Um grupo de detidos na cadeia de Monsanto publicou recentemente um comunicado, onde denuncia a deliberada prática de tortura física e psicológica por parte da direcção do estabelecimento prisional. De acordo com o comunicado “Aqui há tortura. Os guardas prisionais batem impunemente nos presos com os seus cacetetes, humilham e degradam-nos constantemente apalpando-nos e pondo-nos nus. Mantêm-nos fechados 23 horas por dia em condições de tortura psicológica constante. (…) Revistam-nos, apalpando-nos o corpo constantemente, humilham-nos tocando-nos nas partes intimas e aí, põem orgulhosamente luvas de latex, não vá o diabo tecê-las e contagiarmo-los com alguma coisa”. O comité de presos – como se auto-intitulam – referem ainda a inexistência de condições de vida minimamente condignas, bem como a sujeição a um sistema de vigilância que se estende aos advogados e aos familiares.
Não é a primeira vez que a prisão de Monsanto é alvo de denúncias deste cariz. Da sua própria genética de “alta-segurança” fazem parte conceitos como o de regime fechado e isolamento – 23 horas por dia – ou práticas como inspecções ao interior dos corpos dos detidos. No entanto, desde o seu início que a direcção do estabelecimento prisional demonstrou capacidade de consubstanciar uma política de mão-de-ferro com a ineficiência burocrática. Conforme foi relatado pelas famílias de alguns dos detidos, após a sua entrada em funcionamento era notória a falta de organização, visível por exemplo na falta de papel higiénico e de sabão nas casas de banho, na falta de cadeiras para esperar pela chegada dos reclusos ou na impossibilidade ou dificuldade de utilizar os intercomunicadores que separam os detidos das visitas.
Perante tal, colocamos as mesmas questões já por outros colocadas: Entre os Direitos Humanos que enchem a boca dos políticos e a realidade bárbara organizada em Monsanto, qual é a equivalência? Porque os guardas são obrigados a invadir o corpo de pessoas isoladas? Porque não se lava a roupa? O que melhora pelas humilhações sistemáticas de boca aberta, com algemas nos punhos sempre que saem das celas ou os deixam telefonar? Querem equiparar as prisões ao que se faz na China? Temos que ser nós a pagar estas misérias com os nossos impostos?
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário