sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Anarquista grego foge de helicóptero pela segunda vez da mesma prisão!

Anarquista grego foge de helicóptero pela segunda vez da mesma prisão


O anarquista grego Vassilis Paleokostas, e seu comparsa, o albanês Alket Rizaj, realizaram uma fuga espetacular em helicóptero de uma prisão de segurança máxima grega pela segunda vez em três anos, neste último domingo (22). A fuga se deu em meio a tiroteio com guardas do presídio.


Ambos foram pegos no pátio da prisão Korydallos, em Atenas, na tarde deste domingo. Os detentos escalaram uma escada de corda lançada por uma mulher que estava no helicóptero.


Guardas em solo abriram fogo e a mulher atirou de volta com um rifle automático. Não houve relatos de feridos.Paleokostas e Rizaj escaparam da mesma prisão através do mesmo método há cerca de três anosMais tarde, um casal de idosos encontrou a aeronave abandonada perto de uma estrada ao norte de Atenas. O piloto estava vendado, amarrado e com um capuz na cabeça. Ele disse à polícia que o helicóptero havia sido alugado por um casal que dissera querer ir de Itea, no centro da Grécia, a Atenas, e que foi obrigado a participar da fuga, ameaçado com uma arma automática e uma granada de mão. O casal havia alugado o helicóptero algumas vezes nas semanas anteriores.


Paleokostas e Rizaj deveriam aparecer perante um magistrado nesta última segunda-feira (23) justamente em razão da fuga anterior de helicóptero, em 4 de junho de 2006. A operação havia sido planejada pelo irmão mais velho de Paleokostas, Nikos, condenado que fugiu da mesma prisão em 1990, durante fuga em massa.


Nikos foi recapturado pelas autoridades em setembro de 2006 e ainda está na cadeia. Ele foi condenado por 16 roubos a bancos.


Rizaj, imigrante albanês, também foi recapturado em setembro de 2006. Vassilis Paleokostas foi preso em agosto de 2008.


Enquanto esteve foragido, Paleokostas é suspeito de planejar o seqüestro, em junho de 2008, de um proeminente empresário grego, Giorgos Mylonas, refém por 13 dias até o pagamento do resgate por sua família.




Vassilis e Nikos Paleokostas, dois irmãos, duas “lendas rebeldes” bem conhecidas na Grécia


Desde a queda do império Otomano em 1821 a Grécia passou a conhecer uma grande tradição muito popular de ladrões classistas e sociais, como sendo uma resposta à pobreza e à exploração. Estas pessoas tomariam de volta o dinheiro dos ricos, das autoridades, dos exploradores, e freqüentemente se escondiam em vilarejos, com a ajuda das pessoas; estas se recusariam a ajudar a polícia e os protegeria das autoridades.


Os rebeldes sempre tiveram fortes conexões com as pessoas e providenciaram para suas comunidades, por exemplo, apoio financeiro para educação e medicação, tendo por sua vez proteção da comunidade em relação à polícia. Nesta realidade, os dois irmãos Vassilis e Nikos, e ainda muitos outros, que cresceram em uma família muito pobre, não poderiam mais suportar suas próprias explorações e escravizações bem como as das pessoas que os circundam nesta sociedade, e assim, durante os últimos 30 anos, eles têm vivido suas vidas como rebeldes sociais.


Eles fizeram dezenas de assaltos a bancos, roubos de carros e fugas de presídios, mas nunca tiveram roupas elegantes, dirigiram carros caros ou viveram em casas luxuosas. De fato teve uma vez que eles atiraram de volta o dinheiro para o chão do banco, porque aquele pequeno montante não era a quantia que eles realmente precisavam. Tudo isto foi sempre enviado para onde era necessário e compartilhado com as pessoas que os protegeram, os esconderam e ainda não vão dizer uma palavra sequer para a polícia sobre os seus companheiros.


Durante todos esses anos eles permaneceram nos “subsolos”, enquanto eram trilhados pela polícia de tempos em tempos, quer resultando em bem-sucedidas fugas em carros roubados ou tendo que enfrentar um infeliz tempo de prisão. Sempre escapando dela, no entanto, com a amante e espetacular ajuda do outro irmão.


Por toda a década de 80 eles fizeram muitos assaltos, até Nikos terminar na prisão em 1988, mas foi solto pelo seu irmão, Vassilis, poucos dias mais tarde, jogando, pelo lado de fora, uma corda sobre o muro da prisão. Dois anos depois, em fevereiro de 1990 ele foi preso novamente. Um mês depois Vassilis foi infortunadamente pego com um amigo, enquanto tentava resgatar seu irmão. Esta foi, supostamente, a primeira vez em que ambos estavam na prisão ao mesmo tempo.


Em dezembro de 1990, no entanto, Nikos escapa da prisão Korydallos em Atenas após um enorme levante no presídio; a polícia então estaria procurando por ele pelos próximos 16 anos, até que o pegou, por acidente, quando estava em uma batida de carro em 2006. Desde então ele nunca mais saiu.


Em 1991 Vassilis consegue escapar da prisão de Halkida. Em 1992 ele rouba um banco. Em 1995, juntos, eles assaltam um banco em Atenas. Em dezembro de 1995 eles estavam sendo acusados de seqüestrarem o presidente da Haitoglou, uma grande fábrica de “halvas” (comida grega). Eles, supostamente, o deixaram ir após quatro dias e também após receberem 750.000 euros de resgate. O ministro da ordem pública profere então um mandado de prisão que circulou na televisão e na rádio, além de cartazes com as fotos deles e uma recompensa exatamente de 750.00 euros.


Em 1996, Vassilis foi rastreado pela polícia em Korfu, mas conseguiu escapar dela tomando um carro. Dois anos mais tarde a mesma situação ocorre em Yanitsa, e volta a se repetir em maio de 1999. Em 2003, Nikos faz uma fuga espetacular com um helicóptero.


Em 2006, Nikos, de bicicleta, roubou um banco em Veria e fugiu porque a massa de policiais lá presente estava completamente preocupada com a proteção do presidente que estava visitando as ruas de Veria naquele exato momento. Em setembro daquele mesmo ano ele teve um acidente de carro e foi preso novamente, após muitos anos se escondendo e vivendo como um fugitivo.


A polícia descobre sobre a identidade e o paradeiro do grupo porque um quarto homem estava gastando largas somas de dinheiro em carros luxuosos em Creta. Também porque Georgos Mylonas tinha declarado à polícia que durante seu seqüestro ele tinha ouvido aviões sobrevoando por lá muito freqüentemente. Com a prisão do homem em Creta eles descobriram que tinham alugado uma casa em Souroti, uma tranqüila área perto de Tessalonica, próxima ao aeroporto. A polícia alega que com 14 policiais da força especial e 10 policiais civis (é muito possível que havia bem mais), eles cercaram a casa em Souroti. Ambos foram presos lá, onde tinham também mantido Mylonas e a artilharia.


No dia 22 de agosto de 2008, todos eles foram levados ao promotor, que deu à eles três dias para preparar a defesa, e decidir sobre a continuidade da detenção pré-julgamento deles. Encaram nove acusações (3 crimes, 6 delitos). Após o processo eles foram arrastados por dois grandes policiais da tropa de elite para a imprensa, ávida para tirar uma foto dos mais procurados na Grécia, e orgulhosa de mostrar a todos que eles foram pegos; o pesadelo de todo o sistema que impõe a lei, o controle e a punição sobre as pessoas.


agência de notícias anarquistas-ana
garça pousa
na pista do aeroporto
tem o avião a mesma graça?
Charles Bicalho

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