Terça-Feira, 25 de Janeiro 2011, Tribunal de Salónica
Duas testemunhas foram chamadas pela defesa de Michalis. Estiveram com ele no dia da manifestação e testemunharam que ele não estava a usar uma mochila, pois conseguiam vê-lo claramente por trás. Também não o viram atirar nada, e perderam contacto com ele nas nuvens de gás lacrimogéneo. Estas testemunhas foram ouvidas 10 minutos cada.
Foram chamadas três testemunhas para Kastro. A primeira testemunha conhecia Kastro de Creta já há alguns anos. Disse que ele não levou nenhuma mochila na manhã em que deixaram o seu apartamento partilhado. Foi-lhe perguntado se seria possível que Kastro tivesse levado o seu visto de residência e o tivesse deixado noutra mochila. A testemunha respondeu que ele não tinha visto de residência. Kastro tinha feito um pedido para o visto em 1997 e foi recusado. De qualquer das maneiras o alegado documento não foi incluído na lista de posses feita pelos polícias que o detiveram.
A segunda testemunha é um doutor que esteve com Kastro por volta das 18h perto da estátua de Venizelos (contrariamente ao que dizia a polícia, que afirmou que ele estava numa multidão a atirar molotovs). Ele disse que teve muitas conversas com Kastro no Festival Anti-Racista em Salónica, uma semana antes da manifestação e não ficou com a ideia de que ele fosse uma pessoa violenta. Também não se lembra de ver Kastro com uma mochila no dia da sua detenção. A última testemunha foi um professor universitário que conhece Kastro de Creta. Disse que ele não é uma pessoa violenta, e que provavelmente foi tornado numa vítima devido ao facto de ser imigrante. De novo estas testemunhas foram interrogadas muito rapidamente.
Nas duas horas seguintes foram apresentados documentos de apoio aos acusados, tais como referências de trabalho e personalidade, cartas de solidariedade de várias organizações políticas, sociais e de direitos humanos. Foi mostrada também uma notícia de como um grupo de manifestantes conseguiu processar com sucesso a polícia de Barcelona depois de terem passado por uma situação semelhante na cimeira da UE em 2002.
Foram lidas também as alegações que levaram a que retirassem as acusações contra cada acusado (originalmente feitas em Fevereiro de 2004). Depois da reabertura do processo em 2008 foram feitos alguns relatórios por parte dos constituintes do painel de 3 juízes e 4 jurados que acreditam na inocência dos acusados. Foram todos lidos. Esse relatórios sublinhavam muito do que acabou por acontecer neste julgamento: contradições entre agentes, dúvidas acerca das identificações, falta de provas, falta de pormenores, problemas com os relatórios iniciais de detenção, etc.
As três últimas testemunhas eram para Simon. A primeira conhecia Simon já há muito tempo de Londres e testemunhou que a cultura de manifestações do Reino Unido geralmente não envolve molotovs e gás lacrimogéneo. Disse também que não faz parte da personalidade de Simon agir da maneira que a polícia testemunhou. As duas últimas testemunhas estiveram com ele até poucos minutos antes de ser detido e afirmaram que apenas tinha uma mochila azul com roupa e água. Eles tinham certeza disso pois lembram-se de confirmar se tinham água suficiente antes de sair para a manifestação. Ambos afirmaram sentir-se presos nas nuvens de gás enquanto a polícia dividia a manifestação em grupos mais pequenos para carregar sobre eles. Mais uma vez as testemunhas foram interrogadas bastante rápido.
Finalmente foi a vez de os acusados deporem. O advogado de Michalis falou em seu lugar (Michalis está em prisão preventiva por causa de outra acusação) contra a criminalização daqueles que se identificam como anarquistas. Todos os acusados negaram as acusações. Era fim da tarde e os juízes estavam claramente incomodados com o sol que entrava pelas janelas. Depois de algumas perguntas do procurados e do juiz que preside o tribunal o testemunho dos acusados estava completo e o tribunal encerrado para esse dia. Parece ter acabado demasiado rápido, quase como se o testemunho dos acusados não tivesse importância.
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