quarta-feira, 28 de abril de 2010

[Portugal] “Sementes da resistência no abril de todos os dias”


[Em Lisboa, anarquistas protestam na data do golpe de estado do 25 de abril de 1974, que ficou conhecido para sempre como a "Revolução dos Cravos"; na véspera a polícia coagiu um festival contracultural de grupos punks e anarcopunks; ao mesmo tempo a imprensa portuguesa divulgava um documento com registros das atividades políticas de alguns anarquistas daquele país.]

"Não esquecemos não perdoamos". Foi sob este lema que individualidades e grupos diversificados de anarquistas e anti-autoritários portugueses prepararam a resposta "contra o terrorismo de Estado" num "25 de abril com nada a celebrar". E por isso ocuparam as ruas da baixa lisboeta no final da tarde do dia 25 de abril, "sem medo e sem lei", porque "a democracia é repressão e autoridade", afirmando, à plenos pulmões, que "não queremos um Estado militarista que, recorrendo ao poder nos abafa e força-nos a viver uma vida que não queremos, que nos impede de fazer o que queremos”.

Nos comunicados distribuídos à população intitulado “Chamada Anarquista - apelo à solidariedade com os que sofreram a repressão do Estado e à resistência”, podia se ler “não esquecemos não perdoamos" e “em solidariedade com todos os que lutam pela destruição do Estado, fonte primária de todo o terrorismo. Continuamos na rua... Sem medo nem lei!".

Já no fundo da Rua do Carmo/Rossio - local onde há três anos uma manifestação anti-autoritária e anti-capitalista foi alvo de intensa repressão, com a prisão de 11 manifestantes, a correr julgamento atualmente no Tribunal - partiram, ao som dos batuques, numa passeata pela baixa lisboeta que terminou, simbolicamente, na antiga Praça do Império, local atualmente freqüentado por muitos imigrantes e que constitui essa amálgama de povos que sonhamos ser, cidadãos do mundo já hoje.

Repressão ao festival "Imune Fest”

Mas, se desta vez a repressão do Estado não atingiu o grau de violência e brutalidade policial de 2007, não deixou de se verificar de forma insidiosa a sua presença nefasta, exercendo coação sobre uma associação popular com o intuito de impedir a realização do festival "Imune Fest", que foi cancelado em Lisboa por pressão da polícia exatamente na véspera do 25 de abril.

O festival "Imune Fest" surgiu porque, segundo um comunicado distribuído, "somos imunes à opressão, imunes à apatia, imunes ao vosso controle da música", contando com a participação das bandas: Kostranostra (Anarcopunk de Valência), Gatos Pingados (Punk Hardcore de Almada), The Skrotes (Skate Punk de Lisboa), Massey Ferguson (Crust de Beja), Steven Seagal (Hardcore Oldschool de Lisboa), Ventas de Exterco (Punk Hardcore de Beja), Pussy Hole Treatment (Punk Trasher de Lisboa), Desobediência Geral (Anarcopunk de Lisboa).

Na sexta-feira, dia 23 - um dia antes do festival - os organizadores foram informados pela Associação Boa União, local acordado para o concerto, que este não se realizaria ali, fazendo exigências despropositadas como alternativa, porque a polícia tinha ido lá e lhes tinha dito que não era aconselhável realizar naquele lugar o concerto porque "é coisa de anarquistas" e que eles "são piores que os nazis e integrantes dos “no name boys” e poderiam causar distúrbios". No final o concerto acabou por realizar-se na Ocupa Kylacancra, às 17h, em Palmela, Setúbal, com as bandas já anunciadas, disponibilizando-se, solidariamente, transporte para o novo local, menos acessível.

Texto distribuído durante o concerto na Ocupa Kylakancra:

Todos temos os nossos objetivos. Seja viver uma vida pacífica com um dia a dia estável, seja contestar os valores da nossa sociedade com vista a empurrar o nosso mundo numa direção mais positiva e justa.

Para todos vós as nossas existências estão ameaçadas. A vida como a conhecemos só tende a piorar. O Tratado de Lisboa permite o uso da pena de morte na Europa contra atos daqueles que se preocupam com um futuro melhor, uma polícia global foi criada a revelia do público com o objetivo de, sem responder às leis que votamos, estrangular as vozes de quem não se vê satisfeito com o estado da nossa sociedade.

Agora no dia 24 de abril de 2010, 36 anos depois do 25 de abril, a polícia impede a concretização de um concerto organizado pelos jovens que constituem o futuro do nosso planeta. De uma forma intransigente cancelam uma organização independente, sem fins lucrativos com o objetivo de promover a cultura e a interação de todos nós.

36 anos depois de se celebrar a liberdade de expressão e o fim da ditadura calam as nossas vozes com argumentos político-ideológicos. Aquilo que é o mais básico da dita liberdade de expressão é o argumento utilizado pelas forças do Estado para nos impedirem de vivermos a nossa vida.

Não queremos um Estado militarista que, recorrendo ao poder, nos abafa e força-nos a viver uma vida que não queremos, que nos impede de fazer o que queremos.

Que o 25 de abril de 2010 não seja mais uma celebração dos anos passados mas sim uma ponte para um mundo mais justo, feitos para as pessoas e não para os interesses egoístas dum governo corrupto e distante do povo.

Porque por mais que tentem somos ainda imunes ao dinheiro que gere este planeta, somos imunes ao vosso egocentrismo, somos imunes ao vosso ódio.

Polícia registra as atividades políticas dos anarquistas portugueses

O relatório da polícia sobre a manifestação em 25 de abril em 2007 confirma que as forças da ordem têm registro das atividades políticas dos anarquistas portugueses, mesmo daqueles que não são arrolados no processo. A seguir matéria divulgada pelo Jornal de Notícias, intitulada “PSP relata "cadastro" político de não argüidos em processo”.

Relatório policial identifica 30 pessoas estranhas a inquérito sobre manifestação do 25 de abril de 2007.

Estes indivíduos não são argüidos nem foram identificados no inquérito criminal da manifestação do 25 de abril de 2007, mas aparecem identificados no respectivo processo, por alegadas ligações, na maioria dos casos, a movimentos anarquistas, de extrema-esquerda e ecologistas, que as autoridades associam àquela manifestação.

A maior parte das informações que a PSP (Polícia de Segurança Pública) juntou sobre aqueles cidadãos não tem relevância criminal; outras foram retiradas de processos-crime, em grande medida, sobre (outras) manifestações não autorizadas e ações "Okupa" - ocupação de casas devolutas.

"Parece ter havido uma falha na preparação do relatório, porque deveria ter sido omitida a identidade das pessoas não constituídas argüidas no processo", comenta Paulo Henriques, da Faculdade de Direito de Coimbra.

O relatório da PSP, de 29 de novembro de 2007 e assinado pelo então comandante metropolitano de Lisboa, Guedes da Silva, foi requerido por uma procuradora do DIAP de Lisboa, em 2007, após os confrontos, na zona do Chiado, entre o Corpo de Intervenção da PSP e participantes na "Manifestação antiautoritária contra o fascismo - contra o capitalismo".

A magistrada pediu informações sobre a "integração" dos 11 argüidos (um já falecido) do inquérito" em movimentos ou grupos tais como os citados no auto de notícia" - anarquistas e de extrema-esquerda - e registro de ações violentas e ilegais destes grupos. E juntou ao processo, que já é público, o relatório recebido da PSP.

PSP aponta cartão da JCP

O documento começa por relatar fatos da vida de cinco dos 11 argüidos, sem que nenhum dos imputados - tentativas de furto em supermercados, ruído na via pública... - os ligue àquele tipo de grupos. O único fato "político" ali descrito decorre da integração de uma argüida num grupo que, na tarde de 25 de abril de 2007, atirou ovos e tomates contra um cartaz xenófobo do PNR, no Marquês de Pombal.

Não se ficando pelos argüidos, a PSP começou por identificar seis dos atiradores de ovos. Ao primeiro da lista, imputou o incitamento à realização de seis greves e manifestações, em duas escolas secundárias. Mas sublinhou o ativismo político do jovem de forma mais curiosa: "Em 4 de novembro de 2006, participou o extravio de documentos, entre os quais se encontrava o cartão de militante da Juventude Comunista Portuguesa", apontou a PSP.

Lei proíbe ficheiros políticos

O relatório vai mais longe e identifica 24 pessoas que não têm sequer relação estabelecida com nenhum argüido. Contudo, participaram em ações de caráter político-ideológico: protestos contra cúpulas do G8 e a guerra no Iraque, ações contra os transgênicos, ocupação de imóveis devolutos...

Tome-se o exemplo do cidadão belga J.D.. A PSP não lhe imputa qualquer fato ilegal e muito menos com relevância criminal, mas identifica-o, por ele estar ligado ao grupo ambientalista GAIA, que terá membros comuns ao Verde Eufémia, que, por sua vez, terá destruído milho transgênico em Silves, em 2007. A PSP relatou que J.D. tinha 25 anos, recebeu um fundo da União Européia para colaborar com o GAIA, é licenciado em Ecologia e em Ciências Sociais e Políticas, esteve três dias em Rostock (Alemanha) a manifestar-se contra a cúpula do G8, participa em workshops da Rede G8 em Portugal.

Este é um dos casos que levanta questões sobre como a PSP recolhe e trata dados dos cidadãos, sendo certo que a lei proíbe "o tratamento de dados pessoais referentes a convicções filosóficas ou políticas, filiação partidária ou sindical". O docente Paulo Henriques faz uma declaração de fé: "Quero crer que as atividades de recolha e tratamento de dados que as polícias desenvolvem têm lugar no estrito cumprimento da lei".

O JN questionou a PSP, mas esta não quis fazer "qualquer tipo de comentário". Dos quatro advogados dos argüidos contatados, pronunciou-se Alexandra Ventura, que contestou que a PSP "registre e interligue informações de pessoas que nada têm a ver com o processo".

"A PIDE [polícia política do tempo do fascismo, antes do 25 de abril de 1974] registrava informações das pessoas, mas não as divulgava…", comparou a jurista.

agência de notícias anarquistas-ana

Varrendo folhas secas
lembrei-me do mar distante:
chuá de ondas chegando.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A policia tem registo das actividades políticas dos anarquistas portugueses

O relatório da policia sobre a manifestação no 25 de Abril em 2007 confirma que a policia tem registo das actividades políticas dos anarquistas portugueses mesmo daqueles que não são acusados.

Fica a notícia do JN:

O processo em que dez arguidos estão a ser julgados por ofensas a polícias numa manifestação realizada em Lisboa, faz hoje três anos, contém um relatório da PSP que identifica 30 cidadãos estranhos ao processo, com o seu nome e convicções ideológicas.

Estes indivíduos não são arguidos nem foram identificados no inquérito criminal da manifestação do 25 de Abril de 2007, mas aparecem identificados no respectivo processo, por alegadas ligações, na maioria dos casos, a movimentos anarquistas, de extrema-esquerda e ecologistas, que as autoridades associam àquela manifestação.

A maior parte das informações que a PSP coligiu sobre aqueles cidadãos não tem relevância criminal; outras foram retiradas de processos-crime, em grande medida, sobre (outras) manifestações não autorizadas e acções "Okupa" - ocupação de casas devolutas.

"Parece ter havido uma falha na preparação do relatório, porque deveria ter sido omitida a identidade das pessoas não constituídas arguidas no processo", comenta Paulo Henriques, da Faculdade de Direito de Coimbra.

O relatório da PSP, de 29 de Novembro de 2007 e assinado pelo então comandante metropolitano de Lisboa, Guedes da Silva, foi requerido por uma procuradora do DIAP de Lisboa, em 2007, após os confrontos, na zona do Chiado, entre o Corpo de Intervenção da PSP e participantes na "Manifestação antiautoritária contra o fascismo - contra o capitalimo".

A magistrada pediu informações sobre a "integração" dos 11 arguidos (um já falecido) do inquérito "em movimentos ou grupos tais como os citados no auto de notícia" - anarquistas e de extrema-esquerda - e registo de acções violentas e ilegais destes grupos. E juntou ao processo, que já é público, o relatório recebido da PSP.

PSP aponta cartão da JCP

O documento começa por relatar factos da vida de cinco dos 11 arguidos, sem que nenhum dos imputados - tentativas de furto em supermercados, ruído na via pública... - os ligue àquele tipo de grupos. O único facto "político" ali descrito decorre da integração de uma arguida num grupo que, na tarde de 25 de Abril de 2007, atirou ovos e tomates contra um cartaz xenófobo do PNR, no Marquês de Pombal.

Não se ficando pelos arguidos, a PSP começou por identificar seis dos atiradores de ovos. Ao primeiro da lista, imputou o incitamento à realização de seis greves e manifestações, em duas escolas secundárias. Mas sublinhou o activismo político do jovem de forma mais curiosa: "Em 4 de Novembro de 2006, participou o extravio de documentos, entre os quais se encontrava o cartão de militante da Juventude Comunista Portuguesa", apontou a PSP.

Lei proíbe ficheiros políticos

O relatório vai mais longe e identifica 24 pessoas que não têm sequer relação estabelecida com nenhum arguido. Contudo, participaram em acções de cariz político-ideológico: protestos contra cimeiras do G8 e a guerra no Iraque, acções contra os transgénicos, ocupação de imóveis devolutos...

Tome-se o exemplo do cidadão belga J.D.. A PSP não lhe imputa qualquer facto ilegal e muito menos com relevância criminal, mas identifica-o, por ele estar ligado ao grupo ambientalista GAIA, que terá membros comuns ao Verde Eufémia, que, por sua vez, terá destruído milho transgénico em Silves, em 2007. A PSP relatou que J.D. tinha 25 anos, recebeu um fundo da União Europeia para colaborar com o GAIA, é licenciado em Ecologia e em Ciências Sociais e Políticas, esteve três dias em Rostock (Alemanha) a manifestar-se contra a cimeira do G8, participa em workshops da REDE G8 em Portugal.

Este é um dos casos que levanta questões sobre como a PSP recolhe e trata dados dos cidadãos, sendo certo que a lei proíbe "o tratamento de dados pessoais referentes a convicções filosóficas ou políticas, filiação partidária ou sindical". O docente Paulo Henriques faz uma declaração de fé: "Quero crer que as actividades de recolha e tratamento de dados que as polícias desenvolvem têm lugar no estrito cumprimento da lei".

O JN questionou a PSP, mas esta não quis fazer "qualquer tipo de comentário". Dos quatro advogados dos arguidos contactados, pronunciou-se Alexandra Ventura, que contestou que a PSP "registe e interligue informações de pessoas que nada têm a ver com o processo".

"A PIDE registava informações das pessoas, mas não as divulgava…", comparou a jurista.

Retirado de: Indymedia PT

30 de Abril - 20:30 - Apresentação da Federação de Estudantes Libertárixs no CCL (Almada)




Apresentação da FEL - Federação de Estudantes Libertárixs


Sábado, 30 de Abril, às 20:30
no Centro de Cultura Libertária
Rua Cândido dos Reis, nº 121, 1º Dto - Cacilhas - Almada


Apresentação da FEL - Federação de Estudantes Libertários

A FEL é composta por pessoas que estão organizadas em grupos duma forma livre e estes têm um funcionamento autónomo. Nestes grupos, as decisões são tomadas na assembleia, que é o mais alto órgão decisório de cada grupo. Tanto nos diferentes grupos como a nível federal, as decisões são tomadas por consenso.
Deste modo, asseguramos que todas as opiniões e posições são apreciadas e valorizadas de igual modo, e afastamo-nos da politiquice e das lutas internas grupusculares. Temos também de garantir que as decisões de um grupo, ou da federação, são apoiadas por todxs xs envolvidxs.

Os indivíduos que compõem os diferentes grupos que integram a FEL são partidários das ideias anarquistas e comprometem-se a divulgá-las. Além disso, marcam o seu posicionamento contra qualquer opressão de tipo político, económico, cultural, sexual, racial ou militar, ou seja, são totalmente contra o autoritarismo exercido por uma pessoa contra outra, independentemente da área onde ele se manifesta.

Como organização completamente independente, que é a FEL, não aceitamos nenhuma subvenção, venha ela de onde vier.
Praticamos a auto-gestão, isto é, os meios materiais e financeiros de que dispomos provêm de contribuições dadas pelos indivíduos que integram cada grupo e/ou de actividades organizadas para os obter, tais como concertos, refeições, distribuição de materiais, etc.

A FEL fixou algumas metas para avançar, passo a passo, na conquista de uma sociedade autogestionária, com base no apoio mútuo, sem necessidade de Estados:

* Incentivar entre xs alunxs a auto-organização autónoma e horizontal.
* Criar espaços de debate e reflexão, tanto nas escolas como fora delas.
* Partindo de uma crítica radical do actual sistema de educação e suas futuras reformas, que condenam o indivíduo à satisfação das necessidades dos sistemas opressores, propomos como alternativa um modelo de aprendizagem anti-autoritário que facilite a construção
de um conhecimento integral. Entendemos que este tipo de aprendizagem é uma ferramenta revolucionária não doutrinária, que nos fará avançar no caminho da liberdade.
* Incentivar a abstenção activa na eleição dos órgãos de “governo” das universidades, já que consideramos necessários outros meios de participação reais, horizontais e directos, pois pensamos que as eleições são uma falsa ferramenta de participação, que tem exclusivamente como fim a legitimação do sistema.
* A FEL declara-se anti-praxe. Pensamos que a hierarquia e o controle nunca podem ser o caminho para a formação de pessoas livres e conscientes.
Que o único caminho para a liberdade é a prática sem limites desta e nunca a humilhação e o dirigismo. É por isso que temos a intenção de trabalhar contra a praxe até ao seu desaparecimento natural, pois não há nada que a justifique.
* Estabelecer laços entre estudantes libertários para a troca de informações, ideias e experiências, e para nos apoiarmos mutuamente.
* A FEL é contra todo o dogmatismo ideológico, aberta ao debate interno e a novas propostas, já que considera necessária a crítica construtiva para evoluir. Somos conscientes de que não existe uma poção mágica, e que só a prática da liberdade nos fará livres.

Federação de Estudantes Libertárixs

Web: www.fel-web.org

Contacto: fel@inventati.org

[Setúbal] 1º Maio Antiautoritário e Anticapitalista

1º Maio Antiautoritário e Anticapitalista.
CONCENTRAÇÃO
SETÚBAL, Largo da Misericórdia, 13:30h

Tudo o que nos resta nestes 124 anos que nos separam das origens do 1º de Maio é o exemplo e a história daqueles milhões de trabalhadores, desempregados e oprimidos que pelo mundo inteiro se uniram e se levantaram para resgatar a dignidade roubada e encarcerada juntamente com aqueles 8 anarquistas de Chicago.

Aquilo que se aprendeu então, não foram as lições dos democratas e traidores de hoje em dia que nos prometem uma exploração mais humana, uma miséria mais tolerável, uma escravatura menos precária: foi, isso sim, o valor da solidariedade, da luta sem cedências, do assalto colectivo aos antros de poder e corrupção assim como de rebelião individual contra toda a autoridade.

Contra um 1º de Maio institucionalizado, que comemora a exploração laboral, a opressão e a hipocrisia dos sindicatos perante este sistema, contra uma sociedade capitalista e autoritária, de vencedores e vencidos, propomos a recuperação da rua enquanto espaço onde há um combate a travar por uma existência autónoma e, por isso, livre.

Divulga e Aparece!

domingo, 25 de abril de 2010

[Lisboa] Em relação à alteração de local do Imune Fest

Todos temos os nossos objectivos. Seja viver uma vida pacífica com um dia-a-dia estável, seja contestar os valores da nossa sociedade com vista a empurrar o nosso mundo numa direcção mais positiva e justa.

Para todos vós as nossas existências estão ameaçadas. A vida como a conhecemos só tende a piorar. O Tratado de Lisboa permite o uso da pena de morte na Europa contra actos daqueles que se preocupam com um futuro melhor, uma policia global foi criada a revelia do publico com o objectivo de, sem responder às leis que votámos, estrangular as vozes de quem não se vê satisfeito com o estado da nossa sociedade.

Agora no dia 24 de Abril de 2010, 36 anos depois do 25 de Abril, a polícia impede a concretização de um concerto organizado pelos jovens que constituem o futuro do nosso planeta. De uma forma intransigente cancelam uma organização independente, sem fins lucrativos com o objectivo de promover a cultura e a interacção de todos nós.

36 anos depois de se celebrar a liberdade de expressão e o fim da ditadura calam as nossas vozes com argumentos politico-ideológicos. Aquilo que é o mais básico da dita liberdade de expressão é o argumento utilizado pelas forças do estado para nos impedirem de vivermos a nossa vida.

Não queremos um estado militarista que, recorrendo ao poder, nos abafa e força-nos a viver uma vida que não queremos, que nos impede de fazer o que queremos.

Que o 25 de Abril de 2010 não seja mais uma celebração dos anos passados mas sim uma ponte para um mundo mais justo, feitos para as pessoas e não para os interesses egoístas dum governo corrupto e distante do povo.

Porque por mais que tentem somos ainda imunes ao dinheiro que gere este planeta, somos imunes ao vosso egocentrismo, somos imunes ao vosso ódio.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

[Porto] Toca Verde

Toca, sente e age. Existimos porque conhecemos o tédio e a mediocridade que governam o dia a dia. Porque vos queremos relembrar disso e para o fazer será preciso bofetear, gritar e rasgar com tudo, para que nos ouçam, para que olhem e toquem no mais sujo dos espaços. Somos uma ideia, um projecto nómada que constrói a sua estrutura em lugares puros. Lugares, não lugares, degradados?! Para nós o lugar nasce quando é morto, quando a sociedade lhe esquece o típico e triste funcionamento, quando a lacuna de cargos sociais provoca tal proeza. Nascemos do erro dos outros, fazemos do seu cancro um objecto religioso. É apenas neste preciso momento que a matéria nasce com total liberdade. Reclamamos o uso de espaços que nos pertencem, de espaços que não existem mais, somos necrofagos do lugar. Todo e qualquer objecto abandonado é carne fresca para a nossa actividade.

Conhecemos com total clareza a vontade publica de aniquilar tudo aquilo que constitui o seu património; deixem cair!, ficará a fachada e por trás dela faremos um shopping, um parque de estacionamento, um campo de ténis talvez, uma nova batalha política. Se esta é a lei, então somos terroristas sofisticados, parasitas no sistema e respondemos com ataque duro. Não nos confundam com artistas precários na busca de mais um lugar boémio com estilo, não nos confundam com construtores nem tão pouco com burocráticas e intelectuais associações que coexistem no sistema. Defendemos algo que é nosso, que é belo, que respira de possibilidades, estaremos em todas as frentes com ou sem consentimentos, respondemos porque acreditamos que ainda é possível romper com percepções e ter uma réstia de sinceridade. Somos uma comunidade livre mas consciente. Tragam-nos acção, revolta e ocupação sincera.

Hoje estamos na rua das oliveiras, reabilitamos um espaço nascido em 1720. O seu futuro é incerto mas vive da nossa memória e por ela se afirmará. Ajuda e participação são aceites e agradecidas, desde que com vontade de guerrilha. Proponham-nos projectos, obras, escritos, trocos, oficinas, madeiras, pedras, comida e sobretudo momentos de genuína percepção. Somos uma viagem que se quer em todo o lado, não porque todo o lado seja desculpável e discutível, mas porque todo o lugar pode ser repensado com culpa assumida! Crescemos fartos do cidadão intelectual, da palestra, da conferência, do artista, da instituição que resolve mas não cria. Não vamos pela conversa de entretenimento. O porto está abandonado e não ha grande novidade nisso, toda a gente o sabe e coloca a sua acção como bem entender, a nossa não pretende ser original ou tão pouco refrescante, mas sim exacta e activa. Não nos contactem para discussões, a era do diálogo já deu provas de completa inutilidade, somos lavradores com ódio declarado á medíocre intelectualidade portuense.

Para mais informação: http://toca-aqui.blogspot.com

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tratado Mortal (de Lisboa)

Vaclav Klaus, Presidente da República Checa, não escondeu a sua incomodidade quando há três dias em Praga, numa conferência de imprensa, foi questionado acerca do Tratado de Lisboa, mas apesar disso comentou que"... é um problema aplicar tudo o que foi aprovado." e portanto "o défice democrático não diminuiu na Europa. Pelo contrário".

O que Vaclav não diz e com o qual todos e todas temos necessidade de nos confrontar, é que o Tratado de Lisboa, extingue as nações (mas não o Estado), rouba-nos a identidade cultural e a liberdade, e em troca oferece-nos a escravatura e a Pena de Morte. Porque retirava completamente poder legislativo aos diversos países, porque nos roubava a identidade, porque nos limitava extraordinariamente as liberdades e garantias, porque nos escravizava num mercado de trabalho totalmente desregulamentado já muitos se tinham apercebido...mas a pena de morte?
Vejamos:
Do Tratado de Lisboa faz parte a Carta dos Direitos Fundamentais, cujo Artigo 2- Direito à Vida, articula: "Ninguém pode ser condenado à morte ou executado".
Só que nos "Apontamentos à Carta dos Direitos Fundamentais", no final da Versão de 2007, no "Jornal Oficial da União Europeia", afirma-se que as disposições do Artigo 2, são as pré-citadas da Carta Europeia de Direitos Humanos, e do Protocolo adicional, que postulam excepções.
Assim sendo, e nos termos da dita legislação, a morte é permitida:
1.
a) Para assegurar a defesa de qualquer pessoa contra a violência ilegal.
b) Para efectar uma detenção regular ou para impedir a fuga de uma pessoa detida regularmente
c) Para REPRIMIR CONFORME A LEI UM TUMULTO, OU UMA INSURREIÇÃO.

2.
Um Estado pode PREVER NA SUA LEGISLAÇÃO, A PENA DE MORTE PARA ACTOS PRATICADOS EM TEMPO DE GUERRA OU EM PERIGO IMINENTE DE GUERRA.

O Tratado de Lisboa, foi aprovado à revelia dos portugueses, e a pressa na sua aprovação e a introdução destas cláusulas advém do facto da crise económica mundial não ter solução previsível. Temendo-se tumultos, institui-se a pena de Morte.

Aos povos, é dado o direito de serem mortos nas ruas, ao manifestarem-se por terem fome ou de serem mandados executar por um Tribunal se ousarem levantar a voz para apoiar os primeiros.

E a esta barbárie, foi dado, num toque de suprema perversidade, o nome de Lisboa.
Lisboa, a capital do primeiro país a abolir a pena de morte...

Retirado de: Indymedia PT

Novo velho falso motim

Na última Sexta-feira Santa foi notícia um motim na prisão de Coimbra. Como é hábito, as informações das autoridades escassearam e foram contraditórias. Motim que se acalme espontaneamente é coisa rara, senão inédita. Motim sem consequências disciplinares – como a determinada altura se deu a entender – seria milagre. Quem desconfiou que, afinal, não teria havido nenhum motim? Quem poderia imaginar que se tratou de uma invenção dos serviços prisionais? E para quê, pergunta-se?

Em carta de autor devidamente identificado, cuja cópia se anexa, recebemos, com pedido de divulgação, a versão de um recluso sobre o que efectivamente terá acontecido. Em resumo: para encobrir práticas de tortura e maus tratos sistemáticos – face ao que um recluso terá “cedido” emocionalmente quando “brincaram” com ele a respeito da sua precária de Páscoa – as autoridades terão encenado um motim. Interpretando: não fosse dar-se o caso de um “acidente” que implicasse uma investigação e eventuais culpados – em particular o Chefe que terá sido o autor da “troca” de informação sobre a precária (que trouxe de longe a Coimbra a família do recluso José Magalhães, para o levar) – porque não inventar um motim, no meio do qual tudo se pode justificar? Felizmente acabou por não ser precisa a encenação. Mas dos castigos não se livraram a meia dúzia de bodes expiatórios encontrados a jeito.

A ACED pode testemunhar as queixas de a tortura (física, psicológica e maus tratos) ser usada em doses mais ou menos descontroladas contra os presos (ver http://iscte.pt/~apad/ACED/ficheiros/observatorio.html). Por exemplo, ainda recentemente o Estado português foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem pelo facto de castigar dois presos estrangeiros em celas ditas de segurança sem que nenhuma autoridade governamental ou judicial neste país tenha dado a possibilidade de reclamação ou sequer de apreciação da situação, a requerimento das vítimas, cf. http://iscte.pt/~apad/ACED/ODH/seccoes%20seguranca.doc. Este caso é apenas a ponta de um iceberg monstruoso. De que há notícias esparsas, por exemplo, a respeito do “tratamento” praticado na prisão de “alta segurança” em Monsanto, que alguém apelidou de Guantanamo português, entretanto “melhorado” paulatinamente, mas longe do escrutínio público. Espancamentos, suicídios e mortes são também eles pontas do iceberg de brutalidade e amesquinhamento dos presos – e dos guardas e outros funcionários. Quem admite e quem manda que tais práticas se executem?

A experiência de redacção de queixas que a ACED tem vindo a acumular mostra como há fortes resistências à investigação e clarificação deste tipo de situações. Para além de tais resistências serem prática recorrente em geral – não é sem consequências que a justiça funciona mal em Portugal – quando se chega às prisões podem observar-se barreiras de evidente indiferença institucional – de facto situação de impunidade estrutural – explicadas oficialmente como “segredo prisional” (leia-se, medo das consequências de testemunhar denúncias contra os poderes fácticos, tanto por parte de presos como de guardas e funcionários prisionais) e como obra da sub-cultura dos prisioneiros (actualmente, a subserviência aos lucros do imparável tráfico de drogas nas prisões). Por isso a ACED, ela própria, sofre directamente ataques das instituições, umas vezes sob a forma de alegada “falta de credibilidade”, outras vezes sob a forma de processos judiciais, na tentativa vã de calar o pequeno incómodo que a divulgação de informação que fazemos provoca.

O seguimento das nossas denúncias revela como há queixas que lemos na carta anexa – a “autoridade” pela brutalidade da responsabilidade da chefia, contra a qual há guardas descontentes mas calados, nomeadamente – que se assemelham a outras que temos recebido de outras prisões, nos últimos meses. Haverá alguma política de colocação de chefias com perfil de dureza à prova de Direitos Humanos em prisões especiais? Haverá em curso alguma experiência para descobrir qual o melhor perfil de chefia?

Precisamente uma das primeiras experiências da ACED (de facto, um das causas directas da sua própria existência) foi a construção, por parte das autoridades prisionais ao mais alto nível, que envolveu a presença no local do Ministro da Justiça de então, de um motim na prisão de Caxias, em 1996. As dezenas de acusados foram julgados 13 anos depois e, por isso, já temos a sentença, cf. http://www.presosemluta.tk. Da qual só se pode concluir que o motim foi uma inventona. Portanto, uma táctica das autoridades prisionais para abafar problemas da sua própria responsabilidade e “acalmar” os presos à pancada, sem que houvesse o risco de acusações de abusos e torturas. Funcionou.

A ACED divulga a carta que para o efeito nos foi passada sobre o alegado motim de Coimbra, na Páscoa de 2010, porque é esse o primeiro e mais importante dos nossos objectivos, enquanto associação: favorecer a liberdade de expressão dos presos, que é um direito declarado mas inibido pelas práticas instituídas. A ACED reclama às autoridades competentes por processos de investigação que sejam capazes de romper com a impunidade e a arbitrariedade tradicionais, agora que o legislador entendeu actualizar a lei de execução de penas. Pois, precisamente, melhorar as condições de denúncia de situações de vitimação contra os presos e contra os funcionários e guardas é um dos objectivos intentados pela nova legislação. A sua prossecução exige novas práticas institucionais, sob pena de a lei continuar a ser incumprida – como aconteceu com a lei de 1979 em alguns dos seus aspectos fundamentais.

A ACED tem consciência de que também os titulares de poderes institucionais estão condicionados pelas piores tradições, benevolentes com as práticas de tortura. É preciso coragem para sair do ciclo vicioso. Foi essa coragem que o autor identificado desta carta manifestou, embora a ACED mantenha a sua identidade fora do âmbito público por saber haver altos riscos de represálias. Essa coragem deve ser secundada por aqueles/as que dentro das instituições possam estar em condições de ajudar a cumprir os objectivos desta nova lei.

A Direcção

Retirado de: Indymedia PT

sábado, 17 de abril de 2010

Hei, bispos e padres, deixem os miúdos em paz! ( ou a pedofilia como doença endémica da Igreja Católica: uma Igreja pedófila ou Igreja de pedófilos?)




A história e os casos por todo o mundo do abuso sexual de menores por membros da Igreja Católica
http://en.wikipedia.org/wiki/Catholic_sex_abuse_cases


Report by Commission of Investigation into Catholic Archdiocese of Dublin
http://www.justice.ie/en/JELR/Pages/PB09000504

A Research Study Conducted by the John Jay College of Criminal Justice
http://www.usccb.org/nrb/johnjaystudy/index.htm

Relatório da Igreja revela mais 11 mil casos de abuso sexual. AQUI NA BBC


Survivors Network of those Abused by Priests (SNAP)
http://www.snapnetwork.org/

http://www.childrenofpriests.org/web/

A pedofilia como doença endémica da Igreja Católica:
Uma Igreja pedófila ou uma Igreja de pedófilos?

O flagelo da pedofilia tornou-se uma verdadeira doença orgânica da Igreja Católica. Nas condições actuais não pode ser derrotada pela acção hipócrita de censura, reprovação e condenação do Vaticano. Aliás basta olhar para o que fez a Igreja a todos os padres e bispos pedófilos americanos para perceber como, de facto, não reconhece a pedofilia como um crime e um comportamento inaceitável e classifica-a apenas como mais um "pecado" a ser excluído com a confissão.

No catecismo recentemente actualizado a pedofilia não é sequer mencionada no rol dos pecados. Em qualquer caso, a pena máxima prevista é pedir perdão e se arrepender. Como se o perdão e o arrependimento pudessem curar o dano quase permanente que marca as vidas das crianças abusadas para sempre. Até agora, a Igreja preocupou-se apenas em ocultar ao mundo as suas culpas, sem, na verdade, as reprimir.

Porque, entre as muitas religiões que existem no mundo, apenas a Igreja Católica está fortemente afectada de forma massiva pela doença da pedofilia?

Em primeiro lugar pela satanização da mulher, do sexo e do corpo. A mulher, apesar do culto da Virgem Maria e tantas santas, é concebida como instrumento do Maligno para corromper o homem corrupto.

Em segundo lugar pelo o celibato obrigatório. Se os padres pudessem casar-se e constituir família, poderiam ter uma vida sexual regular com a mulher que amariam, e certamente se criaria um ambiente mais normal dentro da rígida hierarquia da Igreja. Dentro de um par de gerações, o fenómeno da pedofilia poderia reentrar na normalidade fisiológica do mundo secular.

Em terceiro lugar pela monossexualidade da estrutura da Igreja. Do Papa ao padre da igreja de bairro a Igreja é gerida apenas por homens. Se as mulheres fossem admitidas ao sacerdócio em todos os seus graus até ao papado, se houvesse uma verdadeira igualdade entre homens e mulheres dentro da igreja, certamente tudo iria mudar para melhor.

Mas isso não é possível e na fantasia da Igreja a figura de uma Papisa é vista como demoníaca. Lembramo-nos da história-lenda da papisa Joana assassinada por uma turba na alta Idade Média, por iniciativa dos cardeais do Idade Média.

Finalmente, devemos considerar que a Igreja vê a vida humana como processo de expiação e de redenção para a vida eterna. Uma espécie de antecâmara, como premissa, que deverá sofrer, sofrer tanta dor para ganhar o céu. Este ponto de vista distorce todos os valores em função de uma almejada vida eterna. Nesta distorção, a concepção demoníaca da carne em oposição ao "espírito", insinua-se a patologia pedófila.

Em conclusão: sacerdócio para as mulheres e o pleno reconhecimento da igualdade de género, fim do celibato, reabilitação do corpo humano sobre o chamado "espírito", pode curar a Igreja de pedofilia. Mas é difícil imaginar uma reviravolta humanista e secular de um poder que vive e prospera graças a proibições que impõe ao sexo e é incapaz de encontrar no Evangelho a sua motivação profunda da verdade.

Retirado de: Pimenta Negra

[Grécia] Manifestações em solidariedade e contra a prisão de Marios Zervas

[“Liberdade para Marios Zervas. Nem um dia a mais na prisão”, foi o lema do Dia de Ação Helênico que ocorreu hoje (16 de abril) pela Grécia. O principal foco dos protestos aconteceu em Atenas.]

Sob forte presença policial nas ruas, com faixas e gritando palavras de ordem, uma multidão de mais de 5.000 pessoas protestou hoje, na capital grega, contra a prisão do ativista Marios Zervas, 28 anos, detido sem qualquer motivo um mês atrás, durante a grande Greve Geral de 11 de março no país. Desde então ele permanece na cadeia, sem julgamento. Marios usa dreadlocks (em anexo fotos do momento da sua prisão), e talvez este tenha sido o motivo da polícia de choque tê-lo como suspeito, prendê-lo e acusá-lo de tumultos, sem qualquer prova ou testemunhos.

No final da manifestação houve registros de choques entre manifestantes e a polícia na Avenida Panepistimoiu e no bairro de Exarchia.

Em Tessalônica, apesar da chuva, mais de 1.500 pessoas participaram da manifestação. Anteriormente, a polícia atacou cerca de 70 pessoas que se dirigiam para o protesto detendo três pessoas. Depois da manifestação, e como protesto contra as detenções e também a propaganda "antiterrorista" dos últimos dias levado a cabo pela mídia, um grupo de anarquistas ocupou a Faculdade de Jornalismo. Ela ainda permanece ocupada.

Na cidade de Patras mais de 400 pessoas participaram da manifestação. Em Iraklio, a solidez das pessoas mudou os planos iniciais, e a concentração no centro da cidade se transformou numa combativa manifestação com mais de 200 pessoas. Em um momento de tensão e sem qualquer provocação ou confrontação, a polícia prendeu duas pessoas. Depois do protesto, os manifestantes ocuparam a Pinacoteca Municipal da cidade.

Em Volos, cerca de 150 pessoas marcharam pelo centro da cidade. Na cidade de Ksánzi mais de 150 pessoas saíram às ruas. Em Livadia, local de nascimento de Mario, aproximadamente 150 pessoas também foram para as ruas. Em Janiáy e Mitilíni, perto de 100 pessoas se reuniram em distintas concentrações. Na cidade de Corfu, mais de 50 pessoas participaram de um protesto. Também foram realizadas manifestações em outras cidades da Grécia.

Em todas as manifestações, além de exigir a liberdade de Mario, as pessoas protestavam contra o Estado, as agressões da polícia e o papel sujo dos meios de comunicação, especialmente com a notícia que foi exaustivamente repetida nos últimos dias, que tenta conectar os seis presos anarquistas (detidos no último sábado) como supostos membros da organização armada "Luta Revolucionária".

Manifestação em Atenas.




Fotosi Thessaloniki aqui

agência de notícias anarquistas-ana

Fina chuva inútil
fundo musical
a flauta casual

Winston

sexta-feira, 16 de abril de 2010

[Grécia] Uma resposta firme e sarcástica à polícia e aos meios de comunicação

Uma resposta firme e sarcástica à polícia e aos meios de comunicação sobre a “cruzada anti-anarquista” em Atenas

[Manólis Berajá é libertário e autor da carta abaixo, escrita com dignidade, firmeza e ironia. A mensagem foi encaminhada para a polícia e os meios de comunicação da Grécia. Berajá está entre aquelas pessoas cujas casas foram invadidas pela polícia nos últimos dias em relação a “cruzada anti-anarquista”. Um dos seis anarquistas presos é seu parente.]

A minha resposta à montagem incriminatória por parte da polícia e dos meios de comunicação:

Sou o "intelectual", o "chefe", o "cidadão da região de Magnisía", com "visitas freqüentes a Atenas e à Ilha de Icaria", que tem "um papel organizativo" nas mobilizações anarquistas... e pergunto-me: As vossas classificações terão algum fim?

Talvez seja o "perfil" que precisam montar, a cada vez que necessitam criar um "grupo terrorista”.

Quiçá falte alguma peça do quebra-cabeça que estão tentando montar, e essa peça seja eu…

• Sim, tenho 60 anos (mas no âmbito político onde atuo não existem chefes).

• Sim. Vivo na casa que revistaram no domingo, 11 de abril passado, no bairro de Kipséli (c/ Sporades nº 21), sem chegar (naturalmente) a nenhum resultado.

• Sim. Sou o pai da esposa de Kóstas Gurná (quer dizer, é o meu genro!).

• Sim. Sou o avô dos seus dois filhos gêmeos de 16 meses, e finalmente...

• Sim. Sou anti-autoritário!

Confesso que participo, desde a década de 70, nas lutas sociais, do lado dos oprimidos, contra o Estado e o capital. E, sendo o meu histórico mais longo do que vocês possam imaginar, aqui farei uma menção do meu passado mais recente:

Participava e continuo participando, de maneira ativa, na "Coordenadora Solidária com os Imigrantes", em movimentos solidários com a luta Zapatista no México, em iniciativas solidárias com os presos, na "Assembléia Solidária com Konstantina Kuneva", na "Assembléia Popular dos bairros de Petralona-Tiseo-Kukaki" e no Centro Social Ocupado Autogestionado (CSOA) Pikpa.

E para poder ajudá-los melhor ainda em suas operações, ainda lhes direi que nestes últimos dias (isto é, nos dias em que puseram em marcha as detenções e investigações espetaculares aqui mencionadas) estive junto da minha filha. Ou seja, na casa que vocês revistaram no domingo, 11 de abril passado.

Parece evidente que a vossa operação (ao estilo mais puro de Hollywood) de dissolução e detenção do grupo "Luta Revolucionária", foi à desculpa perfeita para distorcer a realidade e confundir a opinião pública. Para poder aplicar as vossas medidas anti-sociais e anti-obreiras, como, por exemplo, a entrega do país ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

É indubitável que a solidariedade massiva e popular para com os detidos-perseguidos, como "supostos membros do grupo Luta Revolucionária", é já um fato. Faço parte desse movimento solidário e aí continuarei, até a sua libertação total.

A criminalização das relações familiares, de amizades e para com todos e todas que resistem, é uma tática já conhecida, e eu estou conscientemente do outro lado da barricada.

Manólis Berajás

Atenas, terça-feira, 13 de abril de 2010.

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

pequena abelha
deixa em mim
a sua dor

Alexandre Brito

quinta-feira, 15 de abril de 2010

[Grécia] Anarquistas ocupam TV em Creta

Ontem (dia 14 de Abril) 70 anarquistas ocuparam uma estação de TV em Creta! Entretanto foi ocupado também um jornal e a sede do partido no poder (PASOK) em Heraclion.

Para hoje estão convocadas manifestações para 10 cidades!

Tudo isto são acções em solidariedade com os detidos dos últimos dias.



O vídeo tem legendas em inglês.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

[Grécia] 70 pessoas são detidas em Atenas

Nesta terça-feira (13 de abril), por volta das 22 horas, cerca de 70 pessoas foram detidas num Parque Auto-Organizado no bairro de Exarchia, sem qualquer motivo aparente. Centenas de policiais invadiram o pequeno parque - criado em março de 2009 - espancando e ferindo brutalmente dezenas de pessoas.

Após a operação policial, e enquanto as pessoas estavam detidas numa delegacia, mais de 150 pessoas marcharam de Exarchia até a delegacia aos gritos de solidariedade e contra a repressão e o estado policial. Aos poucos todos os detidos foram liberados sem nenhum cargo.

Surpreendentemente, entre os detidos estava um cão, cujo infeliz proprietário tinha levado para um passeio no parque, ambos acabaram presos. (sic)

Fotos da operação policial em Exarchia:

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153607

Fotos dos 6 anarquistas saindo do Tribunal ontem (12):

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153574

Fotos de solidários sendo espancados pela polícia na saída do Tribunal:

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153591

Fotos que revelam a farsa midiática e das autoridades gregas, que mostram “provas” policiais de um suposto tiroteio dos anarquistas presos com forças de segurança no sábado (11):

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153685

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1153449

Comunicado da Escola Politécnica de Atenas ocupada

No sábado (10 de abril), ocupamos o Politécnico conduzidos por sentimentos de uma enorme raiva e de solidariedade com os nossos companheiros. Queremos mostrar que existe uma parte da sociedade que luta, e que continuará a resistir independentemente do que vocês façam.

Compreendemos demasiadamente bem o jogo sujo da mentira e da manipulação de massas que os meios de comunicação põem em prática. Estes mentirosos do discurso e condutores da manipulação usarão com maestria as suas armas, a desinformação, a calúnia e o desvio daqueles que são os verdadeiros problemas: a bancarrota econômica e social, de modo a manterem o mundo adormecido e inativo. Ou mesmo com medo. Orwell, nem nos seus piores pesadelos poderia imaginar o modo como nos encontramos hoje em dia na ditadura televisiva.

A isto nós respondemos:

As lutas sociais não são criminalizáveis, não são reprimíveis. O Estado devia assumir a sua responsabilidade, tal como nós o fazemos.

A partir do dia de hoje, e cada dia que se seguirá, tem início um feroz ataque de contra-informação, no espaço do Politécnico em si, mas também em cada canto de Atenas. Recusamos baixar as cabeças e aceitar a avidez-de-terror iniciada pelos meios de comunicação. O “terrorismo interno” é a mentira que cega o espectador de TV médio, e que o prende a uma ridícula caça às bruxas.

Existem muitos feiticeiros e muitas bruxas que caminham encapuzados na floresta da cidade.

A ilegalidade burguesa não passará.

A partir de agora, a nossa contra-informação vai chegar aos ouvidos até do cidadão mais improvável.

Não pararemos de informar e de nos opormos sem piedade às acusações montadas contra os nossos companheiros.

Nenhum refém nas mãos do Estado!

Basta de mentiras! Eles são lutadores, não são terroristas!

agência de notícias anarquistas-ana

Possuí
tomei posse –
poções mágicas.

Jandira Mingarelli

segunda-feira, 12 de abril de 2010

[Lisboa] Dia Internacional de Acção Anti-Transgénicos

No dia 17 de Abril de 2010 a Plataforma Transgénicos Fora vai homenagear publicamente o arroz doce. Se gosta de arroz, em particular deste prato exemplar da nossa doçaria, venha ter connosco e ajude à festa! Pode aproveitar para dizer ao Ministro da Agricultura que vote contra a aprovação de arroz transgénico para Portugal e União Europeia, que está para breve. O arroz que conhecíamos está de saída - não o deixe ir embora!

Retirado de: http://stopogm.net

quarta-feira, 7 de abril de 2010

[Espanha] A recuperação de dois hinos históricos: Hijos del pueblo e A las barricadas!

Quando abordamos a história do anarcosindicalismo ibérico não podemos deixar de valorizar os símbolos que a têm representado durante estes cem anos que agora cumpre a CNT.

A bandeira vermelha e preta, Heracles com o leão de Neméia, as próprias siglas da CNT, são sem dúvida as principais representações gráficas do anarco-sindicalismo ibérico, ainda que seja bastante mais antiga do que a própria CNT.

Mas se falamos de música, são duas as canções que sempre se destacaram mais entre todas as outras que têm acompanhado a nossa história e serem consideradas hinos, "Hijos del pueblo" (Filhos do povo) e "A las barricadas!" (Às barricadas!).

"Hijos del pueblo" parece ser de 1885 e foi composta pelo tipógrafo Rafael Carratalá Ramos. A verdade é que teve um tremendo êxito nos círculos obreiros da Primeira Internacional e passou a se tornar (juntamente com a "Internacional"), como canção referência para os socialistas anti-autoritários.

"A las barricadas!", por seu lado, é uma versão de "Warszawianka" ou "Varsoviana", canção composta na prisão pelo poeta polaco Wacław Święcicki, em 1883.

Diferentes versões de "la Varsoviana" tornaram-se populares em toda a Europa, em solidariedade com o movimento obreiro polaco, que lutou duramente pelos direitos dos trabalhadores e contra a ocupação russa.

Em novembro de 1933, foi publicada a partitura no jornal "Tierra y Liberdad", em Barcelona, com letra de Valeriano Órobon Fernandez e arranjos musicais para coro de Angel Miret.

Aquela versão foi intitulada "Marcha triunfal. A las barricadas!" e pouco tempo depois ganhou em popularidade ao tradicional "Hijos del pueblo".

Ambas as músicas foram gravadas em 1936 pela Orfeão Catalão de Barcelona, sob a direção de Francesc Pujol.

No caso dos "Hijos del pueblo", com uma letra diferente da original de 1885, mais curta e voltada para o confrontação bélica.

O projecto de "restauração"

As gravações das duas canções que chegaram até nós têm um grande valor histórico, mas, infelizmente, muito baixa qualidade sonora. Apesar disso, elas ainda são usadas porque não existia nenhuma versão "restaurada".

Para marcar o centenário da CNT, foi colocado sobre a mesa uma velha idéia: a regravação de "Hijos del pueblo" e "A las barricadas!".

O primeiro passo foi tentar localizar as partituras, por isso fomos à Fundação Anselmo Lorenzo, esperando que estivessem depositadas nos seus arquivos. Infelizmente, fomos informados de que, se ainda existiam, estavam desaparecidas, provavelmente perdidas ou destruídas no fim da guerra.

Mais tarde, pusemo-nos em contato com o jornal "Tierra y Liberdad" que nos deu uma extraordinária alegria: tinham as partituras!

Enviaram-nos as partituras de "Marcha Triunfal. A las barricadas!" de 1933 e duas de "Hijos del pueblo", a versão original e a de 1936.

Comprovamos que só existia uma partitura para voz e piano, faltava a orquestração. Isso significava que tinha que se voltar a reconstruir a partitura geral completa, ou seja, as vozes de cada instrumento e do coro.

Tivemos uma reunião com os companheiros Carmen Gutierrez Aira, professora do Conservatório de Bilbao e Kepa Bermejo, membro do coro de Ensanche, onde arranjamos as partituras e gravações, e explicamos o projeto.

Compôr e gravar

Através de Carmen Gutiérrez Aira, no início de abril, o compositor Juan Manuel Yanke começou a trabalhar com os limitados materiais que lhe fornecemos.

O trabalho de Juan Manuel Yanke foi sem dúvida o mais importante na concretização deste projeto. Foram incontáveis as horas de esforço pessoal de maneira completamente desinteressada para dar voz a cada um dos instrumentos.

No caso dos "Hijos del pueblo" foi inspirado na gravação de 1936, com uma longa introdução musical à qual acrescentou o seu toque pessoal sinfônico antes da contundente entrada do coro, cantando a letra original de 1889.

A sua versão de "A las barricadas!" surpreenderá sem dúvida pelas suas diferenças em relação à gravação de 1936. Juan Manuel Yanke faz na introdução toques especiais às versões em alemão e russa de "La Vvrsoviana" com a entrada do coro suave e escalonada. Após uma pausa, todas as vozes se incorporam em pleno vigor.

Há algumas reviravoltas melódica e rítmica diferentes da versão gravada em 1936 e tem a sua explicação: a partitura em que ele se inspirou é anterior à que utilizou o Orfeão Catalão, pelo que podemos considerar que temos recuperada a versão original.

Temos de agradecer o trabalho árduo dos companheiros José Martin Alvarez, editando a partitura e partes separadas, fazendo correções e participando como músico na orquestra. Carmen Gutierrez, concertista na frente da orquestra, coordenadora e produtora musical. Luis Gamarra, dirigindo o coro e a orquestra dos primeiros ensaios. Mario Clavell Larrinaga, que além de tocar flauta, ajudou em todos os assuntos relacionados com as necessidades da gravação. E todo o coro, que tem atuado, literalmente, "por amor à arte".

Além disso, Juan Manuel Yanke teve a generosidade suficiente para ceder desinteressadamente à CNT os direitos sobre as composições.

Após vários meses de trabalho árduo, compondo, escrevendo, organizando, reunindo músicos e cantores de diferentes corais... depois de largas horas de testes e correções, em 14 de novembro de 2009 teve lugar a gravação final no Conservatório "Juan Crisostomo de Arriaga" de Bilbao.

Duas versões de cada canção, coral e instrumental, coro misto com 23 pessoas, diretor e equipe de gravação.

O resultado será editado em breve em CD, com uma faixa de vídeo com o "Making of" realizado pelo companheiro Victor Gonzalez Rubio, diretor de cinema.

Em conclusão, é de notar que, no caso de "A las barricadas!" é a primeira gravação com orquestra e coro desde 1936.

A recuperação dos "Hijos del pueblo" é ainda mais emocionante porque nunca havia sido gravada, nestas condições, com a letra original.

Um lindo acto de memória histórica que não se desvanecerá.

"A las barricadas" - 2010


"Hijos del pueblo" - 2010

Tradução > Liberdade à Solta

[Itália] Declaração ao tribunal lida por um dos anti-racistas anarquistas de Turim detidos a 23 de Fevereiro de 2010

9 de Março de 2010

A maioria dos acusados neste julgamento são anarquistas, e acusar anarquistas de “instigação à prática de um crime” é uma tarefa bastante fácil, tanto como atirar sobre a Cruz Vermelha.

Levando consigo um sentido de justiça e liberdade que nada tem a ver com a lei, cada anarquista faz da sua vida um contínuo convite a lutar contra a injustiça, e portanto a violar as leis que produzem essa injustiça: a vida de cada anarquista é uma longa e reiterada “instigação à prática de um crime”.

Aguardando com esperança por um qualquer passo legal que declare finalmente que os anarquistas pelo simples facto de serem anarquistas são criminosos, aqueles que hoje nos acusam são compelidos a provar que alguém, do lado de fora, levou os presos nos centros de detenção de migrantes por toda a Itália a revoltarem-se semana após semana durante os últimos dois anos, causando milhares de euros de danos e perturbando o mecanismo de expulsão. E essas mesmas pessoas têm de descobrir uma prova qualquer que seja de que este “instigador” está hoje sentado no banco dos acusados.

Esta prova não se consegue encontrar em nenhum dos mandatos de detenção que nos foram emitidos. E não se consegue encontrar porque nunca houve qualquer “instigação”, e não foi necessário nem teria sido correcto que essa instigação ocorresse. Antes de mais, porque as pessoas não precisam de apelos nem de frases incendiárias para se revoltarem. Pelo contrário, é a injustiça que origina conflitos, que por sua vez podem conduzir a revoltas.

E aqui está a injustiça, uma injustiça que é bastante evidente. Querem que pessoas que arriscaram tudo o que tinham para conseguirem chegar às nossas cidades sejam atiradas fora, de bico calado. Ou que pessoas exploradas durante anos em campos, terrenos de cultivo ou cozinhas de restaurantes finos se deixem atirar fora. Ou que aqueles que aqui chegaram ainda crianças e não têm ninguém à sua espera nos países de origem se deixem também ser deportados. E como se tudo isto não bastasse para gerar conflito, no interior dos centros de detenção pessoas sem documentos são privadas de tudo, reduzidas a um mero corpo deixado para morrer por falta de tratamento médico ou por desespero, um corpo para ser espancado ou abusado sexualmente – especialmente quando são mulheres que estão envolvidas.

Se tudo isto é verdade – e descobrirão que o é nas próprias páginas deste mesmo julgamento –, o conflito nos centros de detenção de migrantes é não só natural como é o único instrumento através do qual os migrantes presos conseguem reafirmar o seu ser humano, um facto que de outra forma lhes é negado.

Por esta razão, os migrantes não precisaram de esperar por nós nem por ninguém que começasse a lutar e a tentar escalar ou destruir aqueles muros. E não pararam de o fazer agora, para embaraço de quem nos prendeu na esperança ridícula de levar paz aonde nunca poderá existir paz. Nunca houve a necessidade de uma “instigação” externa porque os métodos e modos da luta têm de ser autónomos, têm de reflectir as experiências e conflitos daqueles que estão fechados à chave, têm de descobrir os seus próprios tempos e expressões. Não teria sido correcto dizer: “agora façam greve de fome” ou “amanhã queimem alguns colchões” – como o procurador está estupidamente a defender.

Pelo contrário, aquilo que sempre dissémos foi: “estamos aqui”. Por outras palavras, oferecemos os nossos meios de informação e rede de contactos, encorajámos relações entre os vários centros de detenção em luta, chegámo-nos à frente para amplificar as vozes dos presos o melhor que conseguissemos, promovemos as nossas iniciativas juntamente com as que tomavam lugar nos centros de detenção. Tudo isto pode certamente afectar o curso das coisas, mas chamá-lo de “instigação à prática de um crime” são tretas típicas da polícia Italiana, além de que é também quase uma ofensa para nós.

Para dizer toda a verdade, mesmo que vos soe estranho, foram os presos que nos “instigaram” ao longo destes meses, e fizeram-no de maneira bastante simples: revelando as suas histórias para que nós as pudéssemos contar, organizando-se em segredo para que fotografias de espancamentos e vídeos de cargas da polícia se tornassem conhecidas cá fora, ensinando-nos que é possível subir a um telhado e gritar “liberdade!” mesmo que se saiba que a resposta vai ser um brutal espancamento. As aterradoras imagens de soldados a carregarem dentro das jaulas do centro de detenção de migrantes de Gradisca são imagens que nos forçam a fazer algo porque põem a nossa consciência entre a espada e a parede.

Assim sendo, o verdadeiro problema desta cidade não é “quem instiga quem”; o problema são aqueles que não se deixam ser instigados, aqueles que vêem e continuam como se não tivessem visto nada.
Mas isso é outra história.

Retirado de: Indymedia PT

domingo, 4 de abril de 2010

Taxa de suicídios é 15 vezes mais alta na prisão

Detido há sete meses no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL), L. tinha recebido uma única visita, de um irmão. De nacionalidade francesa, o jovem de cerca de 30 anos estava afastado da família e fechado num círculo de solidão. Sábado foi encontrado morto na cela. É mais um caso nas estatísticas dos suicídios nas cadeias portuguesas, que apresentam uma taxa de frequência 15 vezes superior à da população em geral.

O número de casos duplicou no ano passado. Até Novembro tinha havido 16 suicídios, quando em todo o ano de 2008 houve apenas sete. Os dados finais não constam do Relatório Nacional de Segurança Interna - apesar de haver um capítulo dedicado aos serviços prisionais. O Ministério da Justiça e a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais também não forneceram estatísticas actualizadas, apesar de durante três dias terem prometido responder às questões do i.

À semelhança do que acontece na maioria das situações, L. suicidou-se por enforcamento. "Não houve qualquer falha de segurança. Quando um detido quer suicidar-se, qualquer objecto serve, como um lençol", sublinha fonte do Estabelecimento Prisional de Lisboa. As regras de segurança obrigam a recolher cintos e outras peças perigosas, mas as revistas a reclusos e familiares não impedem que objectos proibidos entrem constantemente nos estabelecimentos. Basta olhar para as apreensões feitas em 2009: 5,8 quilos de haxixe, 73 armas brancas artesanais, 40 seringas e 70 agulhas.

A prevenção, num ambiente complexo como é o prisional, é difícil e cara, reconhece António Pedro Dores, da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (ACED). Os problemas de saúde mental têm "elevada prevalência" nas cadeias e o acompanhamento próximo de casos de risco "exige muitos recursos" e formação do pessoal. Além de que a prioridade número um é a segurança: "A pressão política e social é essa."

Em Novembro do ano passado, perante o aumento de casos de suicídio e a alarmante concentração de sete numa única prisão, a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais anunciou o lançamento de um projecto de prevenção em Custóias (Porto). Cinco meses depois, o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional queixa-se que pouco foi feito. "Tirando uma reunião, uma espécie de palestra em Custóias, que eu tenha conhecimento não houve evolução nenhuma", afirma o dirigente Jorge Alves.

Dívidas e gangues O tráfico de droga é apontado como uma das principais razões do suicídio nas cadeias. Dívidas e medo de represálias, assim como lutas entre gangues, deixam por vezes reclusos encurralados. A ACED recebe com frequência cartas e denúncias de familiares, mas António Dores lamenta que os pedidos de ajuda cheguem quase sempre "demasiado tarde".

Nem sempre é preciso procurar causas externas às circunstâncias de isolamento, que propiciam depressões e falta de auto-estima. "Os problemas mentais são antigos nas prisões portuguesas, mas nenhuma reforma foi feita", critica o dirigente associativo. Além do avultado investimento necessário, António Dores considera que também em termos sociais o problema não é considerado relevante. "Sendo a prisão uma punição, as pessoas parecem encarar o suicídio como um risco normal."

Uma fonte próxima do recluso francês critica a falta de actividades e o grande isolamento a que estava sujeito, alegando que foi impedido de receber visitas de familiares não directos. Jorge Alves, presidente do sindicato, afirma que o jovem não tinha restrições de visitas. "Estava impedido apenas pela circunstância de estar longe da família."

Um em cada cinco presos não tem nacionalidade portuguesa. A 31 de Dezembro estavam no sistema 2263 estrangeiros, dos quais 39 franceses. Sempre que há um suicídio é instaurado um processo de inquérito, conduzido pelo Serviço de Auditoria e Inspecção. Pode também ser necessária investigação criminal, se houver indícios de homicídio. Em 2006, dois casos inicialmente tidos como suicídios, no Linhó, acabaram por revelar-se crimes por estrangulamento. A Polícia Judiciária identificou o suspeito, que cumpria pena por homicídio.

in Jornal I

Em Abril no Terra de Ninguém

10.04 (sábado)- Passagem de um video sobre o assalto ao banco nacional da grécia a 16/01/06 às 18h seguido de Jantar Very tipical benefit para os anarquistas Christos e Bonanno às 20h

16.04 (sexta-feira)- Ciclo de cinema Zombie " Night of the living dead" às 20h

17.04 (sábado)- Jantar Tiramissu benefit para o terra de ninguém às 20h

30.04 (sexta-feira)- Ciclo de cinema Zombie "Dawn of the dead" às 20h

sexta-feira, 2 de abril de 2010

[Portugal] Motim na prisão de Coimbra

"No Estabelecimento Prisional de Coimbra vive-se um motim desde as 10:00. Os reclusos protestam pela qualidade da alimentação e alegada falta de cuidados médicos, disse uma fonte à Lusa. À TVI, outra fonte refere um motivo diferente para a revolta: o facto de um dos presos com autorização para uma saída precária nesta Páscoa ter sido impedido em cima da hora de a gozar. Situação está sob controlo, garante Ministério da Justiça.

Segundo avançam a TVI e o Diário IOL, desde a manhã que os guardas estão com problemas para controlar os presos e espera-se pela chegada da polícia de intervenção. Já há registo de guardas apedrejados. À porta da prisão estão três dezenas de familiares de reclusos que, devido ao motim, não podem fazer visitas.

À Lusa, fontes prisionais disseram que os reclusos recusaram entrar nas celas após o almoço em protesto pela qualidade da alimentação e alegada falta de cuidados médicos.
Fonte do Ministério da Justiça confirmou à agência Lusa que "alguns indivíduos recusaram-se a entrar nas celas depois do almoço, mas a situação está sob controlo".

Fonte prisional disse à Lusa que uma equipa do corpo de intervenção dos Serviços Prisionais, composta por 18 elementos, saiu de Lisboa em direcção ao Estabelecimento Prisional de Coimbra, o que não foi confirmado pela fonte oficial do Ministério da Justiça.

Uma outra fonte prisional explicou que os reclusos protestam contra a falta de qualidade da alimentação e dos cuidados médicos que são prestados no Estabelecimento Prisional de Coimbra.
O caso já foi objecto de uma exposição à Provedoria de Justiça no passado, mas a situação não foi até agora alterada, acrescentou a mesma fonte."

in Diário de Notícias, http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1534748&seccao=Centro

EDIT: Segundo se pode ler na actualização desta notícia já terminou o motim com o saldo de pelo menos um ferido. De qualquer modo não há muitos pormenores.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

[Argentina] Barricada e ataque contra igreja em Buenos Aires

Comunicado:

Ontem (24 de março), antes da celebração de mais um aniversário do último golpe militar, enquanto a Praça de Maio ficava lotada pelas Mães, agora aliadas do governo, em conluio com vários setores peronistas - e a esquerda preparava a habitual procissão no Congresso - um grupo de companheiros e companheiras anarquistas decidiu fugir da lógica de rebanho e de lugares comuns para mostrar um suposto descontentamento e deixar claro que, tanto em democracia como em ditadura, o inimigo a destruir é a dominação, entre a mesma espécie e da espécie sobre a natureza.

Assim que soaram às três e meia da tarde, atacamos a igreja situada entre Callao e Tucuman, em pleno centro de Buenos Aires, com bombas de tinta, pedras e instalação de barricadas com pneus em chamas e outras coisas encontradas por ali.

No local ficou pendurada uma faixa com a inscrição bem visível: "Nem Ditadura, Nem Democracia, Viva a Anarquia!"

Tudo isto durou menos de 10 minutos. Quando a polícia chegou, e para surpresa daqueles idiotas, o/as companheiros/as já tinham se dispersado sem qualquer problema, felizes por manter viva a chama de tantos combatentes que fizeram da subversão a sua práxis diária.

Não queremos perder esta oportunidade para saudar todos/as o/as companheiros/as, prisioneiro/as em diferentes regiões do mundo, aqui ao Diego, à Galle, ao Leandro, e a tantos outro/as mais… ao Freddy Fuentevilla e ao Marcelo Villarroel, agora seqüestrados pelo Estado chileno, a todos/as presos/as em guerra e aos que, dia a dia, nas ruas fazem pagar caro ao inimigo com todos os meios ao seu alcance.

Em vingança por Mabel Guerra, assassinada por um prefeito na Villa 31, por Luciano Arruga, desaparecido após ser preso e torturado na delegacia de polícia em Lomas del Mirador, por Luciano Gonzales, desaparecido após a repressão em Corcovado, em memória do companheiro Lambros Fountas, morto em combate com a polícia grega, pelo companheiro Mauricio Morales e ao companheiro Diego Rios, em fuga insurgente, ludibriando as autoridades chilenas.

Solidariedade com os presos em greve de fome na unidade de La Plata!

Pela destruição do Estado, dos seus defensores e dos seus falsos críticos!

Contra a democracia, contra a ditadura, pela anarquia, pela liberdade!

Importante: Não escolhemos a igreja como alvo para ser atacar pelo simples fato do “apoio ao golpe militar", mas porque é mais uma entidade a destruir, uma entidade que transcende as formas de governo que existem num determinado momento.

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

um gato no telhado
para os pardais novos
que alvoroço!

Rogério Martins