Este Março, Abril e Maio vêm mais cedo. Uma alteração no calendário que, infelizmente, tende mais a acompanhar uma série de ataques sociais, do que traduzir um poder de resposta por parte dos que sofrem com os mesmos.
O anúncio destes ataques sucede diariamente, à medida que crescem os sinais de uma eventual intervenção financeira do FMI e da UE. Recentemente, cerca de 12 000 desempregados perderam a única fonte de rendimento auferida, um reflexo, segundo declarações do secretário de estado Valter Lemos, do “bom funcionamento do sistema”. Dias antes, o ministério do trabalho e da solidariedade social anunciava a cobrança de dívidas à segurança social contraídas por 20 000 trabalhadores a recibo-verde, uma condição caracterizada por elevados níveis de precariedade e por reduzidos níveis de rendimento.
Tais medidas não causam espanto, apenas indignação. Aquilo que nos é apresentado como crise, ou como resposta à mesma (do PEC à «ajuda externa») é o resultado do processo de evolução de um regime económico que bateu contra a sua própria parede, procurando no endividamento financeiro aquilo que não conseguia ganhar junto dos trabalhadores-consumidores.
O alcance da austeridade, do aumento da exploração e dominação sobre quem trabalha à destruição do direito à saúde, exige um desafio à altura. É com o objectivo de, aos poucos, criar as bases para uma resposta comum que, durante o mês de Março, várias iniciativas terão lugar.
As Jornadas AntiCapitalistas, desenvolvidas por vários grupos e indivíduos, decorrerão de dia 1 a 8 de Março, culminando numa manifestação no dia 5, às 15h, no Jardim do Príncipe Real. Composta por várias actividades, de debates a lançamentos de publicações, estas jornadas propõem uma outra crise, incentivada por uma “prática que não se cinja a comités centrais, tácticas parlamentares, políticos profissionais”, mas que constitua “um momento de encontro, de reflexão e de acção, no qual possamos pensar como nos vamos organizar para reclamar as nossas vidas e os nossos espaços”.
Para o dia 12, encontra-se marcado para a Avenida da Liberdade o protesto da geração à rasca. Uma proposta que, não obstante a limitação do seu âmbito (como se a precariedade apenas atingisse jovens licenciados), parece partir de uma lógica apartidária, reunindo em seu torno a atenção de milhares de pessoas. No mesmo dia, a Fenprof convoca para o campo pequeno uma concentração contra os cortes na educação, responsáveis pela precarização e desemprego de milhares de docentes. Finalmente, no dia 19, a CGTP sairá a rua, propondo um dia de protesto e indignação contra as políticas do governo.
Retirado de: Indymedia PT
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