumalha não deixou ninguém entrar de qualquer das maneiras. Portanto, um terço da sala estava vazia e outro terço estava cheio de polícias (paisanas ou não). Os companheiros aprisionados disseram que se as exigências não fossem atendidas não participariam no julgamento. Obviamente que a presidente do tribunal não se importou, o que enfureceu muita gente e os companheiros acusados saíram outra vez da sala acompanhados por slogans.

Finalmente, o ponto culminante de toda esta questão era este: A presidente disse que apesar do esforço "generoso" e "honesto" do tribunal, não há logística para o julgamento ser gravado! Mesmo assim, ela queria que continuasse, claro. Concordou também que o registo de informação pessoal dos presentes como a fotocópia dos documentos de identificação é ilegal e não pode acontecer. Mas os BIs de que entra na sala de audiências são mantidos até voltarem a sair! Olhando directamente para a nossa cara. Por outro lado, foi-nos assegurado que a lista dos registos seria destruída enquanto nenhum documento escrito para esse efeito foi produzido... (porquê?) Ela disse que os procedimentos são públicos e abertos a toda a gente SEM EXCEPÇÃO contando que não se exceda o número de lugares (acentuar o "sem excepção" significa, claro, que o público também pode significar polícias à paisana!). Finalmente a possibilidade de "retirar" o caso a este tribunal foi examinada. Depende da possibilidade de o equipar com a logística para gravar o julgamento (o último ponto vai certamente ser decidido na próxima sessão em Koridallos).

Os companheiros acusados estavam bem, dentro do possível, nomeadamente determinados e dinâmicos.

Indignados pelos desenvolvimentos deixaram a sala de audiências. Enquanto saiam, os presentes gritaram slogans como "bófias, juízes, SS" e "a paixão pela liberdade é mais forte que a prisão".

O julgamento continua segunda dia 24 às 9 da manhã.

P.S.: Como anarquistas em solidariedade estamos orgulhosos da posição digna dos companheiros acusados nesta paródia de julgamento hoje.

actforfreedomnow!

[Grécia] Primeira sessão do julgamento dos 4 de Salónica

Sexta, 14 de Janeiro, Tribunal de Salónica

A equipa de advogados dos acusados conseguiu que se alterasse um dos 3 juizes que julgam o caso (era um ex-procurador do estado) por um menos tendencioso. Também, alguns dos polícias testemunhas (5/6 dos 40 originais) pediram para ser afastados pois não sabem nada do caso.

A primeira testemunha de acusação foi o agente Stamatis que deteve Simon Chapman. O seu advogado, Christos Bakellas, arrasou completamente o depoimento da testemunha de acusação.

As duas testemunhas de acusação seguintes (polícias) quase admitiram que forjaram provas e as colocaram como sendo dos manifestantes detidos. Nem as testemunhas da polícia conseguiram dizer se alguma vez houve uma examinação forense. Estes dois polícias foram credíveis ao dizer que não sabiam nada sobre as detenções dos manifestantes. Apenas puderam dizer que meteram vários molotovs e armas em qualquer mochila que conseguissem. Ou seja, qualquer prova encontrada nas mochilas está comprometida!

Info retirada do Occupied London

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

[Grécia] Greve de Fome em Massa

Nós somos Refugiados, homens e mulheres, de toda a Grécia. Nós viemos para aqui perseguidos pela pobreza, desemprego, guerras e ditaduras. As companhias multinacionais do mundo ocidental e os seus servos políticos nos nossos países não nos deixaram outra escolha para além de arriscar as nossas vidas dezenas de vezes para vir até à porta da frente da Europa. Os países ocidentais que pilham os nossos lugares, com um padrão de vida infinitamente melhor que no ocidente, são a nossa única esperança de viver como seres humanos. Nós viemos (de maneira normal ou não) e trabalhámos aqui de maneira a sobreviver, nós e as nossas crianças. Nós vivemos sob a indignidade e a escuridão da ilegalidade, de forma a beneficiar os empregadores e as agências do estado a partir da exploração selvagem do nosso trabalho. Vivemos pelo nosso suor e sonho de um dia ter direitos iguais como os nossos colegas gregos.

