No final deste ano, a contestação à cimeira da NATO a realizar em Portugal será certamente um teste à nossa capacidade de mobilização solidária. Mas, para além disso, decorrerão em 2010 nos tribunais vários processos judiciais contra activistas portugueses. Estes assuntos, nunca suficientemente mediatizados, acabam por ser considerados pela maioria dos portugueses como politicamente incorrectos e insignificantes. No entanto, abandonar as pessoas envolvidas à sua sorte seria como deixar de regar a semente de revolta e liberdade que lançaram para a terra.
O CCL é um espaço anarquista existente há 35 anos em Cacilhas, único pela sua longevidade e pelo papel de preservação da memória histórica libertária que desempenha, mas também pela ligação afectiva que gerou em várias gerações de anarquistas, que nele encontraram um espaço de aprendizagem, de experimentação e divulgação das suas ideias. Nesta altura, está com a sua existência ameaçada, às mãos da especulação imobiliária, com um proprietário sedento por rentabilizar um espaço central e um tribunal naturalmente empenhado em fazer cumprir a ordem vigente, que manda defender o interesse dos proprietários e a propriedade privada, alicerces essenciais deste sistema baseado na desigualdade e na exploração. Temos testemunhado a existência de concentrações e benefits de apoio. Mas será necessária mais ajuda, principalmente monetária, para que haja possibilidades de impedir o desaparecimento deste espaço.
Dia 22 de Janeiro, teve início o julgamento dos 11 detidos na manifestação anti-autoritária e anti-fascista de 25 de Abril de 2007, acusados de “agressão, injúria agravada e desobediência civil”. Quem se lembra das imagens desse dia, não pode deixar de recordar a cegueira da violência policial e, quem mantiver dúvidas, ficará com menos, depois de saber do golpe do Ministério Público, que pretende ilibar um agente que a inspecção considera ter agido com excesso de força e culpa grave, de forma a não fechar as portas ao castigo dos que ousam protestar para além dos limites da contestação autorizada. Perante esta farsa judicial, que continua a 11 de Fevereiro com a audição dos polícias, testemunhas de acusação, a resposta só pode ser uma: ser solidário defender a liberdade de expressão, opinião e manifestação, ser implacável na denúncia das arbitrariedades cometidas pela polícia, dentro das prisões, esquadras e fora delas, mobilizar a opinião pública para a luta contra esta aberração da actuação das forças policiais. Podes, ainda, deixar o teu nome no abaixo assinado de solidariedade.
Finalmente, também já nos tribunais está o caso dos arguidos de Silves, um processo onde está em jogo a legitimidade da desobediência como forma lógica de participação, quando em causa estão valores tão importantes como a soberania alimentar, a saúde ou qualquer outro direito básico da condição humana. No dia 30 de Janeiro, na CasaViva, no Porto, haverá um primeiro benefit em território português, depois de alguns, noutros países, terem permitido o andamento das coisas até ao momento. Será necessário bastante mais apoio.
Retirado de: Indymedia Portugal
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