sexta-feira, 16 de abril de 2010

[Grécia] Uma resposta firme e sarcástica à polícia e aos meios de comunicação

Uma resposta firme e sarcástica à polícia e aos meios de comunicação sobre a “cruzada anti-anarquista” em Atenas

[Manólis Berajá é libertário e autor da carta abaixo, escrita com dignidade, firmeza e ironia. A mensagem foi encaminhada para a polícia e os meios de comunicação da Grécia. Berajá está entre aquelas pessoas cujas casas foram invadidas pela polícia nos últimos dias em relação a “cruzada anti-anarquista”. Um dos seis anarquistas presos é seu parente.]

A minha resposta à montagem incriminatória por parte da polícia e dos meios de comunicação:

Sou o "intelectual", o "chefe", o "cidadão da região de Magnisía", com "visitas freqüentes a Atenas e à Ilha de Icaria", que tem "um papel organizativo" nas mobilizações anarquistas... e pergunto-me: As vossas classificações terão algum fim?

Talvez seja o "perfil" que precisam montar, a cada vez que necessitam criar um "grupo terrorista”.

Quiçá falte alguma peça do quebra-cabeça que estão tentando montar, e essa peça seja eu…

• Sim, tenho 60 anos (mas no âmbito político onde atuo não existem chefes).

• Sim. Vivo na casa que revistaram no domingo, 11 de abril passado, no bairro de Kipséli (c/ Sporades nº 21), sem chegar (naturalmente) a nenhum resultado.

• Sim. Sou o pai da esposa de Kóstas Gurná (quer dizer, é o meu genro!).

• Sim. Sou o avô dos seus dois filhos gêmeos de 16 meses, e finalmente...

• Sim. Sou anti-autoritário!

Confesso que participo, desde a década de 70, nas lutas sociais, do lado dos oprimidos, contra o Estado e o capital. E, sendo o meu histórico mais longo do que vocês possam imaginar, aqui farei uma menção do meu passado mais recente:

Participava e continuo participando, de maneira ativa, na "Coordenadora Solidária com os Imigrantes", em movimentos solidários com a luta Zapatista no México, em iniciativas solidárias com os presos, na "Assembléia Solidária com Konstantina Kuneva", na "Assembléia Popular dos bairros de Petralona-Tiseo-Kukaki" e no Centro Social Ocupado Autogestionado (CSOA) Pikpa.

E para poder ajudá-los melhor ainda em suas operações, ainda lhes direi que nestes últimos dias (isto é, nos dias em que puseram em marcha as detenções e investigações espetaculares aqui mencionadas) estive junto da minha filha. Ou seja, na casa que vocês revistaram no domingo, 11 de abril passado.

Parece evidente que a vossa operação (ao estilo mais puro de Hollywood) de dissolução e detenção do grupo "Luta Revolucionária", foi à desculpa perfeita para distorcer a realidade e confundir a opinião pública. Para poder aplicar as vossas medidas anti-sociais e anti-obreiras, como, por exemplo, a entrega do país ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

É indubitável que a solidariedade massiva e popular para com os detidos-perseguidos, como "supostos membros do grupo Luta Revolucionária", é já um fato. Faço parte desse movimento solidário e aí continuarei, até a sua libertação total.

A criminalização das relações familiares, de amizades e para com todos e todas que resistem, é uma tática já conhecida, e eu estou conscientemente do outro lado da barricada.

Manólis Berajás

Atenas, terça-feira, 13 de abril de 2010.

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

pequena abelha
deixa em mim
a sua dor

Alexandre Brito

quinta-feira, 15 de abril de 2010

[Grécia] Anarquistas ocupam TV em Creta

Ontem (dia 14 de Abril) 70 anarquistas ocuparam uma estação de TV em Creta! Entretanto foi ocupado também um jornal e a sede do partido no poder (PASOK) em Heraclion.

Para hoje estão convocadas manifestações para 10 cidades!

Tudo isto são acções em solidariedade com os detidos dos últimos dias.



O vídeo tem legendas em inglês.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

[Grécia] 70 pessoas são detidas em Atenas

Nesta terça-feira (13 de abril), por volta das 22 horas, cerca de 70 pessoas foram detidas num Parque Auto-Organizado no bairro de Exarchia, sem qualquer motivo aparente. Centenas de policiais invadiram o pequeno parque - criado em março de 2009 - espancando e ferindo brutalmente dezenas de pessoas.

Após a operação policial, e enquanto as pessoas estavam detidas numa delegacia, mais de 150 pessoas marcharam de Exarchia até a delegacia aos gritos de solidariedade e contra a repressão e o estado policial. Aos poucos todos os detidos foram liberados sem nenhum cargo.

Surpreendentemente, entre os detidos estava um cão, cujo infeliz proprietário tinha levado para um passeio no parque, ambos acabaram presos. (sic)

Fotos da operação policial em Exarchia:

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153607

Fotos dos 6 anarquistas saindo do Tribunal ontem (12):

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153574

Fotos de solidários sendo espancados pela polícia na saída do Tribunal:

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153591

Fotos que revelam a farsa midiática e das autoridades gregas, que mostram “provas” policiais de um suposto tiroteio dos anarquistas presos com forças de segurança no sábado (11):

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153685

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153449

Comunicado da Escola Politécnica de Atenas ocupada

No sábado (10 de abril), ocupamos o Politécnico conduzidos por sentimentos de uma enorme raiva e de solidariedade com os nossos companheiros. Queremos mostrar que existe uma parte da sociedade que luta, e que continuará a resistir independentemente do que vocês façam.

Compreendemos demasiadamente bem o jogo sujo da mentira e da manipulação de massas que os meios de comunicação põem em prática. Estes mentirosos do discurso e condutores da manipulação usarão com maestria as suas armas, a desinformação, a calúnia e o desvio daqueles que são os verdadeiros problemas: a bancarrota econômica e social, de modo a manterem o mundo adormecido e inativo. Ou mesmo com medo. Orwell, nem nos seus piores pesadelos poderia imaginar o modo como nos encontramos hoje em dia na ditadura televisiva.

A isto nós respondemos:

As lutas sociais não são criminalizáveis, não são reprimíveis. O Estado devia assumir a sua responsabilidade, tal como nós o fazemos.

A partir do dia de hoje, e cada dia que se seguirá, tem início um feroz ataque de contra-informação, no espaço do Politécnico em si, mas também em cada canto de Atenas. Recusamos baixar as cabeças e aceitar a avidez-de-terror iniciada pelos meios de comunicação. O “terrorismo interno” é a mentira que cega o espectador de TV médio, e que o prende a uma ridícula caça às bruxas.

Existem muitos feiticeiros e muitas bruxas que caminham encapuzados na floresta da cidade.

A ilegalidade burguesa não passará.

A partir de agora, a nossa contra-informação vai chegar aos ouvidos até do cidadão mais improvável.

Não pararemos de informar e de nos opormos sem piedade às acusações montadas contra os nossos companheiros.

Nenhum refém nas mãos do Estado!

Basta de mentiras! Eles são lutadores, não são terroristas!

agência de notícias anarquistas-ana

Possuí
tomei posse –
poções mágicas.

Jandira Mingarelli

segunda-feira, 12 de abril de 2010

[Lisboa] Dia Internacional de Acção Anti-Transgénicos

No dia 17 de Abril de 2010 a Plataforma Transgénicos Fora vai homenagear publicamente o arroz doce. Se gosta de arroz, em particular deste prato exemplar da nossa doçaria, venha ter connosco e ajude à festa! Pode aproveitar para dizer ao Ministro da Agricultura que vote contra a aprovação de arroz transgénico para Portugal e União Europeia, que está para breve. O arroz que conhecíamos está de saída - não o deixe ir embora!

Retirado de: http://stopogm.net

quarta-feira, 7 de abril de 2010

[Espanha] A recuperação de dois hinos históricos: Hijos del pueblo e A las barricadas!

Quando abordamos a história do anarcosindicalismo ibérico não podemos deixar de valorizar os símbolos que a têm representado durante estes cem anos que agora cumpre a CNT.

A bandeira vermelha e preta, Heracles com o leão de Neméia, as próprias siglas da CNT, são sem dúvida as principais representações gráficas do anarco-sindicalismo ibérico, ainda que seja bastante mais antiga do que a própria CNT.

Mas se falamos de música, são duas as canções que sempre se destacaram mais entre todas as outras que têm acompanhado a nossa história e serem consideradas hinos, "Hijos del pueblo" (Filhos do povo) e "A las barricadas!" (Às barricadas!).

"Hijos del pueblo" parece ser de 1885 e foi composta pelo tipógrafo Rafael Carratalá Ramos. A verdade é que teve um tremendo êxito nos círculos obreiros da Primeira Internacional e passou a se tornar (juntamente com a "Internacional"), como canção referência para os socialistas anti-autoritários.

"A las barricadas!", por seu lado, é uma versão de "Warszawianka" ou "Varsoviana", canção composta na prisão pelo poeta polaco Wacław Święcicki, em 1883.

Diferentes versões de "la Varsoviana" tornaram-se populares em toda a Europa, em solidariedade com o movimento obreiro polaco, que lutou duramente pelos direitos dos trabalhadores e contra a ocupação russa.

Em novembro de 1933, foi publicada a partitura no jornal "Tierra y Liberdad", em Barcelona, com letra de Valeriano Órobon Fernandez e arranjos musicais para coro de Angel Miret.

Aquela versão foi intitulada "Marcha triunfal. A las barricadas!" e pouco tempo depois ganhou em popularidade ao tradicional "Hijos del pueblo".

Ambas as músicas foram gravadas em 1936 pela Orfeão Catalão de Barcelona, sob a direção de Francesc Pujol.

No caso dos "Hijos del pueblo", com uma letra diferente da original de 1885, mais curta e voltada para o confrontação bélica.

O projecto de "restauração"

As gravações das duas canções que chegaram até nós têm um grande valor histórico, mas, infelizmente, muito baixa qualidade sonora. Apesar disso, elas ainda são usadas porque não existia nenhuma versão "restaurada".

Para marcar o centenário da CNT, foi colocado sobre a mesa uma velha idéia: a regravação de "Hijos del pueblo" e "A las barricadas!".

O primeiro passo foi tentar localizar as partituras, por isso fomos à Fundação Anselmo Lorenzo, esperando que estivessem depositadas nos seus arquivos. Infelizmente, fomos informados de que, se ainda existiam, estavam desaparecidas, provavelmente perdidas ou destruídas no fim da guerra.

Mais tarde, pusemo-nos em contato com o jornal "Tierra y Liberdad" que nos deu uma extraordinária alegria: tinham as partituras!

Enviaram-nos as partituras de "Marcha Triunfal. A las barricadas!" de 1933 e duas de "Hijos del pueblo", a versão original e a de 1936.

Comprovamos que só existia uma partitura para voz e piano, faltava a orquestração. Isso significava que tinha que se voltar a reconstruir a partitura geral completa, ou seja, as vozes de cada instrumento e do coro.

Tivemos uma reunião com os companheiros Carmen Gutierrez Aira, professora do Conservatório de Bilbao e Kepa Bermejo, membro do coro de Ensanche, onde arranjamos as partituras e gravações, e explicamos o projeto.

Compôr e gravar

Através de Carmen Gutiérrez Aira, no início de abril, o compositor Juan Manuel Yanke começou a trabalhar com os limitados materiais que lhe fornecemos.

O trabalho de Juan Manuel Yanke foi sem dúvida o mais importante na concretização deste projeto. Foram incontáveis as horas de esforço pessoal de maneira completamente desinteressada para dar voz a cada um dos instrumentos.

No caso dos "Hijos del pueblo" foi inspirado na gravação de 1936, com uma longa introdução musical à qual acrescentou o seu toque pessoal sinfônico antes da contundente entrada do coro, cantando a letra original de 1889.

A sua versão de "A las barricadas!" surpreenderá sem dúvida pelas suas diferenças em relação à gravação de 1936. Juan Manuel Yanke faz na introdução toques especiais às versões em alemão e russa de "La Vvrsoviana" com a entrada do coro suave e escalonada. Após uma pausa, todas as vozes se incorporam em pleno vigor.

Há algumas reviravoltas melódica e rítmica diferentes da versão gravada em 1936 e tem a sua explicação: a partitura em que ele se inspirou é anterior à que utilizou o Orfeão Catalão, pelo que podemos considerar que temos recuperada a versão original.

Temos de agradecer o trabalho árduo dos companheiros José Martin Alvarez, editando a partitura e partes separadas, fazendo correções e participando como músico na orquestra. Carmen Gutierrez, concertista na frente da orquestra, coordenadora e produtora musical. Luis Gamarra, dirigindo o coro e a orquestra dos primeiros ensaios. Mario Clavell Larrinaga, que além de tocar flauta, ajudou em todos os assuntos relacionados com as necessidades da gravação. E todo o coro, que tem atuado, literalmente, "por amor à arte".

Além disso, Juan Manuel Yanke teve a generosidade suficiente para ceder desinteressadamente à CNT os direitos sobre as composições.

Após vários meses de trabalho árduo, compondo, escrevendo, organizando, reunindo músicos e cantores de diferentes corais... depois de largas horas de testes e correções, em 14 de novembro de 2009 teve lugar a gravação final no Conservatório "Juan Crisostomo de Arriaga" de Bilbao.

Duas versões de cada canção, coral e instrumental, coro misto com 23 pessoas, diretor e equipe de gravação.

O resultado será editado em breve em CD, com uma faixa de vídeo com o "Making of" realizado pelo companheiro Victor Gonzalez Rubio, diretor de cinema.

Em conclusão, é de notar que, no caso de "A las barricadas!" é a primeira gravação com orquestra e coro desde 1936.

A recuperação dos "Hijos del pueblo" é ainda mais emocionante porque nunca havia sido gravada, nestas condições, com a letra original.

Um lindo acto de memória histórica que não se desvanecerá.

"A las barricadas" - 2010


"Hijos del pueblo" - 2010

Tradução > Liberdade à Solta

[Itália] Declaração ao tribunal lida por um dos anti-racistas anarquistas de Turim detidos a 23 de Fevereiro de 2010

9 de Março de 2010

A maioria dos acusados neste julgamento são anarquistas, e acusar anarquistas de “instigação à prática de um crime” é uma tarefa bastante fácil, tanto como atirar sobre a Cruz Vermelha.

Levando consigo um sentido de justiça e liberdade que nada tem a ver com a lei, cada anarquista faz da sua vida um contínuo convite a lutar contra a injustiça, e portanto a violar as leis que produzem essa injustiça: a vida de cada anarquista é uma longa e reiterada “instigação à prática de um crime”.

Aguardando com esperança por um qualquer passo legal que declare finalmente que os anarquistas pelo simples facto de serem anarquistas são criminosos, aqueles que hoje nos acusam são compelidos a provar que alguém, do lado de fora, levou os presos nos centros de detenção de migrantes por toda a Itália a revoltarem-se semana após semana durante os últimos dois anos, causando milhares de euros de danos e perturbando o mecanismo de expulsão. E essas mesmas pessoas têm de descobrir uma prova qualquer que seja de que este “instigador” está hoje sentado no banco dos acusados.

Esta prova não se consegue encontrar em nenhum dos mandatos de detenção que nos foram emitidos. E não se consegue encontrar porque nunca houve qualquer “instigação”, e não foi necessário nem teria sido correcto que essa instigação ocorresse. Antes de mais, porque as pessoas não precisam de apelos nem de frases incendiárias para se revoltarem. Pelo contrário, é a injustiça que origina conflitos, que por sua vez podem conduzir a revoltas.

E aqui está a injustiça, uma injustiça que é bastante evidente. Querem que pessoas que arriscaram tudo o que tinham para conseguirem chegar às nossas cidades sejam atiradas fora, de bico calado. Ou que pessoas exploradas durante anos em campos, terrenos de cultivo ou cozinhas de restaurantes finos se deixem atirar fora. Ou que aqueles que aqui chegaram ainda crianças e não têm ninguém à sua espera nos países de origem se deixem também ser deportados. E como se tudo isto não bastasse para gerar conflito, no interior dos centros de detenção pessoas sem documentos são privadas de tudo, reduzidas a um mero corpo deixado para morrer por falta de tratamento médico ou por desespero, um corpo para ser espancado ou abusado sexualmente – especialmente quando são mulheres que estão envolvidas.

Se tudo isto é verdade – e descobrirão que o é nas próprias páginas deste mesmo julgamento –, o conflito nos centros de detenção de migrantes é não só natural como é o único instrumento através do qual os migrantes presos conseguem reafirmar o seu ser humano, um facto que de outra forma lhes é negado.

Por esta razão, os migrantes não precisaram de esperar por nós nem por ninguém que começasse a lutar e a tentar escalar ou destruir aqueles muros. E não pararam de o fazer agora, para embaraço de quem nos prendeu na esperança ridícula de levar paz aonde nunca poderá existir paz. Nunca houve a necessidade de uma “instigação” externa porque os métodos e modos da luta têm de ser autónomos, têm de reflectir as experiências e conflitos daqueles que estão fechados à chave, têm de descobrir os seus próprios tempos e expressões. Não teria sido correcto dizer: “agora façam greve de fome” ou “amanhã queimem alguns colchões” – como o procurador está estupidamente a defender.

Pelo contrário, aquilo que sempre dissémos foi: “estamos aqui”. Por outras palavras, oferecemos os nossos meios de informação e rede de contactos, encorajámos relações entre os vários centros de detenção em luta, chegámo-nos à frente para amplificar as vozes dos presos o melhor que conseguissemos, promovemos as nossas iniciativas juntamente com as que tomavam lugar nos centros de detenção. Tudo isto pode certamente afectar o curso das coisas, mas chamá-lo de “instigação à prática de um crime” são tretas típicas da polícia Italiana, além de que é também quase uma ofensa para nós.

Para dizer toda a verdade, mesmo que vos soe estranho, foram os presos que nos “instigaram” ao longo destes meses, e fizeram-no de maneira bastante simples: revelando as suas histórias para que nós as pudéssemos contar, organizando-se em segredo para que fotografias de espancamentos e vídeos de cargas da polícia se tornassem conhecidas cá fora, ensinando-nos que é possível subir a um telhado e gritar “liberdade!” mesmo que se saiba que a resposta vai ser um brutal espancamento. As aterradoras imagens de soldados a carregarem dentro das jaulas do centro de detenção de migrantes de Gradisca são imagens que nos forçam a fazer algo porque põem a nossa consciência entre a espada e a parede.

Assim sendo, o verdadeiro problema desta cidade não é “quem instiga quem”; o problema são aqueles que não se deixam ser instigados, aqueles que vêem e continuam como se não tivessem visto nada.
Mas isso é outra história.

Retirado de: Indymedia PT

domingo, 4 de abril de 2010

Taxa de suicídios é 15 vezes mais alta na prisão

Detido há sete meses no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL), L. tinha recebido uma única visita, de um irmão. De nacionalidade francesa, o jovem de cerca de 30 anos estava afastado da família e fechado num círculo de solidão. Sábado foi encontrado morto na cela. É mais um caso nas estatísticas dos suicídios nas cadeias portuguesas, que apresentam uma taxa de frequência 15 vezes superior à da população em geral.

O número de casos duplicou no ano passado. Até Novembro tinha havido 16 suicídios, quando em todo o ano de 2008 houve apenas sete. Os dados finais não constam do Relatório Nacional de Segurança Interna - apesar de haver um capítulo dedicado aos serviços prisionais. O Ministério da Justiça e a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais também não forneceram estatísticas actualizadas, apesar de durante três dias terem prometido responder às questões do i.

À semelhança do que acontece na maioria das situações, L. suicidou-se por enforcamento. "Não houve qualquer falha de segurança. Quando um detido quer suicidar-se, qualquer objecto serve, como um lençol", sublinha fonte do Estabelecimento Prisional de Lisboa. As regras de segurança obrigam a recolher cintos e outras peças perigosas, mas as revistas a reclusos e familiares não impedem que objectos proibidos entrem constantemente nos estabelecimentos. Basta olhar para as apreensões feitas em 2009: 5,8 quilos de haxixe, 73 armas brancas artesanais, 40 seringas e 70 agulhas.

A prevenção, num ambiente complexo como é o prisional, é difícil e cara, reconhece António Pedro Dores, da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (ACED). Os problemas de saúde mental têm "elevada prevalência" nas cadeias e o acompanhamento próximo de casos de risco "exige muitos recursos" e formação do pessoal. Além de que a prioridade número um é a segurança: "A pressão política e social é essa."

Em Novembro do ano passado, perante o aumento de casos de suicídio e a alarmante concentração de sete numa única prisão, a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais anunciou o lançamento de um projecto de prevenção em Custóias (Porto). Cinco meses depois, o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional queixa-se que pouco foi feito. "Tirando uma reunião, uma espécie de palestra em Custóias, que eu tenha conhecimento não houve evolução nenhuma", afirma o dirigente Jorge Alves.

Dívidas e gangues O tráfico de droga é apontado como uma das principais razões do suicídio nas cadeias. Dívidas e medo de represálias, assim como lutas entre gangues, deixam por vezes reclusos encurralados. A ACED recebe com frequência cartas e denúncias de familiares, mas António Dores lamenta que os pedidos de ajuda cheguem quase sempre "demasiado tarde".

Nem sempre é preciso procurar causas externas às circunstâncias de isolamento, que propiciam depressões e falta de auto-estima. "Os problemas mentais são antigos nas prisões portuguesas, mas nenhuma reforma foi feita", critica o dirigente associativo. Além do avultado investimento necessário, António Dores considera que também em termos sociais o problema não é considerado relevante. "Sendo a prisão uma punição, as pessoas parecem encarar o suicídio como um risco normal."

Uma fonte próxima do recluso francês critica a falta de actividades e o grande isolamento a que estava sujeito, alegando que foi impedido de receber visitas de familiares não directos. Jorge Alves, presidente do sindicato, afirma que o jovem não tinha restrições de visitas. "Estava impedido apenas pela circunstância de estar longe da família."

Um em cada cinco presos não tem nacionalidade portuguesa. A 31 de Dezembro estavam no sistema 2263 estrangeiros, dos quais 39 franceses. Sempre que há um suicídio é instaurado um processo de inquérito, conduzido pelo Serviço de Auditoria e Inspecção. Pode também ser necessária investigação criminal, se houver indícios de homicídio. Em 2006, dois casos inicialmente tidos como suicídios, no Linhó, acabaram por revelar-se crimes por estrangulamento. A Polícia Judiciária identificou o suspeito, que cumpria pena por homicídio.

in Jornal I

Em Abril no Terra de Ninguém

10.04 (sábado)- Passagem de um video sobre o assalto ao banco nacional da grécia a 16/01/06 às 18h seguido de Jantar Very tipical benefit para os anarquistas Christos e Bonanno às 20h

16.04 (sexta-feira)- Ciclo de cinema Zombie " Night of the living dead" às 20h

17.04 (sábado)- Jantar Tiramissu benefit para o terra de ninguém às 20h

30.04 (sexta-feira)- Ciclo de cinema Zombie "Dawn of the dead" às 20h

sexta-feira, 2 de abril de 2010

[Portugal] Motim na prisão de Coimbra

"No Estabelecimento Prisional de Coimbra vive-se um motim desde as 10:00. Os reclusos protestam pela qualidade da alimentação e alegada falta de cuidados médicos, disse uma fonte à Lusa. À TVI, outra fonte refere um motivo diferente para a revolta: o facto de um dos presos com autorização para uma saída precária nesta Páscoa ter sido impedido em cima da hora de a gozar. Situação está sob controlo, garante Ministério da Justiça.

Segundo avançam a TVI e o Diário IOL, desde a manhã que os guardas estão com problemas para controlar os presos e espera-se pela chegada da polícia de intervenção. Já há registo de guardas apedrejados. À porta da prisão estão três dezenas de familiares de reclusos que, devido ao motim, não podem fazer visitas.

