terça-feira, 8 de junho de 2010

[Grécia] Algumas Notícias

Supermercado é expropriado

Ontem, segunda-feira, 7 de junho, um coletivo chamado os “40 ladrões, mas sem Ali Babá”, expropriou um supermercado da rede "My Market”, no subúrbio ateniense de Egaleo. O material expropriado, basicamente produtos de necessidades básicas, foi distribuído numa praça popular do bairro.

Em Larissa, quatro anarquistas estão sendo processados por terem expropriado um tempo atrás um supermercado, o julgamento deve acontecer em dezembro de 2010.

Novo espaço ocupado em Tessalônica

Neste último sábado, 5 de junho, foi ocupada a “12º Escola Primária”, um amplo imóvel que estava abandonada há anos em Tessalônica. O objetivo desta nova ocupação é a criação de uma Escola Auto-organizada e Libertária. Durante o final de semana, sábado e domingo, foi realizada uma jornada de apresentação do projeto e reabilitação do local, com um mutirão de limpeza, discussões sobre pedagogia libertária e uma festa. Diversas pessoas compareceram no evento, inclusive muitos vizinhos e crianças.

Fotos:

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1181330

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1181532

Policiais que mataram Alexis são soltos

Depois de 18 meses em prisão preventiva os policiais Epaminondas Korkonéas, 38 anos, e seu colega, Vassilios Saraliotis, de 32 anos, que assassinaram Alexis Grigoropoulos em 6 de dezembro de 2008 no centro de Atenas, foram soltos na madrugada do último domingo, 6 de junho.

Festival do livro libertário em Tessalônica

De 2 a 5 de junho aconteceu o 1º Festival do Livro Libertário de Tessalônica. Além das banquinhas de livros e outros materiais, o evento contou com uma série de palestras e discussões, sob o mote “crise, resistências e utopias”.

Liberdade para Pawlak Michal

Michal Pawlak é um anarquista da Polônia que foi preso na Grécia em 6 de dezembro de 2009 durante as manifestações de um ano do assassinato de Alexis Grigoropoulos e a revolta que se seguiu. Desde então ele permanece na prisão aguardando julgamento. Como é de costume nestes casos, ele foi acusado pela polícia grega com base em evidências infundadas e circunstanciais, como por exemplo, a sua camiseta que tinha um slogan anti-polícia escrito por ele. Nas próximas semanas um conselho de juízes decidirá se ele permanecerá na prisão.

Para enviar cartas:

Michal Pawlak

Pteriga A

Filakes Koridallou

18110

Koridallos, Athens

Grécia

agência de notícias anarquistas-ana

fim de caminho
o pôr-do-sol começa
dentro de mim.

Luciana Bortoletto

sexta-feira, 4 de junho de 2010

[Lisboa] Acerca da quantidade e da qualidade


No sábado, 29 de Maio, houve uma manifestação em Lisboa convocada pela CGPT contra o governo e as medidas de austeridade que ele está a adoptar. Houve uma presença massiva (fala-se de 300 mil pessoas), com os números obviamente a não significarem nada. Não se via um único polícia de intervenção, e isto não apenas porque a CGPT tem o seu próprio serviço de ordem (seguranças), mas principalmente devido ao auto-controlo das pessoas, gerado por décadas de lavagem cerebral e controlo por parte dos sindicatos do mínimo sinal de descontentamento.

Assumindo que as ruas e os sentimentos de revolta não são propriedade dos sindicatos, convocou-se uma concentração anti-capitalista, na qual apareceram cerca de 50 anarquistas e anti-autoritários. Este grupo, levando consigo uma faixa onde se lia “o capitalismo não se reforma, destrói-se” e outras, decidiu a dada altura fazer a sua própria marcha aparte da manifestação oficial, gritando palavras (muitas das quais haviam aparecido pintadas em paredes em diferentes zonas de Lisboa na noite anterior) como “contra a máfia sindical, guerra social”, “sabotagens e greves selvagens”, “contra o estado e o capital, guerra social”, “a liberdade está nos nossos corações, abaixo os muros de todas as prisões” e “ansiosos pela nossa liberdade, destruiremos toda a vossa sociedade”. Com frequência estas palavras começavam a ser também gritadas por pessoas que participavam na manifestação oficial (a da CGPT).

