terça-feira, 25 de março de 2008

[Portugal] Estudo denuncia o aumento de desempregados carenciados

O número de pessoas a depender do subsídio social de desemprego aumentou em Portugal, atingindo um valor próximo dos 44 000 (mais 23% do que no mês anterior). Esta forma de prestação aplica-se a pessoas que não realizaram descontos para a Segurança Social durante o tempo suficiente para aceder ao subsídio de desemprego e que, simultaneamente, vivem em agregados familiares pobres, com um rendimento per capita inferior a 326 euros, no limiar da pobreza.

Embora, em termos gerais, o estudo realizado pelo Instituto de Informática da Segurança Social traduza os efeitos da actual crise social - essencialmente derivada do excesso de endividamento e do desmesurado recurso ao crédito como formas de revitalizar a economia mundial –, este aumento poderá estar associado a dois fenómenos bastante específicos.

Em primeiro lugar, a maior procura por este tipo de prestação acontece numa altura em que diminui substancialmente o número de pessoas que recebe subsídio de desemprego "normal" e em que os pedidos desta prestação caem sustentadamente. Um fenómeno claramente associado ao novo regime de subsídio de desemprego que prevê a redução do período de prestação para alguns segmentos da população activa, bem como a imposição de critérios mais rígidos na definição de emprego conveniente.

Em segundo lugar, o exponencial crescimento do número de trabalhadores precários em Portugal, que contando com desempregados (mas sem imigrantes “ilegais” e trabalhadores não reconhecidos, como estagiários), ultrapassa os 40% da população activa. O mesmo estudo demonstrou que a precariedade no trabalho está a afectar muitos jovens que se vêem no desemprego ao fim de seis meses ou um ano de contrato. Na verdade, quatro em cada dez pessoas que pediram a prestação social de emergência ao Estado têm idades compreendidas entre os 20 e os 34 anos.

A urgência dos problemas sociais em Portugal torna urgente novas respostas, que constituam uma alternativa à política institiucional conduzida pelos tradicionais actores políticos e que, mais do que uma atitude meramente defensiva e vitimista, organizem um forte ataque a todos os poderes – económicos, sociais e políticos – que de uma maneira ou de outra arruínam as nossas vidas.

Retirado de: Centro de Média Independente

Nenhum comentário: