sexta-feira, 7 de maio de 2010

[Porto] Casa okupada Buraco Negro desalojada!!!

Depois de um estranho incêndio ter destruído uma parte do edifício esta manhã a polícia foi ao local e desalojou quem lá estava! Algumas pessoas foram detidas, fica aqui um relato postado no Indymedia:

Despejo no Porto - Um Relato

7h30

A bófia entra a dizer que toda a gente tem de ir embora. Na prática, a efectuar um desalojo. Com a conversa (?), quando se apercebem que estão todos fora, os okupas trancam a porta e barricam-se.
A policia entra em força e agride uma rapariga, sendo que, na resposta, dois policias são levados ao hospital com ferimentos (não testemunhados). Nove pessoas que se encontravam dentro da casa são detidas, quatro (2 rapazes e duas raparigas, para respeitar a paridade) com acusação de resistência e agressão à autoridade.

Depois de controlada a situação, é dada uma hora para retirar as coisas todas. Os detidos não puderam muito para além de pôr algumas coisas mais importantes resguardadas e o resto foi parar à lixeira, entre roupas, livros, colchões e muito mais.

9h30

Logo à chegada, aproveitei a entrada de algum responsável por qualquer coisa para ir atrás dele e poder entrar na okupa. O objectivo era estar com alguém de dentro. Não deu. O contacto com alguém que lá estivesse aquando do desalojo foi impossível, a não ser umas frases soltas quando levavam algum deles para a carrinha.

Pouco depois veio o comandante ver quem eram estes que estavam a apoiar o pessoal. E, é claro, começou a ser bombardeado por perguntas, estilo “tem mandato de despejo?”, a que respondia que tinha um fax do proprietário a afirmar que nunca autorizou ninguém a estar lá, o que não é verdade (mas não há documento escrito com a autorização, por isso não se pode provar). O fax não foi apresentado, nem qualquer outro documento a demonstrar a legalidade da acção policial. Argumentou que quem lá estava eram os bombeiros, para verificar as condições depois do incêndio, e que a policia só lá foi para apoio. Depois de todos os ocorridos, é difícil engolir esta. Bombeiros, nem vê-los, só vi o chefe deles a conversar com um “representante do proprietário”, mais nada. Este último também não interveio, ficou-se sem saber quem era. Documentação, ordens de ribunal, fosse o que fosse, nada.

Quando chegou a vez do comandante prestar declarações à comunicação social (JN), virou-se para a jornalista e disse, baixinho “vamos mais para ali”. Como me apercebi, cheguei ao ali mais depressa que eles, na esperança de poder intervir a qualquer momento. Efeito curioso, o ali tornou-se mais acolá, eu aproximava-me e eles afastavam-se. Finalmente, lá conseguimos entre todos rodear entrevistadora e entrevistado, e fomos rebatendo as afirmações que ele ia fazendo (local dedicado à toxicodependência, tráfico, condições de salubridade, ocupação ilegal…) Como o pessoal não se calava, começou a ficar chateado e, ás tantas, vira-se para a repórter e convida-a a entrar, junto com o fotógrafo. Essas imagens vão aparecer de certeza, por isso convém fazer notar que foram tiradas já depois de a casa ter sido toda revirada, terem sido despejadas as pessoas, tudo junto e amontoado e a ser levado para os carros, polícias a dar pontapés nas coisas, enfim, uma barafunda mais exógena que original.

Se não tivessem aparecido alguns companheiros, as coisas deles teriam ido todas parar à lixeira, e mesmo assim não se conseguiu evitar que se enchessem muitos sacos com destino ao pardieiro.

A conversar com o comandante, falou-se do 25 de Abril, e um deles saiu-se com esta “O 25 de Abril foi para trazer a liberdade, não a libertinagem!”

Um dos detidos saiu com o sobrolho aberto, e foi o único ferimento que pude registar. A ver da próxima vez que estiver com ele se a coisa ficou por aí. Como é um dos acusados, e ainda não se sabe o que vai acontecer quando forem presentes a juiz, o que em princípio acontece esta tarde, é
possível que passe o fim-se-semana detido e, assim, as minhas fichas apostam que não.

No fim, ameaçaram que, se não tirássemos os cães (que tinham sido fechados num carro e numa carrinha) no prazo de uma hora, estes seriam enviados para o canil, a expensas dos detidos. Lá se conseguiu ir à esquadra buscar as chaves e voltar dentro do limite.

Encheu-se 3 carros e uma carrinha com o que se pode, com muita canzoada pelo meio, que já de manhã tinha tido uma alvorada perfumada a gás-pimenta, e lá fomos nós., fodidos como é costume, e lá ficaram eles, satisfeitos por mais um dia de trabalho bem passado.

Mais informação aqui e aqui.

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