quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Contra a sociedade que levanta prisões

No domingo pela tarde, 31 de Janeiro, uma faixa com a frase “A PAIXÃO PELA LIBERDADE É MAIS FORTE QUE AS PRISÕES” estava pendurada na estação de combóios da Portela de Sintra.
No mesmo dia, foram distribuídos flyers com o seguinte texto, à entrada da prisão do Linhó:

« Solidariedade com os presos em luta.
Contra a sociedade que levanta prisões.

Nas prisões vive-se um estado de terror criado por sucessivos espancamentos e torturas a reclusos que já têm que suportar o facto de estarem presos. Por vezes a única coisa que ecoa de dentro dos muros é o silêncio. Outras vezes os ecos são outra coisa. São gritos de revolta que conseguem chegar cá fora e com os quais nos queremos solidarizar. Foi o que aconteceu na prisão do Linhó, quando se iniciou uma greve de fome em resposta ao espancamento e morte de um recluso por parte dos guardas prisionais. Um acto de clara dignidade dos presos. Continuou a repressão por parte dos guardas prisionais e as transferências de estabelecimento prisional enquanto tentativa de calar a revolta. Tal como aconteceu o ano passado em Alcoentre, quando os presos se revoltaram contra as condições em que vivem. Ou em inúmeros outros casos em que presos se revoltam em várias prisões. A sociedade, ou melhor, o Estado e o Capital, tem na prisão a melhor ferramenta de repressão. Não é apenas o facto de quem está preso ser isolado do mundo. É também toda a repressão que sofrem os reclusos dentro dos muros por parte de guardas prisionais e tribunais, a alimentação e a tortura psicológica.
Todos somos explorados e controlados neste mundo, e a sociedade é não mais que uma prisão a céu aberto onde somos todos presos. A prisão é toda esta sociedade de controlo, e uma ameaça a todos, fazendo pairar o medo sobre todos os que estão fora dos muros. Mesmo quando esse medo não é consciente, a prisão é a ameaça final, a espada que tanto ditaduras como democracias nos encostam aos pescoço. A prisão não é apenas o seu edifício num local distante e isolado. Ela é todo o mundo que a constrói e que dela necessita, e todas as empresas, instituições e pessoas que a apoiam e com ela colaboram de forma directa. Lutar contra a prisão é lutar contra o seu mundo. É nos actos de insubmissão, pequenos ou grandes, que nos revemos. E são actos de insubmissão que queremos ajudar a alastrar.

Janeiro 2010 // Solidários com os presos em luta »

Retirado de: Indymedia Portugal

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