À Lusa, fontes prisionais disseram que os reclusos recusaram entrar nas celas após o almoço em protesto pela qualidade da alimentação e alegada falta de cuidados médicos.
Fonte do Ministério da Justiça confirmou à agência Lusa que "alguns indivíduos recusaram-se a entrar nas celas depois do almoço, mas a situação está sob controlo".

Fonte prisional disse à Lusa que uma equipa do corpo de intervenção dos Serviços Prisionais, composta por 18 elementos, saiu de Lisboa em direcção ao Estabelecimento Prisional de Coimbra, o que não foi confirmado pela fonte oficial do Ministério da Justiça.

Uma outra fonte prisional explicou que os reclusos protestam contra a falta de qualidade da alimentação e dos cuidados médicos que são prestados no Estabelecimento Prisional de Coimbra.
O caso já foi objecto de uma exposição à Provedoria de Justiça no passado, mas a situação não foi até agora alterada, acrescentou a mesma fonte."

in Diário de Notícias, http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1534748&seccao=Centro

EDIT: Segundo se pode ler na actualização desta notícia já terminou o motim com o saldo de pelo menos um ferido. De qualquer modo não há muitos pormenores.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

[Argentina] Barricada e ataque contra igreja em Buenos Aires

Comunicado:

Ontem (24 de março), antes da celebração de mais um aniversário do último golpe militar, enquanto a Praça de Maio ficava lotada pelas Mães, agora aliadas do governo, em conluio com vários setores peronistas - e a esquerda preparava a habitual procissão no Congresso - um grupo de companheiros e companheiras anarquistas decidiu fugir da lógica de rebanho e de lugares comuns para mostrar um suposto descontentamento e deixar claro que, tanto em democracia como em ditadura, o inimigo a destruir é a dominação, entre a mesma espécie e da espécie sobre a natureza.

Assim que soaram às três e meia da tarde, atacamos a igreja situada entre Callao e Tucuman, em pleno centro de Buenos Aires, com bombas de tinta, pedras e instalação de barricadas com pneus em chamas e outras coisas encontradas por ali.

No local ficou pendurada uma faixa com a inscrição bem visível: "Nem Ditadura, Nem Democracia, Viva a Anarquia!"

Tudo isto durou menos de 10 minutos. Quando a polícia chegou, e para surpresa daqueles idiotas, o/as companheiros/as já tinham se dispersado sem qualquer problema, felizes por manter viva a chama de tantos combatentes que fizeram da subversão a sua práxis diária.

Não queremos perder esta oportunidade para saudar todos/as o/as companheiros/as, prisioneiro/as em diferentes regiões do mundo, aqui ao Diego, à Galle, ao Leandro, e a tantos outro/as mais… ao Freddy Fuentevilla e ao Marcelo Villarroel, agora seqüestrados pelo Estado chileno, a todos/as presos/as em guerra e aos que, dia a dia, nas ruas fazem pagar caro ao inimigo com todos os meios ao seu alcance.

Em vingança por Mabel Guerra, assassinada por um prefeito na Villa 31, por Luciano Arruga, desaparecido após ser preso e torturado na delegacia de polícia em Lomas del Mirador, por Luciano Gonzales, desaparecido após a repressão em Corcovado, em memória do companheiro Lambros Fountas, morto em combate com a polícia grega, pelo companheiro Mauricio Morales e ao companheiro Diego Rios, em fuga insurgente, ludibriando as autoridades chilenas.

Solidariedade com os presos em greve de fome na unidade de La Plata!

Pela destruição do Estado, dos seus defensores e dos seus falsos críticos!

Contra a democracia, contra a ditadura, pela anarquia, pela liberdade!

Importante: Não escolhemos a igreja como alvo para ser atacar pelo simples fato do “apoio ao golpe militar", mas porque é mais uma entidade a destruir, uma entidade que transcende as formas de governo que existem num determinado momento.

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

um gato no telhado
para os pardais novos
que alvoroço!

Rogério Martins