Nos últimos tempos as coisas tornaram-se bastante difíceis para nós. Enquanto os salários e pensões são cortados, enquanto os preços sobem, o emigrante é apresentado como culpado, como responsável pela exploração selvagem do trabalhador grego e pequenas empresas locais. A propaganda de partidos e organizações racistas e fascistas já se transformou na linguagem formal do estado sobre imigração. A sua fraseologia já é expressa da mesma maneira pelos mass media quando falam sobre nós. As suas "propostas" já estão consagradas como políticas governamentais. Muro no Rio Evros, campos de concentração flutuantes e exército europeu no Mar Aegean, progroms (expressão russa que designa ataques violentos a pessoas e aos seus espaços) e forças de assalto nas cidades, deportações em massa. Eles estão a tentar fazer os trabalhadores gregos acreditar que nós somos uma ameaça súbita para eles, e que somos nós os que devemos ser culpados do ataque do seu próprio governo contra eles.

A resposta a estas mentiras e barbaridade tem que ser dada agora e vamos dá-la, homens e mulheres refugiados. Enfrentamos, com as nossas vidas como arma, agora para parar a injustiça contra nós. Exigimos a legalização de todos os emigrantes; pedimos direitos civis e obrigações como trabalhadores gregos. Pedimos aos trabalhadores gregos, a cada ser humano que agora sofre da exploração do seu suor que fique do nosso lado. Para apoiar a nossa luta, para não deixar prevalecer no seu próprio lugar mentiras e injustiça, fascismo e totalitarismo de elites políticas e económicas. Nomeadamente, o que prevaleceu nos nossos países e nos forçou a emigrar para poder viver com dignidade, nós e as nossas crianças.

Não temos outra maneira de fazer ouvir as nossas vozes, de vos fazer ver os nossos direitos. Trezentos de nós, vamos começar uma greve de fome pan-helénica em Atenas e Salónica no dia 25 de Janeiro. Pomos as nossas vidas em perigo, porque de uma maneira ou de outra não temos condições de vida dignas. Preferimos morrer aqui, em vez de deixar as nossas crianças viver o mesmo que nos aconteceu.

Janeiro de 2011 Assembleia dos Refugiados em Greve de Fome

domingo, 16 de janeiro de 2011

Não gostavas de segurança? - Caça às bruxas política e cenário de delirio-terror

Apenas alguns dias antes do início do julgamento de um grupo de pessoas acusadas de participar no grupo de guerrilha urbana "Conspiração das Células de Fogo" (o julgamento começa no próximo dia 17) a unidade anti-terrorista da polícia lançou uma campanha por toda a Grécia. Mais quatro pessoas foram detidas, sendo que uma delas é membro do partido de esquerda Synaspismos: ele descreveu como foi parado na rua, empurrado para um carro, espancado e mantido na esquadra da polícia durante horas antes de ser libertado e informado que foi detido por engano por ser parecido a um dos suspeitos.

No dia 13 de Janeiro, por volta das 16h este homem caminhava numa rua central da zona de Vyronas em Atenas quando subitamente outro homem apareceu à sua frente e sacou de uma arma, dizendo-lhe que permanecesse quieto. Primeiramente pensou que se tratasse de fascistas e por esse motivo começou a gritar por ajuda. Os "comandos" empurraram-no para um carro com murros e pontapés e cobriram a sua cabeça. Ele percebeu que eram polícias e disse o seu nome e o partido a que pertence. A caminho da esquadra os polícias continuaram a bater-lhe e a ameaça-lo. Um deles disse-lhe "cabrão, vais pagar por ter estragado a passagem de ano" (referindo-se à bomba que explodiu no exterior dos edifícios do Tribunal de Atenas). Outro polícia revistou a sua mochila e encontrou os seus livros de estudo e disse "cabrão és tu quem escreve as proclamações".

Chegando à esquadra, ao 12º andar, os polícias despiram-no completamente e revistaram todos os seus pertences. Infelizmente, algumas horas antes ele tinha encontrado um bilhete de identidade no chão que planeava entregar numa esquadra da polícia. A descoberta de um segundo bilhete de identidade confirmou o... sucesso dos bófias anti-terroristas! Depois de duas horas levaram-no ao 6º andar onde um agente lhe disse "confundimos-te com outra pessoa, se pudesses ver como são parecidos compreendias." Por volta das 19:30 foi libertado.

A polícia não só é descaradamente arbitrária como captura qualquer pessoa que passe como um "suspeito terrorista". A brigada anti-terrorista destrói sem misericórdia como foi denunciado pelos detidos no caso da "Luta Revolucionária". Neste caso normal do dia a dia a polícia deteve um homem e manteve-o na esquadra apesar de saberem que não se tratava da pessoa que procuravam.

Claro que os... perspicazes repórteres da polícia não mencionaram nada disto no noticiário das 20h na medida em que preparam o clima de terror para o julgamento que começa na segunda dentro dos muros da prisão de Koridallos.

O cartaz diz:

Pouco antes das eleições parlamentares de 2009 as brigadas anti-terroristas invadiram a casa de Haris Hadjimihelakis em Halandri (um subúrbio no norte de Atenas) onde esperaram por ele e o prenderam. Mais três pessoas foram detidas, P.Massouras, M.G. e a sua namorada. Ficaram em prisão preventiva a aguardar julgamento, M.G. foi libertado uns meses depois.

No dia 22 de Abril de 2010 Konstantina Karakatsani foi detida devido a um mandato de detenção relativo ao mesmo caso.

No dia 1 de Novembro de 2010 Panagiotis Argirou foi detido em Pangrati com Gerasimos Tsakalos. Estes dois juntamente com Hadjimihelakis assumiram responsabilidade pela participação na Conspiração das Células de Fogo.

A 4 de Dezembro de 2010 G.Karagiannidis e A.Mitroussias foram detidos devido a mandatos de captura relativos a este caso.

Treze pessoas foram referenciadas para este julgamento de dia 17 sendo que quatro delas ainda são procuradas.

O julgamento deste caso vai ter lugar dia 17 de Janeiro dentro dos muros da prisão de Koridallos.

SOLIDARIEDADE para H.Hadjimihelakis, P.Argirou, membros da Conspiração das Células de Fogo que vão a julgamento dia 17 e para todos os acusados do mesmo caso.

FIM DE TODAS AS ACUSAÇÕES

LIBERDADE IMEDIATA para P.Massouras, K.Karakatsani, G.Karagiannidis, A.Mitroussias que negam todas as acusações contra eles.

Concentração fora da prisão de Koridallos dia 17/01/11 às 9h

Assembleia de Solidariedade

Fonte: Contra Info

Carta aberta de Philip e Pepe Meyer

Segue uma carta escrita pelos irmãos de Fee Meyer que foi detida pela polícia grega.

O grande jogo que está a ser jogado nas costas da nossa irmã e da nossa família. Com o julgamento dos acusados de participar na organização "Conspiração das Células de Fogo" a aproximar-se e com a explosão no edifício do Tribunal Administrativo a permanecer sem resposta no que toca a detenções, esperava-se que o estado tentasse apanhar "peixe graúdo" e caso não conseguisse, fabricava um, para assim recuperar o prestígio perdido e demonstrar a sua força.

Assim, certos jornalistas, agentes da autoridade, encontraram a oportunidade na coincidência de nomes da nossa mãe com uma alegada membro da RAF (Rote Armee Fraktion também conhecido como Baader-Meinhof, grupo de guerrilha alemão de extrema-esquerda entretanto extinto), Barbara Meyer, para preparar uma história de conspiração com alegadas ligações de grupos internacionais e domésticos. Chegaram a um ridículo tão grande que voltaram a publicar nomes de membros da RAF procurados nos anos 80 com mais algumas histórias para satisfazer o público aterrorizado. A nossa mãe foi apresentada como uma terrorista procurada e desaparecida no momento em que vive na Grécia connosco, a sua família. O nosso pai teve um pior destino nas mãos dos jornalistas. Depois de terem mudado o seu nome ainda disseram que ele foi morto num tiroteio com a polícia na Áustria há alguns anos! Chocante para um musico-terapeuta que vive e trabalha na Alemanha...

A nossa irmã, que aparentemente bebeu uns copos com alguém dos quatro detidos que são acusados do ataque incendiário em Salónica, através dos mitos criados pelos jornalistas e pela sua árvore genealógica "terrorista" foi acusada de pertencer a uma organização do género e é levada a tribunal!

A nossa irmã, tal como nós, não é terrorista, mas anarquista, uma escolha pesada num mundo de dominadores. Nós exigimos que este jogo sórdido que está a ser jogado nas costas da nossa irmã e da nossa família pare imediatamente e avisamos todos os que estão a participar que nos vão encontrar à sua frente. E não esqueçamos:

Os estados são os únicos terroristas.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Dias de Guerra, Noites de Amor

Vale a pena ler! Podem sacar aqui.

[Grécia] Continuam as detenções...

Depois das quatro detenções de ontem (continua a não haver informação sobre as três pessoas que ficaram detidas), hoje foi presa mais uma rapariga. Fee Meyer foi acusada de pertencer a um grupo terrorista. Tanto quanto se sabe esta foi a única informação que ela recebeu... Não sabe qual a acusação específica e também não lhe foi permitido falar com um advogado.

Os media começaram a típica campanha de desinformação dizendo que a sua família está ligada a antigos grupos terroristas armados da Alemanha. Chegaram mesmo a dizer que o seu pai morreu numa acção de guerrilha. Facto esse que já foi desmentido pelo próprio pai que está vivo.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

[Tunísia] Caiu o governo




Ontem à noite o presidente tunisino Zine el Abidin Ben Ali disse que se demitiria nos próximos três anos. Hoje, perto das 9 da manhã milhares de pessoas concentraram-se em frente ao ministério do interior a exigir demissão imediata.

Horas depois o presidente dissolveu o governo e demitiu-se com a promessa de eleições dentro de alguns meses. Se bem que se fala da criação de um governo de unidade nacional...

Depois seguiram-se muitas horas de confrontos entre a polícia e os manifestantes. Não se sabe quantas pessoas ficaram feridas ou quantas foram detidas.

Segundo fontes médicas citadas pelos media ontem morreram 13 pessoas vitimas dos disparos da polícia. Apesar de no seu discurso Ben Ali ter afirmado que proibiu os disparos sobre a população.

[Grécia] Mais detenções

Dia 14 começa o julgamento das 4 pessoas restantes no caso de Salónica. Dia 17 começa o julgamento relacionado com o grupo de guerrilha urbana "Conspiração das Células de Fogo".

Hoje a polícia grega fez mais detenções relacionadas com este caso. Foi montada uma operação da brigada anti-terrorista durante o dia de hoje em Atenas e mais 4 pessoas foram detidas. Sobre 3 delas ainda não se conseguiu saber nada, quanto à quarta pessoa Dimosthenis Papadatos-Anagnostopoulos (que é deputado do partido de esquerda Synaspismos) foi detido por engano. Segundo ele foi parado, empurrado para um carro, espancado e mantido na esquadra por 3 horas antes de ser libertado. Ao que parece foi confundido com um dos suspeitos.

Assim que houver mais informações sobre os restantes detidos serão postadas aqui.

Entretanto há um comunicado de solidariedade por parte da CNT-F:

De há muito tempo para cá, os Estados têm-se esmerado na sua tentativa de criminalizar e estigmatizar (de facto, tratar como terroristas) os nossos militantes e simpatizantes.

Se o governo francês ainda não o fez abertamente, se bem que o tenha tentado com o caso de Tarnac, o mesmo não acontece com o Estado grego, que, desde 2008, pratica uma caça aberta aos anarquistas e os acusa de todos os males.

No seguimento de encomendas armadilhadas enviadas da Grécia aos vários responsáveis europeus (entre os quais o nosso bem-amado Sarkozão), 3 camaradas nossos foram detidos e atirados para a prisão por simples suspeitas da polícia anti-terrorista. Nós, anarquistas de Clermont-Ferrand, França, queremos exprimir e comunicar o nosso apoio aos companheiros encerrados nas masmorras dos esbirros do Capital.

Afirmamos também que o que nos anima é um projecto de sociedade libertária e que, enquanto esta não vir a luz do dia, o nosso combate contra todas as formas de autoridade e/ou servidão nunca cessará.

Apoiemos todos os nossos camaradas, e todos os presos, políticos ou não

Abaixo todos os Estados, morte ao Capital

Anarquistas de Clermont-Ferrand, França

Mais posts relacionados com este caso:

1; 2; 3; 4; 5.

[Tunísia] Aumenta o número de mortos

Na cidade de de Gabes foram mortas mais 6 pessoas perto do palácio que funciona como sede do tribunal. O edifício foi mais tarde incendiado!

Entretanto aumentam os relatos de militares e polícia que estão a abater pessoas que andem na rua depois da hora estipulada para o recolher obrigatório.

Hoje, o presidente Ben Ali, num discurso afirmou que não será candidato às eleições de 2014. Disse também que ordenou a redução do preço do pão, leite e açúcar. Ordenou também, segundo ele, que as forças policiais não disparem contra a população a não ser em "defesa".

Imediatamente as ruas encheram-se de gente (apesar de o recolher obrigatório ter começado meia hora antes) que gritaram contra o estado e enfrentaram a polícia e exército. Pensa-se que isto seja a preparação para a renúncia do presidente muito pedida por militares e empresários nos últimos dias devido à sua falta de capacidade para controlar a situação... Provavelmente vai ser criada uma junta militar.

Apesar de o número de mortos ultrapassar certamente as 70 pessoas, de a repressão aumentar a cada dia, da escassez de alimentos e água foi anunciada uma Greve Geral!

Mais notícias assim que possível.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Terceiro aniversário da Kylakancra

Pois é, a Kyla entrou no 3º ano de existência e resistência! Como sempre há festarola para comemorar!

De momento as bandas confirmadas são:

Insert Coin; Manual; The Skrotes; StevenSeagal; Carlos Crüzt; Pinhão d'Atake; Moscatel; Sopas de Cavalo Cansado e Gan Gan Gan.

Aparece ou apodrece!

[Tunísia] Começam Acções de Solidariedade

A Tunísia vive um período de agitação único, o maior (e com o maior número de civis mortos) desde que o presidente Zine El Abidine Ben Ali está no poder, ou seja há mais de 20 anos!

Para mais informação podem ver os seguintes textos:

Intifadas na Tunísia

Tunísia: A revolução não será televisionada

Há um conjunto de textos no fórum da Revolta e informação actualizada com regularidade aqui.

Entretanto já vão havendo notícias de actos de solidariedade como em Berna (Suiça) onde a embaixada tunisina foi atacada com cocktails molotov esta quarta-feira. Os danos foram mínimos.

Em França, mais propriamente Pantin (Seine-Saint-Denis) o consulado tunisino foi atacado no fim de semana com um engenho explosivo. A polícia está a investigar mas não tem pistas em relação aos grupos que possam estar por detrás do ataque.

Entrada do consulado Tunisino em Pantin depois do ataque


[Colombia] Agitação Social

A militarização das fábricas da Coca-Cola

No dia 21 de Dezembro passado denunciámos que, com a autorização da Coca-Cola, membros da Polícia Nacional entraram violentamente nas instalações de engarrafamento em Medellín com tanques blindados, com escudos e armas, disparando gases químicos, com a finalidade de intimidar e pressionar os trabalhadores subcontratados que estavam em greve. O conflicto laboral foi militarizado e os trabalhadores obrigados a abandonar o protesto e a aceitar o compromisso verbal da multinacional de resolver o conflito. Simultaneamente foram notificados do despedimento. Desde esse momento, a polícia permanece dentro da fábrica da Coca-Cola, 24 horas por dia, aterrorizando os trabalhadores.

Não nos causa estranheza o incumprimento dos compromissos da multinacional nem a sua estreita relação com a força pública. Não é a primeira ocasião que evidencia a utilização da polícia nacional para reprimir, coagir e aterrorizar os trabalhadores que reclamam o respeito pelos seus direitos. A Coca-Cola sempre fez gala de utilizar o terror para obter melhores benefícios nos seus negócios… quanto mais terror, mais benefícios para os seus accionistas e melhor vida para os donos da empresa.

Pouco a pouco fica evidente por que razão esta multinacional gringa realizou a sua assembleia de accionistas no passado dia 8 de Fevereiro de 2010 no forte militar de Tolemaida (Centro Nacional de Treino Cenae) no município de Melgar Tolima. Vale a pena recordar que Tolemaida é uma das bases militares dos Estados Unidos no nosso território, a partir das quais não apenas se atenta contra a soberania nacional, mas também contra a segurança dos povos da América.

Muito engraçado!… Agora as instalações da Coca-Cola não são só fábricas de engarrafamento mas também quartéis da polícia…

UMA FUNCIONÁRIA DO MINISTÉRIO DA PROTECÇÃO SOCIAL ENGANOU OS CONCESSIONÁRIOS‏ EM CONLUIO COM A COCA-COLA EM MEDELLÍN

A funcionária do Ministério da Protecção Social foi convocada pela empresa Coca-Cola para enganar os concessionários, violando o artigo 38 da Constituição Política da Colômbia ao lhes dizer que, por terem um contrato comercial, não podiam ser membros do Sinaltrainal [Sindicato Nacional de Trabalhadores do Sistema Agro-Alimentar], que a única coisa que podiam fazer era criar um sindicato desse ramo.

E nisso se apoiou a empresa para reunir todo o pessoal da Coca-Cola para lhe manifestar que a Sinaltrainal tinha enganado os concessionários e os seus trabalhadores, sabendo que esta mesma funcionária tem conhecimento dos trabalhadores da Holasa (empresa de embalagens de lata para produtos alimentares), que são afiliados do Sinaltrainal.

Aqui nos damos conta que sempre o Ministério da Protecção Social está ao serviço do patronato e não do trabalhador para o qual esse ministério foi criado. Esta funcionária deve ser investigada pela procuradoria e denunciada a nível internacional.

http://infoalternativa.org/spip.php?article2043

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Bogotá, 09 jan (Lusa) - Os ex-trabalhadores da companhia colombiana Aerocóndor, encerrada há 30 anos em consequência de problemas financeiros, estão dispostos a morrer num suicídio coletivo devido ao não pagamento das obrigações laborais, anunciaram porta-vozes sindicais citados pela agência EFE.

A via do possível suicídio foi discutida e aprovada durante uma assembleia extraordinária de filiados do antigo sindicato da empresa realizada "nas últimas horas" e que reuniu dezenas de ex-trabalhadores em Barranquilla.

"Este suicídio não é um ato simbólico, este suicídio é um ato real", assegurou o porta-voz sindical Víctor Hugo Prada em declarações a um correspondente da rádio RCN em Barranquilla.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Intifadas na Tunísia

Após quase 4 semanas de revoltas sociais na Tunísia a divulgação nos media portugueses é escassíssima.

Ultimamente, a declaração tardia e oportunista (tocando numa possível elite social, i.e., a criação de empregos para jovens licenciados) do presidente tunisino não apazigua a população solidária enfrentando um dirigente que acedeu ao poder em 1987 por meio de um golpe de estado (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ben_Ali ).

A revolta social começou com a angustia do jovem Tunisino de 26 anos, Mohamed Bouazizi, que se imolou pelo fogo a 17 de Dezembro. Uma acção desesperada revelando as dificuldades sociais e laborais enfrentadas pela população. Este acto provocou outros suicídios e revoltas, nomeadamente na região de Sidi Bouzid (mapa).

Na região centro oeste, em Kasserine (290 km a sul de Tunis) a repressão tem sido intensa, pois segundo a Federação Internacional das Ligas de direitos Humanos (http://www.fidh.org/Tunisie-Pour-une-commission-d-enquete )terá havido pelo menos 35 mortos e segundo Sadok Mahmoudi, membro da (UGTT): "C’est le chaos à Kasserine après une nuit de violences, de tirs de snipers, pillages et vols de commerces et de domiciles par des effectifs de police en civil qui se sont ensuite retirés".

A censura (http://nawaat.org/portail/2010/02/26/%C2%AB-censure-pour-censure-%C2%BB-... ) contínua e a repressão são umas constantes do governo tunisino.
Por outro lado, as filhas do presidente teriam fugido para o Canada/Montreal com os respectivos cônjugues. (http://www.985fm.ca/audioplayer.php?mp3=88706 ).

[Grande parte destas informações foram comunicadas devido ao desejo de divulgação de amigos tunisinos inquietos pelo silêncio do ocidente]

Retirado de: Indymedia PT

EDIT: Mais um texto sobre o assunto aqui.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

OLHOS NOS OLHOS, DIR-LHES-EMOS QUE NÃO!

Aconteceu
e acontece agora como dantes
e continuará a acontecer
se não acontecer nada contra isso

Os inocentes não sabem
de nada
porque são demasiado inocentes
e os culpados não sabem
de nada
porque são demasiado culpados

Os pobres não não por isso
porque são demasiado pobres
e os ricos não dão por isso
porque são demasiado ricos

Os estúpidos encolhem os ombros
porque são demasiado estúpidos
e os espertos encolhem os ombros
porque são demasiado espertos

Aos jovens isso não preocupa
porque são demasiado jovens
e aos velhos isso não preocupa
porque são demasiado velhos

Eis porque não acontece nada contra isso
e eis porque razão aconteceu
e acontece como dantes
e continuará sempre a acontecer

Erich Fried, "Quem Manda Aqui?"

Todas as rebeliões começam por uma recusa. Para justificar a tirania, virão pedir-nos o nosso voto!

sábado, 8 de janeiro de 2011

[Grécia] Manifestação em Atenas

Segundo o Indymedia de Atenas manifestação não contou com muita gente mas de qualquer das maneiras foi um marco importante pois aquela zona (Menidi) não estava muito politizada. A manifestação foi sempre aplaudida. Foram atacados alguns bancos e para já não há registo de detenções.

A faixa dizia "A morte de Erica é um crime do estado. NÃO à dissimulação - NÃO ao estado policial"

Durante todo o dia a polícia tentou criar medo na população de Menidi com a típica caça às bruxas, afirmando que os grupos anarquistas apenas iam lá para causar destruição. Não foram bem sucedidos.

Soube-se também que quando o agente que atropelou a criança foi ouvido pelo Procurador Geral as únicas testemunhas aceites foram os próprios polícias e não as pessoas que estavam na área quando aconteceu o acidente.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

[Grécia] Dia de manifestações contra impunidade da polícia

(O derramamento de sangue pede vingança/Morta com 6 anos de idade/ Assassinos do estado)
Pintada em Salónica na noite de ontem

Ontem à noite, depois de se saber que o polícia que atropelou e matou uma criança de 6 anos foi libertado e tem imunidade houve uma manifestação anarquista na zona norte de Salónica enquanto que em Larissa houve uma concentração.

Para o dia de hoje há manifestações convocadas para Atenas, Larissa e Xanthi.

Mais informação logo que possível.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

[Grécia] Disturbios devido a morte de criança (update II)

O polícia negou o acontecido! Apesar de todos os testemunhos em contrário, foi libertado após audição com o Procurador Geral...

[Grécia] Disturbios devido a morte de criança (update)

Segundo os media gregos, o agente vai ser ouvido hoje à noite pelo tribunal...

