sexta-feira, 8 de maio de 2009

Uma crónica do Primeiro de Maio Anticapitalista e Anti-autoritário – Lisboa – 2009

A partir das 16 horas, várias dezenas de pessoas foram comparecendo
no Jardim do Príncipe Real. No local era visível a presença
ostensiva de polícias à civil, para além do constante assédio de
jornalistas a fotografarem e filmarem, procurando, inutilmente,
organizadores e representantes. As pessoas foram chegando e, face
ao descrito, umas tapavam a cara, outras não, enquanto vários
panfletos iam circulando e a conversa se punha em dia, tentando
evitar os ouvidos teleguiados da democrática bufaria.



Pouco antes das 17 horas, havendo já umas cem pessoas no local,
foram abertas várias faixas: “Contra a exploração, acção directa!”,
“Os bancos roubam-nos a vida. Iremos ao seu assalto!”,
“Capitalismo: nem a sua crise nem a sua prosperidade!”, “Consumo,
logo existo. Penso, logo esbanjo”.

A manifestação partiu então, cortando o trânsito num sentido e
dificultando-o no outro, pela rua D. Pedro V, descendo as ruas de
S. Pedro de Alcântara e da Misericórdia. Gritaram-se, em crescendo,
frases contra o capitalismo, o Estado, os media e a polícia:
“União, acção, insurreição, contra toda a opressão!”, “Nem Estado,
nem patrão. Autogestão!”, “A, Anti, Anti-Capitalista!”, “Diário de
Notícias: Diário de Polícias”, “Alerta! Alerta! Surto de gripe
policial”, “A liberdade está nos nossos corações! Nem prisões, nem
bófia, nem pátrias nem patrões”, “Os bancos estão-nos a queimar.
Queimemos os bancos”, entre outras.

Entretanto, mais algumas dezenas de pessoas se foram juntando à
manifestação. Já na rua Garrett continuou-se a gritar bem alto: “A
vossa repressão só nos dá mais paixão!”.

Até ao Chiado a única presença aberta da polícia, para além dos
inúmeros agentes à paisana, foi a de um carro patrulha que seguiu a
manifestação. A partir do Chiado, um grupo de polícias a pé e em
motorizadas esforçou-se por controlar o percurso. Mas em todo o
momento a manifestação seguiu o percurso pretendido pelos
manifestantes.
Na Rua do Carmo, local do violento ataque da PSP contra a
manifestação antiautoritária contra o fascismo e o capitalismo de
25 de Abril de 2007, as gargantas esmeraram-se: “Aqui estamos outra
vez, sem medo, sem lei”; “Um povo organizado vive sem Estado”.
Algumas lojas fecharam as portas e colocaram seguranças à porta...

Continuou-se até ao Rossio, onde a manifestação contornou a festa
da União de Sindicatos Independentes, contrastando as nossas
palavras de ordem com a actuação de um rancho folclórico em pleno
palco, por certo lembrança de velhos tempos em que se comemorava a
“alegria no trabalho”...

A manifestação terminou na Praça da Figueira, após o que os
manifestantes foram dispersando.

Para nós, o balanço da manifestação é globalmente positivo. Mais de
cem pessoas apareceram e assinalaram um Primeiro de Maio combativo,
anti-autoritário e anticapitalista, independente das restantes
iniciativas que tiveram lugar na mesma tarde. Isto, apesar das
tentativas levadas a cabo pela polícia para, através de uma
campanha de intimidação e desinformação por meio de artigos
publicados na imprensa, isolar e assustar as pessoas que se
identificassem com a convocatória e pudessem aparecer. Não deixa de
ser positivo haver mais de cem pessoas que não se deixaram
intimidar.
A vossa repressão só nos dá mais paixão!

anónim@s

Retirado de: Rede Libertária

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