domingo, 20 de janeiro de 2008

[Insurreição] 18 de Janeiro de 1934 : a última revolta do tempo em que os sindicatos eram armas.


Em 18 de Janeiro de 1934, uma greve geral insurreccional e revolucionária ergue-se contra a ditadura instaurada pela oligarquia militar e económica que a partir de 1926, tenta aniquilar o movimento sindical tão dinâmico durante a Ia República. Com o direito à greve proibido e a polícia política em acção, corajosos militantes vão contestar a fascização dos sindicatos decidida pelo regime de Salazar.

Iniciam clandestinamente o movimento, a CGT (Confederação Geral do Trabalho, anarco-sindicalista) e a Comissão Inter-Sindical (ligada ao PCP). O apoio de grupos de militares republicanos viu-se comprometido meses antes, ao ser detido o militar republicano Sarmento Beires seguida da detenção dos militantes anarquistas Acácio Tomás de Aquino e Mário Castelhano, da CGT.

Despoleta-se assim, sem grandes apoios mas uma abnegada determinação na noite de 17 para 18 de Janeiro a Greve Insurreccional. Em muitos locais, os trabalhadores constituíram comités de greve, ocuparam fábricas, sabotaram os comboios, e chegaram mesmo a apoderar-se de armas de quartéis da GNR, e a constituir um curto contra-poder revolucionário.

A mitificação e isolamento do episódio da Marinha Grande, com ajuda do PCP, é absurdamente redutor dos factos: o movimento tem igualmente expressão nas zonas operárias de Lisboa, Barreiro e Setúbal, bem como em Sines, Silves e em Coimbra. No livro da historiadora Fátima Patriarca (Sindicatos contra Salazar, ICS, 2000) fica bem expresso isto como se pode ler na resenha que o livro mereceu na Análise Social, por Henrique N. Rodrigues.

A acção foi, sobretudo, de raiz anarco-sindicalista, tendo nele participado, em menor escala, os comunistas e alguns socialistas e sindicalistas autónomos, mas sem qualquer apoio conhecido dos republicanos democratas. Edgar Rodrigues, no seu livro ("A Resistência Anarco-Sindicalista à Ditadura. Portugal 1922-1939"), considera mesmo como estratégia dos comunistas a derrota da greve, para nas suas cinzas, tomarem as rédeas do movimento operário português, que se teria materializado numa acção de antecipação em Lisboa, protagonizada por militantes comunistas antes do combinado.

Seja como for, a repressão da ditadura é brutal com inúmeras prisões. 57 dos 150 presos que vão inaugurar o Campo de Concentração do Tarrafal, participaram no 18 de Janeiro e muitos lá morrem.

A revolta do 18 de Janeiro é bastante desconhecida hoje em dia em parte devido a 48 anos de ditadura em Portugal mas também devido a uma tentativa partidária por parte da esquerda em tentar abafar o que é a história revolucionária operaria em Portugal.

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