Quanto à situação em Menidi aparentemente está mais calma e a polícia começou a retirar.

[Grécia] Disturbios devido a morte de criança

Durante a tarde de hoje, um polícia da força especial DIAS (polícia motorizada) atropelou uma rapariga de 6 anos na zona de Menidi em Atenas. De acordo com as testemunhas oculares a criança foi arrastada por mais de 150 metros sendo que o polícia não parou para prestar auxílio.

O agente está detido (segundo se pressupõe) na esquadra Nea Ionia apesar de não se saber realmente qual a situação que enfrenta.

Cerca de 100 pessoas juntaram-se no local da morte da criança onde começaram os distúrbios com a polícia de intervenção. À medida que esta notícia se está a espalhar o número de pessoas no local aumenta.

Mais informação logo que possível!

Solidariedade e Coordenação

Não é necessário ser o “homem do tempo” para saber como sopra o vento: ocupações de universidades em toda a Europa, bloqueios de cidades, manifs furiosas, raiva. Esta é a resposta de uma geração a qual querem cortar o futuro com dívidas para estudar, cortando o estado de bem-estar e aumentar as matrículas.

A determinação de milhares de estudantes em Londres; a fúria daqueles que invadiram o prédio do Senado italiano, contra a austeridade e os cortes na educação, abriram o tempo actual: acontece porque o futuro é algo que se ganha na rua e começa quando se decide, colectivamente, enfrentar o risco e lutar.

As lutas extraordinárias que estamos a viver têm a capacidade de mostrarmos um presente com uma intensidade que excede a linha do tempo, que rejeita nossa condição precária: é um assalto ao futuro!

Não queremos cair em dívidas; não queremos pagar mais taxas para estudar em Londres ou em Paris, Viena, Roma, Atenas, Madrid, Dublin, Lisboa... Este movimento europeu rejeita as políticas económicas, recusando-se a entrar em dívida com estes políticos miseráveis. "Que se vayan todos!"

O que está a acontecer hoje em Roma, surge de Atenas e Paris, seguido de Dublin e Londres: é o surgimento de um movimento que fala uma língua comum, uma mesma geração de jovens revoltados, que habitam diferentes cidades, mas que partilham da mesma determinação para lutar, flutuar como uma borboleta e picar como uma abelha.

Temos que nos reunir e inventar uma nova “gramática política” contra a fraqueza do Estado-nação e sua estratégia para encarar a crise: sua receita é somente a austeridade, cortes e dívida.

Na Itália, não só temos ocupado universidades como também bloqueado auto-estradas e a mobilidade dentro do país para estender a luta além das fronteiras nacionais e chegar à Europa e além. A agitação das lutas está viva no Book Bloc e nas furiosas manifestações de Londres, Paris e Roma.

Neste outono estamos a viver um movimento estudantil verdadeiramente europeu, que é diferente, radical e realmente heterogéneo. A suas reivindicações comuns vêm de uma forma de protesto que nasceu em meio a crise, e que representa a forma de resposta mais corajosa. É uma luta composta de diferentes lutas, épocas heterogéneas que reivindica mais cadeiras para estudantes e uma universidade pública para todos.

No Book Bloc, uma nova geração tem sido reconhecida e encontrou-se a si mesma no protesto. Hoje, em muitas cidades, o movimento estudantil italiano está demonstrando mais que solidariedade: é porque sua luta é nossa luta, e os estudantes de toda a Europa estão contra o aumento das taxas, da privatização da universidade e os cortes na educação. Tu não estás sozinho no Reino Unido: um marco europeu, uma nova geração que não quer parar. Temos a força para mudar o mundo e temos a inteligência para fazê-lo. Este é só o começo!

Propomos aos estudantes, pesquisadores, trabalhadores precários e os estudantes de pós-graduação trabalharmos juntosnum encontro europeu no início de 2011, para continuar a luta e transformar este vento numa tempestade!

Uniriot Roma

Mais infos: http://www.uniriot.org