A certa altura, o grupo decidiu entrar na marcha oficial, e imediatamente os “gorilas” sindicais (seguranças), ajudados por polícias à paisana, empurraram-nos dizendo que não iríamos entrar. Nessa altura, outras pessoas (participantes na marcha oficial) começaram a gritar contra esses controladores. Após algumas escaramuças e ameaças, o grupo lá conseguiu entrar um bocado à força. Depois, e porque para muitos de nós tínhamos entrado na marcha oficial não para participar no circo político, mas para recusarmos na prática estarmos a receber ordens sobre o que é que podíamos ou não fazer, decidimos simplesmente sair novamente dessa marcha.

Depois de a manif ter terminado, numa rua de calçada e “muito pitoresca” ali ao lado (rua das Portas de Santo Antão), cheia de cafés e restaurantes repletos de turistas, tinha aparecido um carro da polícia que estava a meio da rua e havia um homem nos seus 50 anos que estava a ser levado detido algemado. Pessoas indignadas tinham rodeado o carro e alguns companheiros, que iam a caminho de comer umas batatas fritas, juntamente com todas as outras pessoas presentes (cerca de 10 nessa altura), tentaram fazer com que o homem não fosse levado para a esquadra. Alguns assobios e aparecem mais uns 10 companheiros, vindos da praça contígua onde estavam a passar o tempo. Mais pessoas também se foram juntando, e a dada altura havia já cerca de 50 a 60 pessoas a gritar contra os polícias para que deixassem o homem em paz e a chamarem-lhes fascistas. Apareceu outro carro da polícia (a esquadra é logo ali ao virar da esquina) e por essa altura o detido tinha sido metido dentro do carro, o que irritou ainda mais a multidão. Não se podia permitir que os bófias levassem a sua presa.

Chegou então uma equipa de polícias de intervenção rápida vindos da avenida paralela, e finalmente puderam expressar-se: encontraram ali a oportunidade de descarregar em toda a gente. Um deles ostentava uma shotgun de balas de borracha (bom, deviam ser de borracha) e todos eles ficaram completamente loucos, batendo desenfreadamente em toda a gente que apanhassem à frente. Felizmente, algumas cadeiras das esplanadas foram mandadas contra eles, assim como algumas garrafas. No meio desta situação, alguém ouviu uma velhota a dizer “isto é o futuro”.

A multidão foi para a praça que está no final dessa rua (a da Ginginha), um ponto de encontro para muitos imigrantes que aí estavam a passar o tempo, à medida que mais polícias de intervenção chegavam e formavam linhas para proteger os outros. Nesta altura encontravam-se já cerca de 200 ou mais pessoas diferentes a gritar contra os polícias e a certa altura gritava-se em uníssono “ninguém gosta de vocês”. Os polícias recuaram para uma rua que dá acesso à esquadra, de escudos apontados para a multidão (e com a shotgun lá no meio), recuando ao som de insultos.

Por um lado, um gigantesco exército de centenas de milhares de sindicalistas disciplinados, cada um carregando a sua bandeirola; uma marcha de morte, poder-se-ia dizer. Por outro, um simples momento social de um cliente insatisfeito num café e de algumas pessoas com a clareza de se protegerem umas às outras do inimigo. Um momento que esteve possivelmente a um sopro de se transformar num motim fora de controlo, que se poderia ter alargado aos muitos imigrantes, companheiros e pobres que estavam naquelas ruas e que por ali costumam andar. Uma massa de indivíduos excluídos de qualquer representação e da lógica reformista.

O futuro está por se escrever. Momentos de rebelião alimentam-se de momentos de rebelião e de sentimentos de revolta e de alegria. O controlo será cada vez mais difícil de impor, e os seus bastões metem-nos cada vez menos medo.

Não beijes a mão que te bate. Morde-a!

Retirado de: Indymedia PT

quinta-feira, 3 de junho de 2010

[Grécia] Animação para aliviar tensão

Há algum tempo que a Grécia é grande inspiração para muitos de nós. Desde os acontecimentos de Dezembro de 2008 que tem aumentado gradualmente as notícias que nos mostram que ainda há saída e esperança. Em homenagem a isso alguns companheiros fizeram uma pequena animação que aqui fica.