Na manhã desta quarta-feira (9), estudantes atacaram a delegacia de polícia de Alexandria, em Amathia, com coquetéis molotov. Enquanto isso, varredores de rua e lixeiros renovaram a sua greve por mais 48 horas em Atenas. A cidade está tomada de montes de lixo que quase bloqueiam as ruas.
Na questão jurídica, três dos detidos em Tessalônica estão em prisão preventiva à espera de julgamento. Continuam em várias cidades gregas os processos legais de outras pessoas presas durante os últimos dias de manifestações.
Em Mytelene, na ilha de Lesbos, os manifestantes ocuparam quatro estações de rádio e leram comunicados exigindo a libertação imediata de todos os detidos.
Manolis Glezos, um veterano da Resistência conhecido por ter baixado a bandeira nazista sobre a Acrópole (a mais conhecida e famosa das acrópoles da Grécia) durante a ocupação denunciou as prisões como terrorismo de Estado contra o povo e o movimento, enquanto que a Associação de Advogados juntou-se a condenação dos detidos no espaço anarquista “Resalto” como repressão política.
Em mais uma armação policialesca, característica da ética do Estado grego, um menino foi liberado em Tessalônica, depois que a polícia admitiu que tinha "posto" uma mochila cheia de coquetéis molotov para ele. O jovem estava sendo acusado de carregar a mochila cheia de objetos incendiários. Mas um vídeo gravado por uma pessoa durante a sua detenção mostrou que ele não carregava nada, que tudo não passava de uma maquinação das autoridades. Os policiais não foram suspensos ou imputados.
Além disso, em um gesto de colaboração sem precedentes desde a Junta [dos Coronéis], as autoridades do reitorado da Escola de Direito de Atenas anunciaram medidas para desocupar e não permitir a entrada de não alunos em suas dependências.
Em Chania iniciou-se uma investigação sobre a colaboração entre a polícia e grupos fascistas durante os recentes distúrbios depois da publicação das fotos do chefe de operações abertamente coordenando os fachas. Os fascistas atacaram imigrantes em Chania duas vezes desde o fim das manifestações.
Os últimos acontecimentos na Grécia vêm em um clima de extrema tensão econômica no país, uma vez que a agência de classificação de risco de crédito Fitch rebaixou o rating de crédito da Grécia de A- para BBB+. A medida atinge os principais bancos gregos: Banco Nacional da Grécia (NBG), Banco Alpha, EFG Eurobank Ergasias (Eurobank) e Piraeus Bank. A agência enfatizou os "temores sobre a perspectiva de médio prazo para as finanças públicas, dada a fraca credibilidade das instituições fiscais e o cenário político na Grécia". A situação do orçamento grego é muito difícil. Esta descida resultou no colapso do mercado acionário, que se reduziu ao valor de dez anos atrás. O primeiro-ministro grego anunciou que o país está pela primeira vez em uma "crise de soberania nacional desde 1974”, acrescentando mais dramaticamente que "o país está em cuidados intensivos”. O governo teme que as reformas estruturais necessárias para aumentar o nível de qualificação da dívida pública possa levar à Grécia a uma agitação social que faria que a Revolta de Dezembro fosse apenas um distúrbio de sábado.
Nesta quarta-feira estava previsto o julgamento contra o anarquista Giannis Dimitrakis (detido em janeiro de 2006, depois de assaltar um banco no centro de Atenas). O julgamento foi suspenso e transferido para a próxima semana. Solidários que foram até o Tribunal puderam vê-lo de longe e saudá-lo com gritos de ânimo.
Terça-feira (8), além das manifestações solidárias no centro de Atenas e Tessalônica, também ocorreram atos públicos em Trikala, Chania, Rethymo, Giannena, e muitos bairros periféricos de Atenas. Da mesma forma ocorreram concentrações em paradas de metrô e nas praças centrais de Atenas, com distribuição de panfletos e lidos comunicados solidários e contra a repressão e pela liberdade dos detidos pelo megafone.
Em Mitilene e Tessalônica algumas estações de rádio foram ocupadas. Em muitas universidades os estudantes ocuparam os edifícios, após a realização de reuniões. Isto é uma resposta à enorme repressão e à entrada da polícia na universidade. Eles exigem, em primeiro lugar, a retirada dos encargos e à libertação imediata de todos os detidos por qualquer razão nos últimos dias e, segundo, que a polícia pare imediatamente de violar o asilo universitário.
Condenam também a política do Estado na educação e as condições de trabalho. Eles também exigiram a proibição dos despedimentos e a abolição das leis universitárias aprovadas pela administração passada (sobre a privatização, a entrada de empresas na universidade, etc.- isto foi aprovado em 2006-2007, apesar de um grande movimento estudantil, que só conseguiu parar algumas partes da nova legislação). Os estudantes e os anarquistas estão planejando novas manifestações para esta quinta e sexta-feira.
agência de notícias anarquistas-ana
em nosso universo
breve, passa, com pressa! e
graça, a borboleta
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